A gigante do varejo de moda H&M está com planos de expandir sua atuação para o Nordeste brasileiro. A informação foi confirmada por Rafael Sales, diretor-presidente da Allos, uma das maiores empresas de shoppings centers do país. Essa estratégia visa consolidar a presença da marca sueca em território nacional, que até então se concentra nas capitais do Sudeste.
De acordo com o executivo, as negociações com a H&M para a inauguração de novas unidades em solo brasileiro estão em andamento. A previsão é que as primeiras lojas resultantes desses acordos sejam abertas ao público já em 2026. Este movimento representa um passo significativo para a acessibilidade da moda fast-fashion de renome global em outras praças do país, distanciando-se do eixo tradicional Rio-São Paulo.
Allos planeja expandir H&M para o Nordeste do Brasil
“Vamos levar a H&M para fora. Não vai ficar só nas regiões centrais de Rio e São Paulo, tanto que já vamos abrir a nossa primeira em Campinas. Certamente vai para o Nordeste”, afirmou Sales, em um comunicado que ecoa a ambição de descentralizar o mercado consumidor da H&M. A primeira loja da rede a integrar o portfólio da Allos — empresa resultante da fusão entre Aliansce Sonae e brMalls em 2023 — está prevista para ser inaugurada neste mês de outubro no Parque D. Pedro Shopping, localizado em Campinas, São Paulo.
As duas unidades pioneiras da H&M no Brasil foram inauguradas na capital paulista, em empreendimentos de concorrentes: o Iguatemi da avenida Faria Lima, da Iguatemi, e o Shopping Anália Franco, pertencente à Multiplan. Além disso, no último dia 25 de agosto, a varejista sueca anunciou a abertura de outras quatro unidades para o próximo ano. Essas futuras lojas serão distribuídas entre Sorocaba (SP), Rio de Janeiro (RJ) e duas em Porto Alegre (RS), marcando a estreia da marca na região Sul do Brasil.
Estratégia de Expansão e Desafios da H&M no Mercado Brasileiro
Rafael Sales demonstra grande confiança no preparo da H&M para o crescimento no mercado brasileiro. Segundo o diretor-presidente da Allos, a equipe da rede “conhece o mercado especificamente, até mesmo os shoppings mais distantes. Sabem exatamente porque têm de estar ali, qual é o público que vai visitar e a importância da região”, indicando uma pesquisa aprofundada e um planejamento estratégico bem fundamentado.
No entanto, a instalação de uma loja da H&M em um shopping center de grande porte requer espaços físicos de grande dimensão, que são frequentemente escassos nos empreendimentos existentes. “Temos poucas áreas vagas grandes. Isso faz com que demore um pouco para abrir lojas, e temos uma dinâmica de ocupação alta. A criação de áreas é gradativa”, explicou Sales, apontando o desafio logístico na expansão acelerada da marca. Essa limitação pode influenciar o ritmo das aberturas e o cumprimento dos prazos estimados.
A percepção de apetite por parte de marcas internacionais em relação ao Brasil é notável. Além da H&M, o executivo citou outras companhias estrangeiras que também buscam ampliar sua presença fora dos grandes centros do Sudeste, como Sephora, Dolce & Gabanna e Hugo Boss. No caso da Sephora, suas lojas já alcançaram cidades como Belém, Londrina e Maceió, refletindo a tendência de regionalização observada por Sales.
Sales destacou o aumento do interesse global no país. “Temos visto mais apetite dessas marcas [internacionais] pelo Brasil. No último ano e meio começamos a receber mais visitas. Em um cenário melhor para o país, talvez a gente visse muito mais nomes”, comentou, sinalizando que a recuperação econômica e um ambiente mais estável podem impulsionar ainda mais esse movimento de entrada e expansão de marcas globais.
Perspectivas Econômicas e o Portfólio da Allos
As novas marcas estrangeiras tendem a se estabelecer em shoppings de grande solidez nas principais capitais e em regiões que apresentam crescimento econômico destacado. Belém, na região Norte, e as cidades do Centro-Oeste, impulsionadas pelo agronegócio, foram citadas como exemplos de áreas que atraem investimentos. Essa distribuição estratégica acompanha a evolução econômica de diferentes polos regionais do Brasil. O setor de varejo, de modo geral, tem mostrado resiliência em meio a desafios econômicos, como observado em relatórios que detalham as vendas do comércio varejista, conforme dados recentes divulgados pelo Valor Econômico.
Atualmente, os empreendimentos geridos pela Allos abrigam um total de 46 marcas internacionais. Juntas, essas marcas somam cerca de 650 lojas em operação ou com contratos já firmados, como é o caso da futura H&M em Campinas. No diversificado portfólio, encontram-se nomes de peso como Chanel, Swarovski, Tommy Hilfiger, Calvin Klein, Carter’s, Adidas e Lacoste, cada uma com mais de 20 lojas espalhadas pelos shoppings da empresa.
Apesar do cenário de juros elevados no Brasil, que naturalmente impacta o ímpeto para investimentos ainda maiores, Rafael Sales mantém uma visão otimista para o ano. Ele observa uma notável resiliência nos shoppings voltados para a classe média e um forte crescimento nas unidades que atendem ao público de alta renda. A capacidade de construção da companhia é considerável, superando os 6 milhões de metros quadrados de área edificável, com foco em projetos multiuso que incluem hotéis, hospitais, centros médicos e edifícios residenciais.
“Em um cenário de juros menor a gente estaria expandindo mais os shoppings e fazendo mais obras, aproveitando mais o potencial. Mas o juro tem de ser menor pelos motivos certos e cair de forma sustentável”, concluiu Sales, expressando a cautela e a expectativa por uma melhora consistente no ambiente macroeconômico que permitiria à Allos acelerar ainda mais seus projetos de expansão.
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A expansão da H&M para novas regiões do Brasil, liderada pela Allos, ilustra a crescente descentralização do mercado de moda e o interesse renovado de grandes marcas globais pelo consumidor brasileiro. Fique por dentro de todas as novidades sobre o varejo e a economia em nossa editoria de Economia.
Crédito da imagem: Divulgação/Divulgação
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