O abastecimento de água em Rio Branco enfrenta uma interrupção prolongada, já entrando no nono dia consecutivo de redução no fornecimento para a capital acriana. A causa é a persistente elevação da turbidez no Rio Acre, o principal manancial da cidade. Dados do Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco (Saerb) indicam uma diminuição de cerca de 20% na capacidade de produção das estações de tratamento, medida essencial para assegurar a qualidade da água distribuída à população.
Desde o dia 11 de outubro, os registros do Saerb apontam índices de turbidez alarmantes, frequentemente acima de mil Unidades de Turbidez Nefelométrica (NTU). Em pelo menos três desses dias, os níveis chegaram a ultrapassar a marca dos dois mil NTU, excedendo consideravelmente o limite ideal de 800 NTU necessário para um tratamento eficaz, conforme parâmetros definidos pelo próprio órgão.
A prolongada anomalia nos parâmetros hídricos reflete-se diretamente no problema de suprimento, destacando a complexidade da situação que afeta a infraestrutura local. É diante desse cenário desafiador que a questão do
Abastecimento de Água Rio Branco Reduzido por Turbidez
se tornou pauta constante nas discussões sobre saneamento básico da região.
Chuvas Intensas Provocam Elevação da Turbidez no Rio Acre
De acordo com Enoque Pereira, diretor-presidente do Saerb, o cenário crítico atual foi precipitado por chuvas intensas registradas desde setembro, que superaram as expectativas para o período. A grande proporção de sedimentos, como lama, lodo e balseiros, que desceu o leito do rio, extrapolou os patamares toleráveis para a distribuição e tratamento adequados, culminando em uma nova e significativa redução na produção de água.
Pereira explicou a severidade do problema ao descrever a matéria-prima que chega às estações: “O que chega até nós não é mais água, é praticamente lama. Nossas estações são projetadas para tratar água até certo limite. Acima disso, é preciso reduzir a vazão para manter a qualidade”. O sistema, que usualmente trata 1.600 litros por segundo, viu sua capacidade cair drasticamente para cerca de 1.200 litros por segundo e, em picos de turbidez, para meros 400 litros por segundo. Entidades como a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) reforçam a importância do monitoramento constante da qualidade da água em rios para abastecimento público, evidenciando a criticidade dos parâmetros observados em Rio Branco.
Impactos da Turbidez Afetam Diversos Bairros da Capital
A elevação incomum da turbidez do Rio Acre é uma consequência direta de fenômenos naturais, intensificados por eventos climáticos. “Tivemos chuvas fortes fora de época, o que fez descer muito material de lama e sedimentos pelo rio”, afirmou Pereira. Ele ainda ressaltou a atipicidade da situação, explicando que, normalmente, eventos de alta turbidez se resolvem em no máximo três dias, mas a situação atual persistiu por nove dias seguidos, com níveis sempre acima de mil NTU, o que torna o processo de tratamento mais lento e complexo.
A redução da vazão e, consequentemente, da oferta de água, impacta diretamente o fornecimento em inúmeros bairros de Rio Branco. Milhares de residências têm enfrentado restrições e distribuição limitada, situação que deve persistir até que os níveis de turbidez do Rio Acre retornem à normalidade e as estações consigam operar em plena capacidade.

Imagem: g1.globo.com
Medidas e Histórico de Desabastecimento em Rio Branco
Com cerca de 150 mil residências atendidas pelo sistema de distribuição do Saerb na capital, a orientação do órgão é clara: a população deve evitar o desperdício e promover o uso racional da água. Essa medida é crucial para mitigar os efeitos da crise até que a situação do Rio Acre se estabilize.
Em 13 de outubro, o Saerb já havia emitido um alerta público sobre a redução do abastecimento, que à época correspondia a 92% da capacidade total. Na ocasião, a Estação de Tratamento de Água 1 (ETA 1), responsável por 40% da captação de água para a cidade, estava operando com uma vazão de 500 litros por segundo, abaixo de sua capacidade de 600 litros por segundo. Similarmente, a ETA 2, que fornece aproximadamente 60% da água da capital e tem capacidade para mil litros por segundo, estava distribuindo 950 litros por segundo.
É importante destacar que a questão do abastecimento em Rio Branco não é nova. Em setembro do ano anterior, o Ministério Público do Acre (MP-AC) instaurou um procedimento administrativo para investigar a intermitência no fornecimento e a qualidade do serviço. Naquele período, o MP-AC buscou explicações da prefeitura e do Saerb após uma falha na principal bomba da Estação de Tratamento de Água II (ETA II), que resultou em cortes no abastecimento para regionais como Calafate, Floresta e o Distrito Industrial, evidenciando a recorrência de desafios na infraestrutura hídrica da capital.
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Diante do cenário de **abastecimento de água em Rio Branco** impactado pela turbidez do Rio Acre, a colaboração da população é fundamental para garantir o uso consciente dos recursos hídricos. Continue acompanhando as atualizações sobre este e outros temas cruciais para a nossa região em nossa editoria de Cidades.
Crédito da imagem: Vitória Souza



