O mercado de trabalho para especialistas em agentes de IA experimenta uma ascensão notável, atraindo jovens talentos e oferecendo remunerações substanciais. A tecnologia de inteligência artificial, especialmente os programas autônomos conhecidos como agentes de IA, tem se consolidado como uma aposta estratégica para empresas que buscam otimização e eficiência em suas operações.
Profissionais como Evellyn Nicole, de 22 anos, já atuam na vanguarda dessa revolução tecnológica. Como engenheira de inteligência artificial plena em uma multinacional do setor elétrico, Evellyn enxergou no segmento de agentes de IA um caminho promissor, que a incentivou a perseverar em uma área relativamente nova.
Agentes de IA: Carreiras Promissoras e Altos Salários
Mas, o que exatamente são esses sistemas de inteligência artificial que tanto impulsionam as carreiras e garantem uma valorização ímpar aos profissionais qualificados? Os agentes de IA são definidos como programas projetados para executar tarefas de forma autônoma e inteligente, seguindo objetivos pré-definidos por seus desenvolvedores. Na prática, eles podem realizar desde funções simples, como fazer compras online ou reservar restaurantes, até processos empresariais complexos, como automação de atendimento ao cliente, análise preditiva de vendas e até mesmo gerenciamento de cronogramas em projetos de engenharia, otimizando fatores como clima, equipes e materiais. Essa capacidade de atuar de forma independente resulta em processos mais ágeis, eficientes e significativamente mais produtivos para as organizações.
Remuneração Atraente e Crescimento da Demanda por Profissionais de IA
A percepção de Evellyn Nicole sobre o potencial do campo é corroborada por especialistas e dados de mercado. A demanda por engenheiros de IA tem disparado, refletindo-se em uma tabela salarial bastante competitiva. De acordo com o Guia Salarial 2026, produzido pela consultoria Robert Half, os salários para um engenheiro de inteligência artificial podem variar entre R$ 19,5 mil e R$ 27,1 mil. Uma análise mais ampla, englobando todo o setor de inteligência artificial no regime CLT, realizada pela plataforma de empregos Catho a pedido do g1, aponta que a remuneração média pode ir de R$ 3,5 mil a R$ 20 mil mensais. Embora Evellyn prefira manter seu salário confidencial, ela demonstra plena satisfação com seus ganhos atuais.
Contudo, o crescimento exponencial do setor é acompanhado por um desafio significativo: a escassez de talentos. Cleber Zanchettin, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e um notório pesquisador de IA, destaca que a demanda por especialistas em inteligência artificial tem crescido consistentemente há mais de cinco anos, com uma média anual que supera os 20%, e que, no cenário global, pode até mesmo exceder 30%. O mercado voltado especificamente para agentes de IA ainda é incipiente — tanto que ainda não existem cargos formalmente estabelecidos para essas funções. Entretanto, os crescentes investimentos das empresas estão rapidamente impulsionando sua evolução.
Raphael Bozza, vice-presidente de pessoas do iFood, prevê que “nos próximos três meses, testemunharemos o surgimento de inúmeros cargos especificamente criados para o trabalho com agentes de IA”. Ele enfatiza que os profissionais com essas habilidades já atuam na prática, aguardando apenas a formalização de suas descrições de função no mercado.
Como os Agentes de IA Transformam Empresas e Profissionais
A essência dos agentes de IA reside em sua natureza como sistemas de inteligência artificial generativa, amplamente baseados em Grandes Modelos de Linguagem (LLMs). Essas estruturas, que são o “cérebro” por trás de plataformas amplamente conhecidas como Google Gemini, ChatGPT e Microsoft Copilot, são capazes de formular respostas coerentes e executar tarefas complexas de maneira autônoma, sempre aderindo aos objetivos e diretrizes que foram configurados durante seu desenvolvimento. Para mais informações sobre a base tecnológica desses modelos, consulte fontes autorizadas como a IBM sobre Large Language Models.
Na prática corporativa, a aplicação dos agentes de IA é vasta e estratégica. Eles podem revolucionar o atendimento ao cliente, providenciar análises detalhadas de dados de vendas para identificar tendências e padrões ocultos, e até mesmo em setores como a construção civil, podem ajustar cronogramas de projetos dinamicamente, considerando variáveis complexas como condições climáticas, disponibilidade da equipe e estoque de materiais. Para as organizações, isso se traduz diretamente em um aumento significativo da produtividade operacional, na redução substancial de custos e na elevação da qualidade da experiência oferecida aos clientes, tanto em processos internos quanto em produtos e serviços finais.
Além do universo corporativo, os agentes de IA já estão acessíveis ao público em geral. A OpenAI, por exemplo, disponibilizou aos assinantes do ChatGPT seu próprio agente, com capacidades que incluem reservar mesas em restaurantes, realizar compras online e executar uma variedade de outras tarefas por conta própria, demonstrando a versatilidade e a onipresença crescente dessa tecnologia.
Histórias de Sucesso: O Valor do Conhecimento em Agentes de IA
A valorização dos profissionais que dominam a criação e a implementação de agentes de IA é uma realidade, conforme evidenciam as experiências de quem já atua na área. João Gama, um jovem técnico em análise júnior de 19 anos, empregado em uma locadora de veículos, percebe um salário de R$ 3,6 mil por mês enquanto complementa sua formação em sistemas de informação. João foi parte da equipe que desenvolveu um agente inteligente capaz de examinar automaticamente as fichas de inspeção de veículos, identificando problemas como vazamentos de óleo na frota. Este sistema avançado não só alerta a equipe instantaneamente, mas também erradica a necessidade de revisões manuais, tornando as operações da locadora mais rápidas e as decisões, mais assertivas.

Imagem: g1.globo.com
“Quem detém a capacidade de conceber e colocar agentes de IA em operação hoje é imensamente valorizado. Digo isso por vivência própria”, afirma João, reforçando que, devido à carência de profissionais com essa perícia, aqueles que a possuem naturalmente se destacam. Para ele, a habilidade de trabalhar com esses sistemas é uma hard skill crucial, cada vez mais cobiçada pelo mercado. Evellyn Nicole, engenheira de IA formada pela Universidade Federal de Goiás (UFG), teve que superar a descrença inicial de sua família, que a aconselhava a seguir carreiras “mais consolidadas” como medicina ou engenharia civil. Hoje, seus familiares não apenas compreendem o potencial da sua área, mas também reconhecem que ela “entrou na hora certa”.
Na sua empresa, Evellyn se dedica a desenvolver agentes que automatizam tarefas repetitivas, liberando analistas e gestores para se concentrarem em atividades de maior valor estratégico. Ela concebe robôs capazes de interpretar comandos simples, como “quanto vendi hoje?”, e acessar rapidamente bancos de dados internos para fornecer a resposta desejada, agindo como verdadeiros “tradutores” de linguagem natural para dados e vice-versa. A engenheira destaca o papel fundamental do Centro de Excelência em Inteligência Artificial (Ceia) da UFG, que a conectou com empresas em busca de inovação em IA, uma conexão que foi essencial para ela não desanimar diante da vastidão e da novidade do campo.
Tanto João quanto Evellyn expressam grande satisfação com suas trajetórias no setor de IA, destacando a flexibilidade nos modelos de trabalho. João opera em um formato híbrido, comparecendo ao escritório três vezes por semana, o que ele valoriza como um “equilíbrio” entre a vida profissional e pessoal. Evellyn, por sua vez, usufrui do benefício de trabalhar 100% em regime de home office, tendo inclusive recusado propostas financeiramente mais atrativas para manter o conforto e a liberdade proporcionados pelo trabalho remoto.
Desafios e Orientações para a Carreira em Inteligência Artificial
Apesar das promessas e do dinamismo do setor, trabalhar com IA apresenta seus próprios desafios. O ritmo acelerado das inovações é um ponto que tanto João quanto Evellyn apontam, com o surgimento quase diário de novas tecnologias e metodologias. Por ser uma área relativamente jovem e com poucos especialistas no Brasil, muitos profissionais relatam a sensação de isolamento, além da escassez de literatura e materiais de estudo específicos em português. Um dos entraves técnicos mais persistentes são as chamadas “alucinações” da IA, momentos em que os sistemas geram informações incorretas ou inconsistentes, já que operam com probabilidades. “Um dia funciona, no outro, não”, observa Evellyn, ressaltando a indispensabilidade da supervisão humana e de ajustes contínuos para garantir a confiabilidade das ferramentas.
Para aqueles que vislumbram uma carreira nesse campo promissor, profissionais da área e acadêmicos consultados pelo g1 oferecem valiosas recomendações. É importante ressaltar que a entrada na IA não se restringe apenas a backgrounds técnicos. Profissionais de áreas não tecnológicas, como finanças, podem criar agentes eficazes desde que possuam um profundo entendimento dos processos de negócio que desejam automatizar.
O estudo da linguagem Python é considerado o ponto de partida fundamental, dada sua posição como alicerce da inteligência artificial. A exploração e a familiarização com plataformas de criação de agentes amplamente utilizadas no mercado, como Lindy, OpenAI Operator, LangChain, CrewAI, AutogenAI e Langflow, são igualmente cruciais. A compreensão dos fundamentos da IA, incluindo conceitos de machine learning, processamento de linguagem natural, IA generativa e técnicas de análise e visualização de dados, é vista como essencial para qualquer iniciante.
Além da proficiência técnica, características como um perfil analítico e crítico são indispensáveis. Os aspirantes devem ser capazes de compreender o fluxo e os processos que serão automatizados, dominando as regras e objetivos específicos da empresa para programar agentes com precisão e eficiência. A formação acadêmica, como graduação, e em muitos casos, pós-graduação ou mestrado em Inteligência Artificial, é bastante valorizada pelo mercado. Em um campo tão dinâmico, a atualização constante é mandatório. Participar de eventos como hackathons e encontros da comunidade de IA, mesmo sem experiência técnica prévia, pode ser uma excelente oportunidade para fazer networking, aprender na prática e colaborar no desenvolvimento de soluções inovadoras.
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Em suma, a emergência dos agentes de IA está redesenhando o panorama profissional, criando oportunidades ímpares para aqueles que buscam inovação e um crescimento salarial significativo. Este campo, embora desafiador pela sua rápida evolução e pela demanda por qualificação, oferece um futuro recompensador para os engenheiros e especialistas dedicados a dominar as novas fronteiras da tecnologia. Mantenha-se informado e explore mais sobre as tendências do mercado de tecnologia e suas implicações em nossa editoria de Economia.
Crédito da Imagem: Arquivos pessoais/g1

