O Brasil despediu-se, neste sábado (30 de agosto), aos 88 anos, em Porto Alegre (RS), de Luis Fernando Verissimo, um dos mais prolíficos e queridos intelectuais do país. Nacionalmente aclamado por suas aguçadas crônicas de humor, das quais emergiram figuras icônicas como a Velhinha de Taubaté, o Analista de Bagé e o sagaz detetive Ed Mort, Verissimo transcendeu os limites de um único gênero. Sua assinatura se estendeu às tiras cômicas, incluindo as renomadas Cobras e a Família Brasil, e à elaboração de roteiros que cativaram audiências na televisão, no cinema e no teatro. Considerado uma verdadeira usina de inteligência e criatividade em vida, Verissimo deixou uma obra tão vasta e diversificada que categorizá-lo dentro das definições tradicionais da produção literária e artística brasileira é um desafio constante.
Seria ele apenas um escritor? Um cronista? Um humorista? Roteirista? Ou, de forma mais ampla, um intelectual? Qualquer um desses rótulos, por mais apropriado que pareça à primeira vista, corre o risco de ignorar a imensa variedade de aspectos que moldaram a longa e fértil trajetória desse autor que, notavelmente, sempre cultivou uma postura de não se levar a sério de maneira excessiva, uma filosofia que estendia aos outros. Longe dos holofotes que sua obra monumental naturalmente atraía, muitos daqueles que tiveram o privilégio de conviver com Verissimo de perto destacam não apenas seus inegáveis atributos profissionais, mas, acima de tudo, a dimensão de sua grandeza humana. Tal perspectiva é enfaticamente compartilhada pelo publicitário e também escritor Fraga, que desfrutou de uma amizade com Verissimo por 53 anos e teve a distinção de inspirar as feições de um de seus mais emblemáticos personagens, o Analista de Bagé. “Gosto mais do Luis Fernando como pessoa do que como escritor”, resumiu Fraga, ilustrando o apreço por suas qualidades pessoais que frequentemente eclipsavam sua já monumental capacidade artística. De fato, Verissimo encarnava diversas facetas, muitas delas desconhecidas do grande público.
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O Artista Multifacetado e Suas Origens Jornalísticas
Além das já mencionadas contribuições literárias, Luis Fernando Verissimo revelou ao longo da vida um lado desenhista notável e uma profunda paixão pela música, atuando como saxofonista amador. Sua afeição inabalável por futebol também se manifestava de maneira intensa, um traço marcante que, por vezes, contrapunha a imagem de alguém supostamente excessivamente influenciado pela cultura norte-americana e europeia, decorrente de sua infância parcial nos Estados Unidos. Ele nutria, ademais, uma relação simultaneamente afetuosa e complexa com seu pai, o renomado escritor Erico Verissimo, e destacava-se por sua generosidade constante com jovens talentos artísticos. O corpo de Luis Fernando Verissimo foi velado em um ato de grande emoção e reconhecimento público no Salão Julio de Castilhos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, reunindo familiares e admiradores que prestaram suas últimas homenagens.
A Sombra do Sobrenome Ilustre: Uma Infância com Erico Verissimo
Nascido em 26 de setembro de 1936, em Porto Alegre, Luis Fernando Verissimo somente seria amplamente conhecido por seu sobrenome após o falecimento de seu pai, Erico Verissimo, em 1975. Anteriormente, era usualmente identificado como “o filho do Erico” ou simplesmente “Luis Fernando”, dado o risco iminente de confusão com a figura maior da literatura gaúcha. Apesar de ter sido criado em um ambiente impregnado de livros e frequentar a companhia de notáveis escritores e artistas – ou, talvez, justamente por essa imersão precoce –, Verissimo nunca se percebeu como predestinado ao universo literário. A mais substancial e decisiva influência do pai, aquela na qual ele visualizou um caminho possível para si, manifestou-se na atividade jornalística e editorial.
Erico Verissimo, originário de Cruz Alta, uma localidade na região centro-norte do Rio Grande do Sul que serviu de pano de fundo para considerável parte de sua obra literária, chegou a Porto Alegre em 1930. Ali, ele assumiu funções como tradutor da Livraria do Globo, que à época era uma das mais importantes casas editoriais do Brasil, e secretário de redação da Revista do Globo, a principal publicação do grupo. Embora se tratasse de uma posição de considerável prestígio, o rendimento inicial não era suficiente para sustentar a ele e sua esposa, Mafalda (1913-2003), antes de seus primeiros grandes êxitos como escritor. Para complementar sua renda e assegurar a subsistência familiar, Erico passou a colaborar com o Diário de Notícias e o Correio do Povo, dois dos principais jornais daquele período. Sua militância no campo jornalístico foi tão marcante que, em 1935, Erico foi eleito o primeiro presidente da recém-fundada Associação Riograndense de Imprensa (ARI), instituição que continua ativa até os dias atuais. Assim como seu pai e, de maneira geral, a maioria dos grandes nomes da literatura do Rio Grande do Sul, Luis Fernando produziu uma parcela substancial de sua obra para e por meio da imprensa, inclusive em sua modalidade diária.
Do Publicitário ao Colunista: A Estreia na Imprensa
Embora tenha crescido no contexto vibrante das redações de jornais e nas dependências da Livraria do Globo, acompanhando a carreira do pai, Luis Fernando Verissimo teve uma estreia relativamente tardia no ofício de colunista, iniciando essa fase de sua vida profissional aos 31 anos de idade. Quando, em 1969, assumiu pela primeira vez e de forma interina uma coluna de notas para o jornal Zero Hora, já era um homem casado com Lucia e pai de duas filhas, Fernanda, nascida em 1965, e Mariana, vinda ao mundo em 1967. Naquele momento, ele era mais amplamente reconhecido pelo prestígio do sobrenome familiar do que por sua própria autoria. Sua trajetória anterior o levou por empresas de publicidade, onde atuou como redator até se tornar sócio de uma delas, no início dos anos 1970, em parceria com o argentino Anibal Bendatti, que já era chefe de diagramação do Zero Hora.
Durante a chamada “era de ouro” da publicidade impressa, o projeto mais emblemático dessa parceria empresarial era a revista Carrinho, uma publicação dedicada e produzida para o Supermercado Real. Foi no evento de coquetel de lançamento dessa revista, no começo da década de 1970, que o publicitário Fraga e o futuro renomado escritor Luis Fernando Verissimo se cumprimentaram pela primeira vez. Subsequentemente, a relação se aprofundaria, formando uma parceria criativa enquanto ambos atuavam como redatores na agência de publicidade MPM. Além das atividades em publicidade, eles também colaboraram como colunistas para o jornal Folha da Manhã, integrante do grupo Caldas Júnior, que detinha o prestigiado Correio do Povo, à época o veículo de imprensa mais importante do Rio Grande do Sul. Fraga, rememorando aqueles tempos de convivência próxima, comenta: “Na MPM, ficávamos na mesma sala, cada um em uma mesa. O filho dele, Pedro, nascido em 1970, estudava no anexo do Instituto de Educação, e o meu filho também. Era um convívio muito próximo”. Essa proximidade de ambientes profissionais e pessoais cimentou uma amizade que duraria por décadas.
Outro colega de Verissimo na Folha da Manhã, o artista gráfico Edgar Vasques, reconhece a influência fundamental do escritor para a consagração de seu mais notório personagem. Vasques relata: “Quando ele [Verissimo] tirou férias, não havia outro humorista no jornal. Aí os caras me escalaram para substituí-lo. Eu disse: quem sou eu?”. Para cumprir a tarefa e preencher a lacuna deixada por Verissimo, Vasques recorreu à figura de Rango, o miserável latino-americano que ele havia criado em 1970, quando ainda era estudante da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A criação de Rango amargou “três aninhos na gaveta”, nas palavras do artista, devido ao clima opressor e à forte censura imposta pela ditadura militar. No retorno de suas férias, Verissimo, com seu característico bom humor, brincou com o substituto, dizendo que havia “perdido o emprego”, lembra Vasques. Rapidamente, o cartunista foi alçado à posição de titular de sua própria coluna no jornal, demonstrando o reconhecimento de seu talento e o impacto de Rango, mesmo sob as difíceis condições políticas.
Verissimo Desenhista, Compositor e Escrevinhador de Almas
A Habilidade com o Traço: O Verissimo Desenhista
Quando Luis Fernando Verissimo lançou “O Popular”, sua primeira coletânea de crônicas, em 1973, pela José Olympio Editora, o material de base consistiu nos textos e nas tiras que ele publicava no jornal Folha da Manhã. O próprio Verissimo, com sua modéstia habitual, afirmava ter adquirido os fundamentos essenciais da arte gráfica com o “velho Zeuner” no departamento gráfico da Editora Globo. Ernst Zeuner (1895-1967), um profissional com formação na conceituada Academia de Artes de Leipzig, na Alemanha, foi figura central na elevação do padrão gráfico das publicações da Globo. Sua contribuição se estendeu, inclusive, a uma pintura que se tornou icônica: o “Quadro da Chegada”, um óleo sobre tela que retrata de maneira expressiva a vinda dos colonos alemães ao Rio Grande do Sul em 1824 e que atualmente integra o acervo do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo. O traço distinto e singular de Verissimo, caracterizado por sua economia e concisão, denotava uma influência adicional significativa: a produção de grandes mestres do desenho de imprensa dos Estados Unidos, como Jules Feiffer e Saul Steinberg. Ele havia tido contato com esses trabalhos durante as duas temporadas em que sua família residiu nos Estados Unidos, períodos que se estenderam de 1943 a 1945 e de 1953 a 1956. Com uma atitude autocrítica e, como mencionado, um senso de humor direcionado a si mesmo, Verissimo costumava se referir à época anterior aos anos 1970 como “o período em que eu desenhava mal”. Edgar Vasques, rindo, complementa o depoimento de Verissimo: “Ele dizia, ironicamente: ‘Eu desenho quando tô com preguiça de escrever’. Como se fosse mais fácil”.
Em 1975, Verissimo fez seu retorno ao jornal Zero Hora, agora como colunista diário, e, simultaneamente, passou a contribuir com o renomado Caderno B do Jornal do Brasil. Foi nas páginas do jornal gaúcho que viram a luz tipos imortalizados como o astuto Analista de Bagé e o irreverente detetive Ed Mort, personagens que rapidamente caíram no gosto do público. A emblemática Velhinha de Taubaté, por sua vez, apresentada como “a última brasileira a acreditar no governo”, surgiria em 1982 nas páginas da revista Veja, consolidando a fama de Verissimo em um escopo ainda mais amplo. Luis Fernando Verissimo continuaria a produzir e a encantar seus leitores por décadas, vindo a interromper sua atividade de escritor apenas em 2021, em consequência das sequelas decorrentes de um acidente vascular cerebral (AVC).
Conexões Familiares e Generosidade com Novos Talentos
A Relação Paternal Complexa: Erico e Luis Fernando

Imagem: g1.globo.com
A ligação entre Luis Fernando Verissimo e seu pai, Erico, foi profundamente moldada por uma ambivalência de afeto e, ao mesmo tempo, de uma notável dificuldade de comunicação. Em seu livro de memórias, “Solo de Clarineta”, cujo segundo volume foi organizado por Flávio Loureiro Chaves e publicado postumamente, Erico registra de maneira franca seu desejo frustrado de cultivar uma relação mais íntima e transparente com o filho. Concomitantemente, o renomado escritor reconhecia no temperamento reservado de Luis Fernando características que remetiam à sua própria timidez. Em diversas ocasiões, Erico chegou a buscar o auxílio de terceiros na tentativa de obter pistas ou estratégias que pudessem facilitar uma aproximação maior com o filho. “Por favor, me fala do Luis”, solicitou ele certa vez ao jornalista Ruy Carlos Ostermann (1935-2025), amigo comum de pai e filho e figura importante que intermediou a passagem de Luis Fernando pela Folha da Manhã.
A dificuldade de Verissimo em ser expansivo não se configurava como uma característica exclusiva de sua interação com Erico. Quando questionado se em algum momento notou Luis Fernando mais extrovertido ao longo de 53 anos de amizade, Fraga responde de forma direta e sorridente: “Nunca”. O publicitário, contudo, relata um episódio que encapsula a personalidade paradoxal do amigo, sua reserva aliada à sua lealdade. Fraga narra: “Uma vez, vi um álbum de um cartunista alemão maravilhoso que só tinha para vender nos Estados Unidos. Pedi: ‘Luis Fernando, vocês estão indo de férias para os EUA, me traz este álbum que eu te reembolso'”. Ao retornar de viagem, Verissimo, fiel à sua índole, entregou-lhe o valioso volume e recusou categoricamente o ressarcimento financeiro. Em um momento subsequente, Fraga solicitou uma dedicatória no livro e, quando o amigo empunhava a caneta, acrescentou um pedido particular: “Por favor, né? Escreve uma dedicatória bonitinha. Não vai escrever nada lacônico”. A mensagem que Verissimo rabiscou no livro, com sua espirituosidade e autoconsciência, tornou-se um epitáfio perfeito para sua amizade e caráter: “Para o Fraga, com a amizade lacônica porém sincera do Luis Fernando”.
Um Incansável Incentivador de Talentos Emergentes
Apesar de seu retraimento notável na vida pessoal, Luis Fernando Verissimo mantinha uma dedicação exemplar a atender a uma enxurrada de pedidos diários que chegavam às dezenas, solicitando entrevistas, a elaboração de prefácios, a confecção de orelhas de livros ou declarações diversas. Esses contatos eram geralmente mediados por sua esposa, Lucia, que zelava por sua agenda. O jornalista e escritor Roberto Jardim representa apenas um dos centenas de indivíduos que foram agraciados pela notória generosidade do ídolo literário. Jardim o entrevistou pela primeira vez quando ainda cursava Jornalismo, e o episódio demonstra a atenção singular de Verissimo. “Ele pediu que eu mandasse as perguntas por fax. Nem e-mail existia ainda. Mandei. Uma delas devia ser como ele se descrevia. Ele escreveu: ‘Um rapaz alto, moreno, cabelos castanhos ondulados, enigmático e sensual'”, conta Jardim. Com seu toque pessoal, Verissimo adicionou um comentário manuscrito na folha de fax: “Espalha, espalha”, uma mostra de seu bom humor. Em 2020, Jardim novamente entrou em contato com o escritor, desta vez para solicitar um texto de apresentação para seu segundo livro, “Democracia Fútbol Club”. “Uma semana depois, acho, recebi um envelope com os originais, algumas linhas elogiosas e o texto que entrou na contracapa do livro”, afirma Jardim. Esse relato ilustra a pronta disposição de Verissimo em apoiar novos talentos, mesmo em fases mais avançadas de sua vida.
O Compositor e Amante do Jazz: Verissimo Músico
Verissimo, tal qual seu pai Erico, era um apaixonado por música de variados gêneros, nutrindo, contudo, uma predileção especial e evidente pelo jazz. Desde os tempos da adolescência, ele era um assíduo frequentador de auditórios e estúdios de gravação, absorvendo a essência das melodias e improvisações. Saxofonista amador, integrou diversos conjuntos e bandas. A mais célebre dessas formações musicais foi a Jazz 6, que realizou apresentações notáveis tanto no Rio Grande do Sul quanto em São Paulo, e gravou um total de cinco álbuns, sendo o último deles, intitulado “Nas Nuvens”, lançado em 2011. Batista Filho, presidente de honra da Associação Riograndense de Imprensa (ARI), relembra o convívio: “Costumávamos nos encontrar antes e depois de programas de TV que tinham apresentações musicais, antes do advento do videoteipe, quando a cultura local tinha espaço nas transmissões”. O aprofundamento do amor de Verissimo pelo jazz ocorreu em sua segunda estadia familiar nos Estados Unidos, durante a década de 1950. Era o auge do bebop, um estilo jazzístico marcante, conhecido pelo virtuosismo técnico, onde nomes lendários como Charlie “Byrd” Parker e Dizzy Gillespie, entre outros, despontavam. Com Erico Verissimo empregado na União Pan-Americana, sediada em Washington, onde a família residia, o jovem Luis Fernando aproveitava para pegar o trem rumo a Nova York, a fim de assistir a apresentações ao vivo de seus ídolos musicais. Ele teve o privilégio de ouvir “Byrd” e outras figuras proeminentes da cena jazzística da noite nova-iorquina, o que o levou a decidir aprender a tocar trompete. Diante das dificuldades do instrumento, entretanto, optou pela suavidade do saxofone, instrumento que dominaria com carinho amador.
Em alguns momentos de sua vida, as distintas facetas de músico e desenhista de Verissimo se mesclavam e interagiam. Isso ocorreu, por exemplo, quando ele integrou o Conjunto Nacional, ao lado dos irmãos e amigos de longa data Chico e Paulo Caruso, além de outros músicos. Em outras circunstâncias, eram os próprios artistas que buscavam inspiração na vastidão de sua obra, como fizeram os também gaúchos Kleiton e Kledir ao compor a canção “Analista de Bagé”, diretamente inspirada no icônico personagem de Verissimo. Esses exemplos ilustram a versatilidade de um artista que não se contentava com apenas uma forma de expressão.
A Chama Colorada: O Torcedor Fanático
Luis Fernando Verissimo, por vezes interpretado como excessivamente influenciado pelas correntes culturais da América do Norte e da Europa, nunca fez qualquer esforço para disfarçar sua inegável brasilidade, particularmente em um dos seus aspectos mais distintivos: a paixão visceral pelo futebol. Ele expressava com orgulho o privilégio de ter assistido em campo a alguns dos maiores times e jogadores de sua juventude, citando esquadrões como Santos, Botafogo e Real Madrid, e astros lendários como Pelé, Garrincha e Di Stéfano. Ainda criança, em Porto Alegre, Verissimo se tornou um frequentador assíduo e impenitente dos estádios, dedicando-se a acompanhar seu time do coração. Curiosamente, sua estreia oficial como colunista jornalístico, em 1969, coincidiu com a inauguração do Beira-Rio, o imponente estádio do Sport Club Internacional, o clube de sua vida. O futebol não era apenas um tema recorrente e preferencial em suas colunas diárias; com o tempo, ele se tornou parte indissociável do cotidiano da residência dos Verissimo, localizada no bairro Petrópolis, em Porto Alegre, que frequentemente recebia a visita de jogadores e dirigentes do clube. Foi durante um churrasco realizado em sua casa que o zagueiro chileno Elías Figueroa, recém-contratado pelo Internacional e uma das maiores figuras da história do futebol, protagonizou um momento inesquecível e emocionante. Figura, meses antes do golpe militar de 1973 em seu país de origem, declamou com grande sensibilidade versos do poeta Pablo Neruda, também chileno, emocionando a todos os presentes.
O profundo e duradouro apego de Verissimo ao Internacional encontrou sua última manifestação em um detalhe quase imperceptível em seu velório. Sobre o caixão que o transportava para o descanso final, sua família depositou uma flâmula desbotada, com o nome do clube acompanhado da frase “Campeão brasileiro”. Como a peça em questão não exibia uma data específica, e considerando que o Sport Club Internacional conquistou o título do Campeonato Brasileiro em três distintas ocasiões – em 1975, 1978 e 1979 –, é razoável inferir, com base nas informações contextuais, que a comemoração registrada na flâmula era alusiva à primeira das gloriosas conquistas nacionais do clube, um marco indelével na história do futebol brasileiro e na vida do escritor.
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Luis Fernando Verissimo, com seu vasto legado que incluiu mais de 70 livros publicados e 5,6 milhões de cópias vendidas ao longo de sua vida, não se definiu por uma única paixão ou talento. Seu adeus marcou o encerramento da jornada de uma mente brilhante e de um espírito profundamente humano, cujo alcance se manifestou em palavras, traços, melodias e em uma indelével paixão pelo esporte. Suas múltiplas facetas se entrelaçaram para formar a personalidade de um criador cuja obra e humanidade continuarão a inspirar gerações.
Com informações de G1
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