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Vale Tudo 2025: Análise do Final da Novela Gerando Risos

O final da novela Vale Tudo, em sua aguardada versão de 2025, encerrou as cortinas do palco televisivo de uma maneira que, segundo a crítica especializada, pendeu mais para o riso do que para uma profunda reflexão. Contudo, é um cenário natural, visto que as telenovelas sempre atuaram como um espelho de sua época, incorporando […]

O final da novela Vale Tudo, em sua aguardada versão de 2025, encerrou as cortinas do palco televisivo de uma maneira que, segundo a crítica especializada, pendeu mais para o riso do que para uma profunda reflexão. Contudo, é um cenário natural, visto que as telenovelas sempre atuaram como um espelho de sua época, incorporando as particularidades iconográficas, ideológicas, legais e psicológicas de cada período.

Dessa forma, o ano de 2025, com suas dinâmicas contemporâneas, acabou por transformar o clássico de 1988 em algo próximo a uma caricatura. Aspectos que na trama original eram sugestivos, deixando margem para a interpretação do telespectador, foram metamorfoseados em “memes” prontos para consumo. Soma-se a isso as tendências atuais de compulsão, hipocrisia e um certo bom-mocismo, elementos marcantes da sociedade hodierna.

Vale Tudo 2025: Análise do Final da Novela Gerando Risos

A percepção e a representação de alguns dos icônicos personagens também sofreram significativas alterações no contexto desta nova adaptação. A enigmática Heleninha Roitman, interpretada por Paolla Oliveira, perdeu sua função de alívio cômico, ganhando uma dimensão mais trágica e didática. Em contrapartida, a intrínseca psicopatia de Maria de Fátima, na atuação de Bella Campos, foi ressignificada, tornando-se uma figura cômica, uma influencer enlouquecida com seus seguidores denominados “fatimores”, um traço muito distinto do “bovarismo interiorano” que caracterizava a versão original da personagem.

A derrocada de Marco Aurélio, vivido por Alexandre Nero, divergiu do destino anterior: em vez de uma fuga para o exterior após a distribuição de bananas, ele viu seus planos frustrados. Sua insolência não voou longe, sendo contido pelas autoridades federais e submetido ao uso de uma tornozeleira eletrônica. Seu declínio inesperado veio por intermédio de Consuelo (Belize Pombal), que, nos capítulos finais, ascendeu de secretária a uma posição de alta executiva, demonstrando um fenômeno de mobilidade social. Freitas (Luís Lobianco), seu capacho e cúmplice que foi preso na primeira versão da trama, nesta adaptação, encontrou um desfecho mais benevolente, tornando-se livre e milionário. Esse caminho alternativo se apresentou quase como uma “fanfic” ou fantasia de redenção para os antes oprimidos.

Entre as diversas e complexas escolhas narrativas, a autora Manuela Dias conseguiu um acerto notável em um ponto que era menos esperado. A figura de Odete Roitman, encarnada por Debora Bloch, consolidou-se em uma complexa fusão entre uma feminista libertária e uma vilã clássica do cinema europeu dos anos 1970. Sua permanência em uma suíte luxuosa no Copacabana Palace, a maneira como se referia ao filho Leonardo como “isso”, e os mimos dispensados a gigolôs de ocasião, remetem a soluções que certamente agradariam Jesús Franco, renomado diretor e roteirista espanhol conhecido por seus filmes de gênero exploitation. Seguindo essa linha, a dupla formada por César e Olavo incorporou elementos de pornochanchada, utilizando o sexo não apenas como arma, mas como base para intrigas e planos que fariam jus aos enredos clássicos de personagens interpretados por ícones como Carlo Mossy e David Cardoso. Esses pontos específicos reforçam a abordagem do **final da novela Vale Tudo** de 2025, buscando novas lentes de leitura e interpretação da trama original.

A aparição misteriosa e triunfante de Odete “revivida” em cena soou mais alinhada à leveza humorística frequentemente associada ao horário das sete. Isso porque, na visão desta análise, os tempos são de fato outros. A intensa articulação sociológica de um país em ruínas e a percepção fatalista de um Brasil constantemente “péssimo” cederam espaço a um folhetim mais convencional, onde a farsa é não apenas possível, mas ativamente desejada pelo público.

No vigésimo oitavo capítulo da novela, um resquício de uma intelectualização simplória ainda era percebido, quando a personagem Solange (Alice Wegmann) tentava explicar que “Odete é uma empresária classista de direita”. No entanto, essa insistência em “mastigar” conceitos complexos parece ter sido uma estratégia pouco eficaz. A complexa figura de Odete Roitman é, de fato, politicamente polimorfa, capaz de se adaptar a qualquer governo ou regime. Ela emerge como um símbolo do paradigma cabralino, uma herança que remonta à chegada das caravelas ao Brasil, transcendendo ideologias fixas e representações simplistas. Para mais contexto sobre a relevância das produções teledramatúrgicas, você pode consultar o Gshow da Rede Globo.

Vale Tudo 2025: Análise do Final da Novela Gerando Risos - Imagem do artigo original

Imagem: www1.folha.uol.com.br

Além disso, “Vale Tudo 25” serviu como um indicativo do retrocesso na maneira como o merchandising televisivo tem sido praticado. Comparando com um exemplo histórico como “Pecado Capital”, de 1975-1976, onde José Carlos Moreno (interpretado por Francisco Cuoco) discretamente lia a recém-lançada Revista do Homem (precursora da Playboy brasileira), percebe-se a evolução negativa. Há pouco tempo, marcas de produtos como um forno micro-ondas ou um novo refrigerante apareciam discretamente, inseridas no cotidiano como itens consumidos por uma elite. Atualmente, novelas recentes se assemelham ao episódio “Common People” da sétima temporada de “Black Mirror”, onde, para sobreviver, uma mulher é programada para enaltecer produtos de forma abrupta e artificial em meio a diálogos rotineiros e descontextualizados.

Quer tenha sido recriada, melhorada ou piorada em certos aspectos, em outros, “Vale Tudo” de 2025 seguiu fielmente os velhos catecismos do autor Gilberto Braga. Este os depurou dos dramas urbanos originalmente explorados por Dias Gomes e Janete Clair. Notou-se uma obsessão latente pela crônica carioca, com uma idealização marcante da zona sul como um palco de aparências sociais, enquanto a zona norte era retratada como um espaço de maiores liberdades. Independentemente do local ou personagem, o Rio de Janeiro surgia como a força motriz central. Tal representação, porém, soa cada vez mais como uma mistificação artificial e antiquada, especialmente considerando as realidades complexas e os ânimos diversos que hoje caracterizam a cidade.

Talvez a verdade nua e crua esteja encapsulada na jornada de Raquel (Taís Araujo) e Ivan (Renato Góes). Eles lutaram com afinco, migraram da boêmia Vila Isabel, apenas para terminar segregados em um condomínio típico da zona oeste do Rio. É como se os verdadeiros vencedores na metrópole do século 21 fingissem não habitá-la, uma forma de alienação ou negação das realidades urbanas que moldam suas vidas.

Todos esses fatores podem facilmente ser interpretados como um sintoma claro da rigorosa decadência que a televisão aberta e as telenovelas brasileiras, em seu formato tradicional, enfrentam atualmente. Poderia-se argumentar que esses modelos já esgotaram seu potencial. Contudo, é inegável que, em determinadas ocasiões, o desespero e até mesmo a vulgaridade podem operar verdadeiros “milagres”, oferecendo momentos de genuína boa diversão ao público.

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Este aprofundamento sobre a análise da novela Vale Tudo revela as nuances e adaptações de uma obra clássica aos tempos atuais, convidando o leitor a continuar explorando as últimas notícias e análises da nossa editoria de cultura e entretenimento.

Crédito da imagem: Reprodução/Globo

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