O Ato na USP: Apoio à FFLCH após Oito Invasões é Reforçado mobilizou estudantes, docentes e figuras políticas na FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) da Universidade de São Paulo (USP) na quinta-feira, 2 de outubro. O encontro visava manifestar união e solidariedade à unidade acadêmica, que, somente neste ano, foi alvo de oito episódios de invasão, perpetrados por membros do grupo autodenominado União Conservadora e pelo vereador Lucas Pavanato (PL).
A série de incidentes motivou a convocação de uma “demonstração de união” pela diretoria da faculdade, conforme explicitado por seu diretor, Adrián Fanjul. O evento, que começou pontualmente às 17h, transformou o tradicional vão de geografia e história em um epicentro de discursos e expressões de apoio. A atmosfera no local era de reafirmação dos valores institucionais da FFLCH, marcada pela presença massiva de diferentes segmentos da comunidade acadêmica e aliados externos, todos comprometidos com a integridade e a liberdade de pensamento na instituição.
Ato na USP: Apoio à FFLCH após Oito Invasões é Reforçado
Durante a manifestação, diversos nomes de peso tiveram a oportunidade de se manifestar. A professora emérita Marilena Chauí, figura intelectual respeitada, proferiu um dos discursos mais ovacionados da tarde. Citando uma teoria do filósofo francês Michel de Montaigne, Chauí apresentou uma perspectiva de que a crueldade muitas vezes se origina na ausência de coragem, aplicando essa análise à situação dos responsáveis pelas invasões. Ela pontuou que os agressores “nos atacam porque têm medo, porque são fracos. Temem o pensamento produzido aqui”, evidenciando uma interpretação do conflito como uma tentativa de silenciar a produção intelectual e crítica da faculdade.
A atual vice-reitora da Universidade de São Paulo, Maria Arminda do Nascimento Arruda, também expressou sua profunda preocupação com os reiterados ataques à FFLCH. Como professora titular do departamento de sociologia, ela fez questão de reafirmar a resiliência da unidade, expressando sua convicção de que “nada abalará a excelência” do espaço acadêmico e da pesquisa que ali se desenvolve. As declarações de Marilena Chauí e Maria Arminda Arruda reforçaram o compromisso da USP com a defesa da autonomia universitária e com o papel crítico das ciências humanas na sociedade.
Diante do cenário de sucessivas violações, especialmente após o último incidente registrado em 5 de setembro, a reitoria da universidade, sob a gestão de Gilberto Carlotti Júnior, agiu. Foram implementadas medidas de reforço na segurança da FFLCH e formalizada uma comunicação com a Secretaria de Segurança Pública do estado. Essas ações visam coibir novas invasões e garantir um ambiente de estudo e trabalho seguro para toda a comunidade. O envolvimento das autoridades estaduais sublinha a seriedade dos incidentes e a necessidade de uma resposta coordenada para proteger o patrimônio e as pessoas dentro da instituição.
O vereador Eliseu Gabriel (PSB), representando o campo da esquerda no legislativo municipal, esteve presente e criticou veementemente as condutas de Lucas Pavanato em relação à USP, declarando que as atitudes do colega vereador “envergonham a Câmara”. Lucas Pavanato, por sua vez, havia declarado à Folha em 20 de setembro que ele próprio foi agredido em suas tentativas de “propor um debate” na FFLCH, descrevendo a unidade como “tomada por arruaceiros que desperdiçam dinheiro público ao tomar espaço de quem realmente quer estudar”. A equipe de reportagem não obteve sucesso ao tentar contatar o vereador no dia do ato. A União Conservadora, grupo envolvido nas invasões, afirmou que seu objetivo ao ir à instituição era coletar assinaturas para um projeto de lei que propõe exame toxicológico obrigatório para graduandos.

Imagem: www1.folha.uol.com.br
O foco inicial do evento, inteiramente voltado para a defesa da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, sofreu um adendo significativo durante a tarde. A notícia da interceptação, por parte de Israel, de uma flotilha em direção à Gaza – um incidente que envolveu mais de uma dezena de cidadãos brasileiros – adicionou uma nova camada de protesto. Entre os integrantes da flotilha, encontrava-se Bruno Sperb Rocha, funcionário da FFLCH, que havia se licenciado especificamente para participar dessa missão humanitária. Essa revelação expandiu a pauta, conectando a defesa da autonomia universitária com questões de solidariedade internacional e direitos humanos.
A direção da FFLCH emitiu uma nota oficial repudiando veementemente a detenção do grupo e expressando profunda preocupação com a situação de seu colaborador. O comunicado exige “o respeito à integridade de todas as pessoas que participam da louvável missão humanitária da Flotilha, sua imediata libertação e devolução em segurança”, reforçando o posicionamento institucional em face de temas sensíveis e de impacto global. Os protestos adicionais sublinharam a interconexão de diferentes pautas e a capacidade da comunidade acadêmica em engajar-se em questões que transcendem os muros da universidade.
Confira também: crédito imobiliário
A mobilização de estudantes, professores e políticos na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas demonstra o comprometimento da comunidade com a proteção de sua integridade acadêmica e liberdade de expressão, reafirmando a importância da Universidade de São Paulo (USP) como polo de pensamento crítico no Brasil. Para acompanhar mais desdobramentos sobre eventos universitários, questões de segurança pública e outras coberturas sobre política brasileira, continue explorando as notícias e análises de nossa editoria aqui.
Crédito da imagem: Bruno Santos/Folhapress
🔗 Links Úteis
Recursos externos recomendados