Aumento Preço Café EUA: Nova-Iorquinos Sentem Impacto. A metrópole vibrante de Nova York, onde o café é uma paixão diária, observa com preocupação a escalada dos preços da bebida essencial. Desde as tradicionais cafeterias até os ágeis carrinhos de rua, milhões de xícaras são comercializadas diariamente, mas o custo para os amantes do café está se tornando um fardo significativo. Os consumidores sentem o peso dessa alta, que abrange desde um simples espresso até um elaborado latte de abóbora, em um cenário econômico desafiador.
A elevação dos valores se reflete em um aumento de 21% no preço do grão de café nos Estados Unidos, o principal mercado consumidor mundial, quando comparamos agosto de 2024 com o mesmo período em 2025. Esse acréscimo é multifatorial, decorrente de crises climáticas que impulsionaram os custos do café arábica a um patamar recorde em fevereiro de 2025, além dos elevados encargos de transporte e das tarifas de 50% impostas pelo presidente Donald Trump a diversos produtos brasileiros desde 6 de agosto. Essa combinação de fatores cria um cenário complexo para o mercado de café.
Aumento Preço Café EUA: Nova-Iorquinos Sentem Impacto
A dependência norte-americana do café brasileiro é notável, com o Brasil fornecendo 30% dos grãos não torrados consumidos no país. A substituição dessas importações por outras fontes não é um processo simples, segundo apontam especialistas da indústria. Proprietários de pequenas empresas e agricultores enfrentam um impacto substancial em suas operações, conforme detalhado por Jeremy Lyman, cofundador da rede Birch Coffee, uma renomada cadeia de cafeterias com sede em Nova York.
O Agravamento do Cenário Econômico e Climático
As crises climáticas globais têm desempenhado um papel crucial na recente valorização do café arábica. Os fenômenos meteorológicos extremos afetam diretamente a produção nos principais países cafeicultores, gerando instabilidade e escassez. Em fevereiro de 2025, o preço do arábica atingiu um patamar recorde, sinalizando as dificuldades enfrentadas no setor agrícola. Soma-se a isso a questão dos custos logísticos, com o transporte de commodities globalmente encarecido, o que contribui diretamente para o aumento final repassado ao consumidor.
Adicionalmente, as políticas comerciais exercem influência direta. Desde 6 de agosto, a imposição de tarifas de 50% pelo governo Trump sobre diversos produtos originários do Brasil impacta significativamente o custo da matéria-prima. Esta medida adiciona uma camada de complexidade para os importadores americanos, que se veem obrigados a reajustar seus preços ou buscar alternativas mais onerosas. A dinâmica do mercado global de café é sensível a essas variáveis, e qualquer alteração substancial repercute em toda a cadeia produtiva.
Desafios para Cafeterias e o Mercado Fornecedor
Jeremy Lyman, que estabeleceu a Birch Coffee em 2009 e atualmente opera 14 estabelecimentos na cidade de Nova York, relata as dificuldades. A empresa, que torra seu próprio café no Queens desde 2015, testemunhou um aumento de aproximadamente 55% no preço do café no mercado em relação ao ano anterior. Lyman classifica a produção brasileira como “impagável”, levando a Birch Coffee a procurar grãos em outras regiões. Segundo ele, seu importador “suspendeu os pedidos”, a menos que haja uma solicitação explícita.
Os dados corroboram a mudança no fluxo comercial. O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) informou uma queda de quase 53% nos embarques para os Estados Unidos em setembro, em comparação com o ano anterior. Como resultado, importadores americanos estão voltando suas atenções para fornecedores como México, Peru e Etiópia. Essa realocação das fontes de suprimento evidencia a procura por mercados que não foram tão afetados pelas recentes tarifas e instabilidades.
O impacto dos custos em escala global não se restringe apenas aos exportadores e importadores, reverberando em todo o complexo de commodities. Entender essas flutuações é fundamental para analistas e empresas que operam em mercados voláteis, como o café. Para aprofundar a compreensão sobre os movimentos globais de commodities e suas influências econômicas, informações detalhadas podem ser encontradas em portais de notícias especializados, como na seção de mercados de commodities da Reuters.
Repercussões Diretas para o Consumidor
Apesar de reconhecer a inevitabilidade dos aumentos de preços para seus clientes, a Birch Coffee precisou agir. Houve um acréscimo de 50 centavos de dólar (equivalente a 2,7 reais na cotação atual) nas xícaras vendidas nas lojas físicas e um ajuste de 2 a 3 dólares (entre 10 e 16 reais) por saca de café torrado comercializada online. Lyman destaca que estes são incrementos graduais, calculados para oferecer tempo à empresa para reavaliar suas estratégias de abastecimento, tendo inclusive alertado os clientes com semanas de antecedência.

Imagem: g1.globo.com
Algumas cafeterias têm adotado táticas ainda mais flexíveis, incorporando uma taxa extra ajustável ao preço base de cada xícara. Essa taxa varia conforme o nível das tarifas implementadas diariamente pela administração Trump. Contudo, Lyman adverte sobre os riscos dessa abordagem, frisando que a aceitação dos clientes tem limites e o verdadeiro perigo reside na perda de clientela fiel. Os consumidores, como Jason Nickel, de 45 anos, já demonstram maior cautela. Nickel, que busca sua dose diária de cafeína, agora é mais seletivo em seus gastos, limitando-se a um máximo de seis dólares (aproximadamente 32 reais) por um expresso com um toque de leite espumado, já incluindo a gorjeta.
Anna Simonovsky, de 32 anos, também ajustou seus hábitos de consumo. Seu limite para um latte, bebida cremosa e espumosa, elevou-se de sete para dez dólares (cerca de 54 reais), e ela agora reserva o consumo de café para ocasiões especiais, como visitas a amigos. Esses exemplos refletem uma tendência crescente de consumidores revisando seus padrões de gastos diante da escalada dos preços da bebida tão apreciada.
Medidas e Reações Governamentais
Em um desenvolvimento mais recente, o presidente Donald Trump anunciou a possibilidade de auxílio a uma parte significativa da população americana – dois terços que consomem café diariamente. A bebida foi incluída em uma lista de produtos, que também abrange chá e cacau, que não são cultivados em quantidade suficiente pelos agricultores dos Estados Unidos. Essa inclusão pode eventualmente resultar na isenção de tarifas para esses itens, aliviando a pressão sobre os preços.
Além disso, em um raro momento de bipartidarismo no congresso, democratas e republicanos uniram forças para patrocinar conjuntamente um projeto de lei. Esta iniciativa visa proteger especificamente os produtos de café, demonstrando a relevância do setor para a economia e o dia a dia dos cidadãos americanos, independentemente das afiliações políticas.
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Em resumo, o aumento do preço do café nos EUA é um reflexo complexo de fatores globais e políticos, afetando desde a cadeia de suprimentos até o consumidor final nas agitadas ruas de Nova York. A busca por alternativas, os desafios para as empresas e as medidas governamentais são indicativos de um mercado em constante adaptação. Para ficar por dentro das últimas notícias sobre a economia e os mercados, continue explorando a editoria de Economia em nosso portal Hora de Começar.
Crédito da imagem: Chevanon Photography/Pexels


