Nesta segunda-feira, 20 de outubro, o Banco Central da Argentina (BCRA) e o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciaram a formalização de um significativo acordo de swap cambial de US$ 20 bilhões. A comunicação, emitida pelo BCRA, ocorre apenas seis dias antes de uma crucial eleição parlamentar no país sul-americano, adicionando uma camada de complexidade ao cenário político-econômico.
O comunicado oficial do Banco Central argentino destacou que este convênio delineia os termos e condições para futuras operações bilaterais de swap de moeda estrangeira entre as duas instituições. Tal medida, conforme o banco, visa fortalecer substancialmente sua capacidade de resposta frente a episódios de volatilidade que possam emergir nos mercados de câmbio e de capitais, um ponto sensível para a economia argentina. Para uma melhor compreensão, as operações de swap cambial são instrumentos financeiros usados por bancos centrais para gerenciar suas reservas internacionais e influenciar a liquidez do mercado de câmbio.
BC Argentina e EUA selam acordo de swap de US$ 20 bilhões
O ministro da Economia argentino, Luis Caputo, havia antecipado, na semana anterior, a expectativa de que a estrutura deste pacto fosse finalizada antes do pleito de meio de mandato. Neste dia 26 de outubro, o partido do atual presidente, Javier Milei, almeja expandir sua atualmente minoritária presença no Congresso, buscando maior poder legislativo para impulsionar suas reformas.
Javier Milei chegou à presidência com uma plataforma de campanha centrada na resolução dos profundos problemas econômicos da Argentina através de um rigoroso programa de austeridade e uma drástica redução do Estado. Contudo, nos últimos tempos, sua administração enfrentou uma série de reveses políticos diante de uma oposição parlamentar mais inclinada às questões sociais.
A tensão pré-eleitoral foi acentuada por declarações do presidente norte-americano, Donald Trump, que afirmou na semana anterior que os Estados Unidos não “perderiam tempo” com a Argentina caso o partido de Milei fosse derrotado nas urnas. Essas afirmações provocaram um breve impacto nos mercados locais. Posteriormente, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, retrocedeu nessas declarações, buscando tranquilizar os investidores e o cenário político.
Scott Bessent deixou claro que o apoio financeiro dos EUA à Argentina prosseguirá enquanto o governo Milei mantiver “boas políticas”, independente do resultado das eleições parlamentares. Adicionalmente, o secretário anunciou diversas compras de pesos argentinos, sinalizando um engajamento ativo para estabilizar a moeda.

Imagem: www1.folha.uol.com.br
Peso argentino segue em queda apesar de intervenções norte-americanas
Apesar da série de iniciativas dos Estados Unidos, o peso argentino registrou uma acentuada desvalorização, caindo abaixo dos patamares anteriores ao anúncio de suporte financeiro por parte do Tesouro dos EUA no início deste mês. Essa depreciação é um claro indicativo de que o auxílio monetário provido pelo governo Trump não tem sido suficiente para frear a queda da moeda nacional.
No começo das negociações daquela segunda-feira (20), o peso sofreu uma queda de quase 1%, atingindo a marca de 1.476 em relação ao dólar. Esse patamar representou uma nova mínima histórica intradiária para a divisa argentina, antes que conseguisse reduzir parte de suas perdas ao longo do dia. O valor negociado está perigosamente próximo do limite inferior da banda cambial adotada pelo país em abril, elevando preocupações sobre a eficácia das políticas econômicas.
A persistente desvalorização do peso argentino se deu mesmo após a realização de três compras da moeda pelo Tesouro dos EUA, efetuadas desde o dia 9 de outubro. Economistas argentinos estimam que essas intervenções somaram aproximadamente US$ 400 milhões, embora nenhum dos governos tenha confirmado o valor exato. Este cenário se contrapõe ao mais recente acordo de swap cambial de US$ 20 bilhões anunciado nesta mesma segunda-feira (20), ilustrando os desafios enfrentados pelo país sul-americano na contenção de sua crise cambial e na estabilização de seus mercados.
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O novo acordo de swap entre o Banco Central da Argentina e o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos emerge como um fator determinante em um contexto de intensa pressão eleitoral e desvalorização cambial. Acompanhe no HoradeComecar.com.br as análises e desdobramentos sobre este e outros importantes movimentos na economia global e da América Latina, mantendo-se sempre informado sobre o cenário financeiro e político que impacta a região.
Crédito da imagem: Kevin Lamarque – 14.jan.25/Reuters


