O abastecimento de produtos em supermercados brasileiros apresentou um cenário mais otimista em setembro, de acordo com o Índice de Ruptura da Neogrid. A pesquisa, que avalia a ausência de itens nas gôndolas e foi acessada exclusivamente pelo InfoMoney, revelou uma queda geral na indisponibilidade, com destaque para a reposição de produtos essenciais como ovos, feijão, arroz, café e azeite.
A taxa de ruptura, que mede a porcentagem de produtos em falta em relação ao catálogo total de itens de uma loja, recuou de 13,1% em agosto para 11,9% em setembro, representando uma melhora de 1,2 ponto percentual (p.p.). Essa diminuição sinaliza uma recomposição de estoques de produtos que compõem a cesta básica do consumidor brasileiro, apontando para uma estabilização após períodos de oferta instável. Contudo, esse panorama positivo para a maioria dos itens contrasta com a situação da cerveja, que se tornou um destaque negativo ao apresentar um aumento em sua indisponibilidade no período.
Robson Munhoz, estrategista-chefe de Relacionamento da Neogrid, ressaltou que a melhora observada no
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reflete um ajuste benéfico no fluxo de produtos, mesmo com a persistente pressão de custos e inflação, fatores que continuam a impactar tanto os preços ao consumidor quanto as margens de lucro dos varejistas. Ele também enfatizou que, com o orçamento familiar ainda sob rigorosa pressão, os consumidores estão adotando estratégias de busca por mais opções de compra e substituição de marcas, optando por alternativas mais econômicas que entreguem resultados equivalentes.
Análise da Ruptura de Produtos Essenciais em Setembro
Os dados da Neogrid detalham as variações no abastecimento de diversos produtos entre agosto e setembro, mostrando um declínio significativo na indisponibilidade para a maioria dos itens básicos:
- Ovo: a ruptura caiu de 23,0% para 20,4%, uma redução de 2,6 p.p.
- Feijão: registrou queda de 8,4% para 6,4%, melhorando em 2,0 p.p.
- Arroz: passou de 8,9% para 7,1%, uma melhora de 1,8 p.p.
- Café: sua indisponibilidade diminuiu de 9,6% para 7,9%, decréscimo de 1,7 p.p.
- Azeite: teve uma variação de 9,7% para 8,7%, melhorando em 1,0 p.p.
Em contraste notável, a cerveja foi o único produto a seguir a tendência inversa, registrando um aumento em sua indisponibilidade nas prateleiras dos supermercados, passando de 12,1% para 12,8%, um acréscimo de 0,7 p.p.
O Caso da Cerveja: Aumento de Preços e Indisponibilidade
A cerveja se destacou negativamente como o item mais indisponível para os consumidores em setembro, situação que foi acompanhada por um aumento considerável nos preços. Esta escassez no abastecimento nos supermercados e encarecimento podem ser atribuídos a múltiplos fatores. Primeiramente, o setor enfrentou a chamada “crise do metanol” em bebidas destiladas, que indiretamente impulsionou a procura por cerveja. Paralelamente, houve uma baixa na produção geral de bebidas alcoólicas, com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicando uma queda de aproximadamente 11% em agosto, o que intensificou as preocupações sobre o volume disponível no terceiro trimestre para as cervejarias. Estes elementos, somados, exerceram pressão significativa sobre a oferta e a precificação do produto.
As variações nos preços médios das cervejas também foram notórias:
- Cerveja artesanal: subiu de R$ 19,93 para R$ 21,63.
- Cerveja escura: passou de R$ 14,78 para R$ 15,84.
- Cerveja clara: foi de R$ 13,56 para R$ 14,68.
- Cerveja sem álcool: aumentou de R$ 15,51 para R$ 16,29.
Flutuações nos Preços dos Demais Produtos e Impactos no Consumidor
Apesar da melhoria no abastecimento supermercados para diversos produtos básicos, o cenário de preços continuou a registrar elevações para grande parte desses itens. O arroz, por exemplo, apesar da menor indisponibilidade (de 8,9% para 7,1%), apresentou uma leve alta nos preços médios:
- Arroz branco: variou de R$ 5,37 para R$ 5,63.
- Arroz parboilizado: subiu de R$ 4,92 para R$ 5,19.
- Arroz integral: manteve-se quase estável, de R$ 10,76 para R$ 11,96.
O azeite, que também voltou com mais presença nas prateleiras, viu seus preços seguirem em ascensão. O tipo extravirgem, essencial na culinária, passou de R$ 90,60 para R$ 96,65, enquanto o virgem aumentou de R$ 75,79 para R$ 78,11. Esses aumentos reiteram a influência da inflação no poder de compra.

Imagem: infomoney.com.br
O café, impactado por custos logísticos e agrícolas, além de condições climáticas e influências de exportação, registrou queda na ruptura. No entanto, o custo final para o consumidor aumentou significativamente. O café em pó viu seu preço subir de R$ 80,52 para R$ 85,92, e o café em grãos avançou de R$ 135,92 para R$ 140,37. A perspectiva do mercado é de que o café ainda sofra reajustes adicionais entre 10% e 15% em virtude da valorização do café verde na Bolsa de Nova York e do “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos. Para mais informações sobre a economia nacional e como os custos impactam a vida dos brasileiros, acesse o Portal G1 – Economia, uma fonte relevante sobre o tema.
O feijão, outro alimento fundamental, também apresentou variação de preços em suas diferentes categorias, mesmo com a melhora em seu abastecimento:
- Feijão carioca: de R$ 6,71 para R$ 6,92.
- Feijão preto: de R$ 5,92 para R$ 6,00.
- Feijão vermelho: de R$ 13,13 para R$ 13,58.
- Feijão branco: de R$ 19,03 para R$ 19,59.
Finalmente, o ovo, que foi um dos produtos com a melhora mais expressiva no abastecimento, também teve aumento nos preços, evidenciando que a maior disponibilidade nem sempre se traduz em custos menores para o consumidor:
- Caixa com 10 unidades: de R$ 13,43 para R$ 13,86.
- Caixa com 12 unidades: de R$ 12,12 para R$ 12,22.
- Caixa com 20 unidades: de R$ 11,66 para R$ 11,93.
- Caixa com 24 unidades: de R$ 16,91 para R$ 17,73.
Este panorama detalhado dos produtos revela que, enquanto o abastecimento supermercados apresentou sinais de recuperação em setembro, a pressão inflacionária continua sendo uma realidade, elevando os custos de grande parte dos itens essenciais da mesa do consumidor. A situação da cerveja, em particular, sublinha as complexidades do mercado e a forma como diversos fatores podem convergir para afetar tanto a disponibilidade quanto o preço de produtos.
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