Ambev Resultados 3T25: Lucro Surpreende e Ações Sobem

Economia

Os Ambev resultados 3T25 surpreenderam positivamente o mercado financeiro, conforme divulgado nesta quinta-feira (30). Após um segundo trimestre considerado decepcionante, a gigante brasileira de bebidas registrou um lucro líquido de R$ 4,86 bilhões, marcando um crescimento expressivo de 36,4% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Esse desempenho superou as expectativas dos analistas, impulsionado por eventos não recorrentes, como a alienação de uma subsidiária na região da América Central e Caribe (CAC) e ganhos decorrentes de disputas judiciais no Brasil. A resposta do mercado foi imediata: as ações da Ambev (ABEV3) operavam em alta de 3,91%, sendo negociadas a R$ 12,50 por volta das 10h59 (horário de Brasília).

A avaliação dos bancos de investimento sobre o balanço Ambev 3T25 demonstrou um cenário de qualidade mista, apesar do resultado líquido positivo. O Bradesco, por exemplo, reconheceu que os números ficaram acima das suas estimativas. No entanto, a receita líquida consolidada alcançou R$ 20,8 bilhões, representando uma queda de 5,7% em base anual, em linha com as projeções do mercado. O EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado, contudo, atingiu R$ 7,06 bilhões, mantendo-se estável em relação ao ano anterior e superando a previsão do Bradesco em aproximadamente 8%.

Ambev Resultados 3T25: Lucro Surpreende e Ações Sobem

O terceiro trimestre de 2025 foi caracterizado por uma redução no volume de vendas, com destaque para a queda de 7,9% no Brasil. Apesar desse desafio, a companhia conseguiu mitigar os impactos negativos por meio de uma eficiente gestão de custos e despesas, aliada a aumentos de preço. O relatório do BBI apontou para a capacidade da Ambev em proteger suas margens operacionais, mesmo em um contexto de volumes desfavoráveis, por meio da administração rigorosa de custos e despesas gerais, administrativas e de vendas. Além disso, as estratégias de premiumização de seu portfólio e o avanço da digitalização contribuíram para este desempenho.

Contrariando parte da euforia, analistas manifestaram atenção a fatores estruturais que poderiam limitar ganhos futuros. O BBI expressou preocupação com a fragilidade do consumo no mercado brasileiro e a instabilidade econômica na Argentina. A XP Investimentos, por sua vez, classificou o desempenho da Ambev como ainda fraco, atribuindo parte do impacto às condições climáticas adversas, com temperaturas mais baixas do que o usual no Brasil, somadas à redução da renda disponível. Isso resultou em uma retração de 7,7% no volume de Cerveja no país durante o período. Para a XP, apesar dos esforços de gestão de custos e expansão de segmentos estratégicos, as perspectivas de crescimento do lucro por ação (LPA) continuam tímidas.

O Itaú BBA corroborou a visão de resultados mistos para os resultados Ambev 3T25, com um EBITDA ajustado de R$ 7,059 bilhões, superando em 5% sua previsão. Esse resultado foi atribuído principalmente a uma inflação de custos e despesas mais controlada do que o esperado, particularmente no segmento de cervejas no Brasil. Segundo a instituição, a principal surpresa residiu na menor inflação do custo dos produtos vendidos por hectolitro (CPV/hl). Além do desempenho operacional, o lucro líquido foi impulsionado por um ganho não recorrente de R$ 644 milhões, advindo de um programa de regularização tributária (PERT), elevando o total reportado. Ajustado por este evento extraordinário, o lucro seria de aproximadamente R$ 3,2 bilhões, em conformidade com as expectativas de consenso do mercado.

No cenário competitivo brasileiro, a Ambev demonstrou progresso notável, expandindo sua participação de mercado no segmento premium. Marcas como Corona, Original e Stella Artois registraram um crescimento de 15% em volume, consolidando o 18º trimestre consecutivo de alta em comparação com o terceiro trimestre do ano anterior (3T24, como referido na fonte original para comparações de marcas). O portfólio de opções com zero álcool, menos calorias e sem glúten também apresentou uma expansão vigorosa. Destaques incluem Stella Pure Gold, que mais do que dobrou de volume, e Michelob Ultra, com crescimento de 80%, resultando em um avanço de 65% em volume versus 3T24 para esse segmento específico. Os refrigerantes zero açúcar também contribuíram, com o portfólio Zero expandindo mais de 20% em volume, reforçando a liderança da Ambev neste nicho.

Essas conquistas foram reiteradas pela XP, que salientou o bom desempenho dos segmentos premium e de opções mais equilibradas de cervejas, superando o desempenho dos segmentos “core” e “core-plus”. O JPMorgan também observou que as marcas premium e super premium de cerveja no Brasil exibiram crescimento de dois dígitos médios, ultrapassando o segmento mainstream e contribuindo diretamente para a lucratividade da empresa. A categoria Balanced Choices, que engloba Michelob Ultra, Stella Pure Gold e as cervejas sem álcool, apresentou um crescimento de volume na casa dos 30%, refletindo uma robusta demanda dos consumidores por escolhas mais saudáveis.

Em relação à avaliação de suas ações, a ABEV3 está sendo negociada a 12,5 vezes o lucro estimado para o ano fiscal de 2026, um patamar considerado justo pelo Itaú BBA. Com base nesta análise, o banco manteve sua recomendação equivalente a “neutro”, estabelecendo um preço-alvo de R$ 14. O BBI também reiterou sua recomendação “neutra” para a Ambev, com um preço-alvo de R$ 13,00 para 2026. A justificativa reside no fato de que a avaliação atual ainda apresenta um prêmio em relação aos seus pares globais, e a recuperação do volume de vendas permanece como o principal fator catalisador para futuras revisões positivas nas perspectivas de lucros. O JPMorgan igualmente manteve sua classificação “neutra” com um preço-alvo de R$ 15,50. Apenas a XP Investimentos divergiu, reiterando sua recomendação de “venda”, justificando que a cervejaria é negociada a um exigente múltiplo de 13,9 vezes Preço/Lucro (P/L) dada as perspectivas de crescimento mais modestas para o lucro por ação.

Para aprofundar seu conhecimento sobre o mercado financeiro e a análise de empresas, vale a pena entender os elementos que compõem um balanço corporativo e suas implicações. Saiba mais sobre o que é balanço patrimonial e demonstração de resultados e como essas informações são cruciais para a tomada de decisões de investimento.

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Em resumo, o balanço Ambev 3T25 revelou um lucro expressivo, sustentado por ganhos não recorrentes e uma eficiente gestão de custos e um avanço notável em segmentos de alto valor. Embora as vendas por volume ainda apresentem desafios e analistas destaquem a cautela em cenários macroeconômicos adversos, a empresa mostra resiliência e foco em estratégias de premiumização e digitalização. Para continuar acompanhando as notícias do mercado e análises detalhadas, siga nossa editoria de Economia e mantenha-se informado sobre os desdobramentos financeiros do Brasil e do mundo.

Crédito da Imagem: Divulgação/Ambev

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