A demanda por análises preventivas de bebidas na UFLA registrou um aumento expressivo nas últimas semanas. A Universidade Federal de Lavras (UFLA) informou que o número de produtores de cachaça buscando os serviços laboratoriais cresceu entre 70% e 80%. Esse incremento significativo está diretamente relacionado ao início das investigações sobre incidentes de intoxicação por metanol reportados em diversas regiões do Brasil.
A corrida por segurança e qualidade impôs ao laboratório da UFLA um cenário de sobrecarga. A instituição, reconhecida como referência nacional na área, opera atualmente no limite de sua capacidade. Devido ao elevado volume de amostras recebidas, que incluem materiais enviados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, a universidade estabeleceu um novo prazo, informando que só voltará a aceitar novos materiais provenientes de produtores da região a partir de dezembro.
Análise de Bebidas UFLA Dispara 80% por Casos de Metanol
A professora Maria das Graças Cardoso, que coordena o Centro de Referência de Análise de Qualidade de Cachaça da UFLA, detalhou que o processo de verificação é minucioso e segue rigorosamente as diretrizes estabelecidas pelo Ministério. Estas análises são conduzidas por meio de uma técnica avançada conhecida como cromatografia gasosa, o que permite quantificar e qualificar o metanol com altíssima precisão. Ela ressalta a confiabilidade das cachaças brasileiras: “Nas nossas cachaças, o sinal da substância é muito pequeno, praticamente inexistente”, afirmou a pesquisadora.
A Distinção entre Metanol Natural e Adulteração Premeditada
Maria das Graças Cardoso fez questão de explicar a diferença crucial entre a presença natural e a adulteração intencional de metanol nas bebidas. Ela observou que pequenas quantidades da substância podem surgir de forma orgânica durante o processo de produção, o que é um fenômeno esperado e dentro de parâmetros seguros. O problema surge quando há adulteração, onde o metanol é deliberadamente adicionado. “Na bebida adulterada, o metanol é adicionado propositalmente, misturado com álcool combustível. Como não tem cheiro nem cor, o consumidor não percebe”, alertou a professora, destacando os perigos ocultos dessa prática fraudulenta.
Estudos realizados pela própria universidade, abrangendo o período de 2024 a 2025, revelaram que os níveis de metanol nas cachaças nacionais são mínimos. A média constatada foi de 1,47 miligrama por 100 ml de álcool anidro, uma quantidade universalmente reconhecida como segura para consumo. A pesquisadora reforçou que o controle para manter esses níveis seguros é relativamente simples, envolvendo procedimentos básicos como a filtragem adequada do caldo antes da fermentação e a execução correta dos cortes da bebida durante a destilação. Esses passos são essenciais para garantir a qualidade e a segurança do produto final.
Intensificação das Fiscalizações no Sul de Minas Contra Adulterações
Paralelamente ao trabalho preventivo da UFLA, as operações de fiscalização de bebidas no Sul de Minas Gerais foram intensificadas. A Polícia Civil, responsável por essas ações, comunicou que, até o momento, as investigações não confirmaram a presença de metanol nos produtos que foram apreendidos. No entanto, os laudos periciais indicaram “fraudes grosseiras” em alguns dos itens coletados, com impurezas e sujeira visíveis no interior das garrafas, evidenciando problemas sérios de higiene e adulteração não química.

Imagem: laboratório da Ufla sobe via g1.globo.com
Entre os eventos de fiscalização mais recentes, destaca-se uma apreensão realizada em um supermercado localizado na cidade de Bom Jesus da Penha. Outra operação de relevância ocorreu às margens da rodovia MG-050, na região de Passos, onde agentes da Guarda Civil Municipal e da Polícia Rodoviária encontraram e recolheram diversas garrafas de bebida que haviam sido abandonadas. Todo o material apreendido foi devidamente encaminhado para análise e, posteriormente, para descarte apropriado pela Vigilância Sanitária, garantindo a retirada desses produtos potencialmente nocivos do mercado.
O Delegado Manuel Nora explicou que o processo pericial de investigação dos produtos é frequentemente demorado. A complexidade decorre da vasta variedade de marcas e rótulos de bebidas apreendidos, cada um exigindo uma análise específica. Em complemento às ações policiais, a Vigilância Sanitária também intensificou sua atuação na região, já tendo fiscalizado pelo menos dez estabelecimentos para verificar a conformidade dos produtos comercializados e garantir a segurança dos consumidores. O Ministério da Agricultura e Pecuária possui diversas regulamentações para o setor de bebidas que visam proteger a saúde pública e a qualidade dos produtos.
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O aumento da busca por análises laboratoriais de bebidas, somado à atuação enérgica das autoridades, reflete a crescente preocupação com a segurança e a qualidade dos produtos consumidos. Esta mobilização é crucial para proteger os consumidores e manter a credibilidade de um setor tão importante para a economia brasileira. Para mais informações sobre a regulamentação e as notícias do cenário econômico do país, continue acompanhando nossa editoria de Economia.
Crédito da imagem: Reprodução EPTV


