Acionista Majoritário Assume Controle do Conselho da Novo Nordisk

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O controle do conselho da Novo Nordisk, gigante farmacêutica conhecida pelos medicamentos Ozempic e Wegovy, foi assumido nesta terça-feira (21) pelo seu principal investidor. A decisão surge em meio a uma promessa de focar na reversão da queda nas vendas, especialmente no mercado americano, após a renúncia do presidente e de seis conselheiros independentes da empresa dinamarquesa.

A Fundação Novo Nordisk, que opera como uma entidade sem fins lucrativos mesclando controle empresarial com filantropia, anunciou a indicação de Lars Rebien Sørensen, ex-CEO da companhia, para liderar o conselho pelos próximos dois a três anos. Essa movimentação ocorre em um período de instabilidade, marcando uma fase crucial para a estratégia global da farmacêutica.

Acionista Majoritário Assume Controle do Conselho da Novo Nordisk

A companhia farmacêutica confirmou a saída do atual presidente, Helge Lund, e de outros seis membros independentes do conselho já no próximo mês. Essas renúncias são reflexo de um impasse significativo com a Fundação Novo Nordisk, que expressou descontentamento com o ritmo das reformas internas e com a celeridade das mudanças necessárias na alta administração da empresa.

Este conflito representa uma nova etapa turbulenta para a Novo Nordisk, que se destacou como a companhia mais valiosa da Europa no ano passado, impulsionada pelo sucesso estrondoso do Wegovy. Contudo, suas ações sofreram uma desvalorização superior a 40% este ano, resultado direto da ascensão de sua concorrente, Eli Lilly, que tem expandido sua fatia de mercado de forma agressiva.

A Fundação criticou publicamente a diretoria que se afasta por sua morosidade em reagir às dinâmicas em mutação no mercado americano, bem como pela postura considerada excessivamente cautelosa em relação às mudanças de liderança executiva. Além disso, a fundação enfatizou a necessidade de a Novo Nordisk reforçar sua presença nos segmentos de consumo direto e de massa para manter sua competitividade.

Em sua declaração, Sørensen salientou que o principal objetivo da nova gestão é promover uma “mudança ampla” na estrutura do conselho. No entanto, ele expressou seu total apoio ao novo CEO, Mike Doustdar, que assumiu o cargo em agosto e já implementou medidas de corte de pessoal e uma reorientação estratégica focada nos mercados essenciais da empresa.

Movimentos Estratégicos e Reestruturação Interna

Essa reestruturação do conselho da Novo Nordisk representa a mais recente iniciativa da fundação para solidificar seu controle sobre a companhia. A intenção é clara: reativar as vendas e reconstruir a confiança dos investidores no mercado. Em maio deste ano, a fundação já havia exercido pressão para acelerar a saída do antigo CEO, Lars Fruergaard Jørgensen, que, paradoxalmente, é agora um nome cotado para assumir a presidência do conselho em futuras eleições.

Apesar da intensa disputa que precede sua chegada ao comando, Sørensen minimizou a existência de um “golpe” dentro da corporação. Ele ressaltou que a principal motivação para a reconfiguração do conselho é o aprimoramento da performance da empresa nos Estados Unidos, onde a atuação atual é descrita como “muito transacional”. A empresa, assim como outras do setor farmacêutico, vem enfrentando crescentes pressões, inclusive do ex-presidente Donald Trump, para que reduza os preços dos medicamentos comercializados no país. Para mais informações sobre este tema, veja a pressão global por redução de preços na indústria farmacêutica.

A Fundação Novo Nordisk indicou seis novos integrantes para o conselho, todos de origem europeia, mas com uma vasta experiência nos setores farmacêutico, de biotecnologia e tecnologia em saúde. Entre os novos nomes propostos, cinco trazem essa expertise fundamental. Dentre os mais notáveis está Mikael Dolsten, que anteriormente atuou como diretor científico na Pfizer, trazendo um peso considerável para a equipe.

No dia da renúncia, as ações da Novo Nordisk registraram uma queda de 1,5% ao final do pregão, evidenciando a cautela e a apreensão do mercado financeiro diante das profundas mudanças gerenciais.

Reestruturação e Reação dos Acionistas

No mês anterior, Mike Doustdar já havia implementado uma reestruturação abrangente na Novo Nordisk, que incluiu o corte de 9.000 postos de trabalho em suas operações globais. Essa medida de corte, inicialmente, gerou um impulso temporário no valor das ações da empresa, contudo, a forte competição com a Eli Lilly permanece um desafio constante para a gigante dinamarquesa.

“Minha percepção é que a Fundação Novo Nordisk continua insatisfeita com a configuração atual da empresa e busca exercer uma influência ainda maior,” comentou Markus Manns, gestor do fundo Union Investment, acionista da Novo, à agência Reuters. A insatisfação de investidores chave sublinha a necessidade de estabilização e clareza nas estratégias futuras.

Se as indicações de membros forem aprovadas, o novo conselho da Novo Nordisk será composto por seis representantes eleitos pelos acionistas e quatro escolhidos pelos funcionários. Essa estrutura difere da formação anterior, que contava com oito membros eleitos por acionistas e quatro por funcionários, alterando o balanço de representação interna.

“Considerando o cenário de rápida e constante transformação no qual a Novo Nordisk está inserida, consideramos essencial e no melhor interesse tanto da companhia quanto de seus acionistas que a renovação do conselho ocorra com a máxima celeridade,” declarou Sørensen em comunicado oficial, reiterando a urgência das adaptações.

No entanto, nem todos os investidores reagiram com otimismo. “Ainda estou tentando compreender por que o antigo CEO precisaria se tornar o novo presidente? Não me agrada essa ideia,” afirmou Lukas Leu, gestor do fundo ATG Healthcare, também acionista da Novo. Tais comentários refletem um certo ceticismo quanto à estratégia de recondução de antigos líderes para novas posições de comando.

A Fundação Novo Nordisk mantém sua posição como acionista controladora da companhia, detendo a maioria dos direitos de voto por meio da Novo Holdings, seu braço de investimentos. Este domínio confere à fundação uma influência decisiva nas deliberações e no direcionamento estratégico da empresa.

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A reconfiguração do conselho da Novo Nordisk é um passo decisivo que busca realinhar a gigante farmacêutica às novas realidades de mercado e às pressões competitivas, especialmente dos EUA. Fique atento aos futuros desdobramentos no mercado financeiro e a todas as novidades do setor acessando nossa editoria de Economia para acompanhar as análises e notícias mais relevantes.

Crédito da imagem: Tom Little – 14.jul.25/Reuters

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