A primeira edição da Feira Spera em Paris celebra arte urbana Brasil-França 2025, marcando um ponto de encontro significativo para a arte contemporânea e urbana. Realizada no espaço Beffroi de Montrouge, na região sul da capital francesa, o evento se estende até este domingo, 5 de maio. Este ano, a cena artística brasileira é o grande destaque, recebendo homenagem no contexto da prestigiosa Temporada França-Brasil 2025. A iniciativa reúne renomadas galerias e importantes nomes do street art nacional, projetando-os no cenário internacional.
A organização da Feira Internacional de Arte Urbana e Contemporânea Spera reuniu um total de 40 galerias e mais de 100 artistas de diversas partes do mundo. Ocupando um vasto espaço de exposição com mais de 1.000 m², o evento destaca a vitalidade da arte de rua global. Entre as presenças notáveis do Brasil, figuram galerias influentes como Alma de Rua e A7MA. Artistas como Tinho, Enivo, Andre Mogle, Rafael Sliks e Fefe Talavera, todos eles célebres expoentes da arte urbana brasileira, estão apresentando suas obras e talentos.
Feira Spera em Paris celebra arte urbana Brasil-França 2025
A concepção desta feira diferenciada surgiu há aproximadamente três anos, idealizada por Gary Laporte, fundador da agência Naga Creativo e um dos mentes por trás da Spera. Sua visão era criar um evento que transcendessee o mero propósito comercial de aquisição de obras de arte. “Eu tinha esta sensação de ser um objeto numa caixa”, comentou Laporte, expressando o desejo de inovar. Ele aspirava a “criar algo novo, que quebrasse o código das feiras tradicionais, onde os participantes não estão lá só para vender mas também para viver uma experiência coletiva”, sublinhando o foco na interação e na imersão cultural.
A Galeria Alma de Rua, sob a curadoria do colecionador Tito Bertolucci, é uma das principais representantes brasileiras na Feira Spera. Bertolucci trouxe consigo obras de sete distintos artistas do Brasil, enxergando no evento uma plataforma crucial para a expansão e o reconhecimento internacional da arte urbana do país. A expectativa é alta, conforme Bertolucci afirma: “Há uma expectativa muito grande de podermos nos comparar com grandes artistas da street art já renomados. A gente quer se igualar a eles e chegar nesse topo internacional”. Este desejo de equiparação reflete a ambição de posicionar a arte de rua brasileira no mesmo patamar das referências globais.
Um dos artistas cujas obras são exibidas pela Alma de Rua é o grafiteiro Pardal, natural de São Paulo. Ele manifesta um grande entusiasmo e gratidão por sua participação nesta edição da Feira Spera. “O sentimento é de muita gratidão”, destacou Pardal, que faz sua primeira visita a Paris para o evento. Ele enfatiza a importância da ligação cultural: “É a primeira vez que eu venho para cá e eu sinto essa importância da amizade entre o Brasil e a França através da arte”. O artista reforçou a necessidade de união no cenário artístico: “Cada vez mais a gente tem que se unir, abrir oportunidade para outros artistas, expandir esses conhecimentos e espalhar o amor, que é o mais importante”.
Pontes Criativas: Conectando Culturas Através da Arte
Diversos artistas brasileiros que participam da Feira Spera optaram por apresentar trabalhos que, embora profundamente enraizados na cultura nacional, também estabelecem uma conexão e dialogam com o público francês. Essa estratégia visa transcender as barreiras geográficas e culturais por meio da arte. Um exemplo notório é Enivo, cofundador da Galeria A7MA, que expõe peças projetadas para construir uma ponte imaginária e simbólica entre São Paulo e Paris. Seus temas são múltiplos e envolventes.
Enivo descreveu sua proposta: “Eu trouxe minha produção atual, que é uma produção mais lúdica, ligada à cidade, ao afrofuturismo, à cultura periférica, a visões de futuras civilizações, que é algo que surgiu na pandemia”. O artista destaca como elementos da paisagem paulistana podem evocar cenários europeus: “Apresento aqui algumas obras que têm cenas de São Paulo, como a praça Roosevelt e a praça da República, e que lembram também um pouco do cenário parisiense”, evidenciando a universalidade de certos elementos urbanos e a capacidade da arte de aproximar mundos.
Fefe Talavera, outra artista representando o Brasil no evento, expressou sua confiança na receptividade do público francês. Ela acredita que, apesar das intrínsecas diferenças entre a arte de rua do Brasil e da França, as obras nacionais são facilmente absorvidas. “Acho que toda a arte vai se conectar, independentemente de ser de lá ou daqui”, ponderou. Talavera ressalta o interesse aprofundado do público: “Eu gosto que as pessoas aqui não veem apenas o lado exótico do Brasil, mas elas gostam de entender sobre o que trata o nosso trabalho, de conhecer a história por trás dele, e eu acho isso muito interessante”. Essa observação celebra uma troca cultural que vai além do superficial.
Amizade e Colaboração Artística: Unindo Talentos Internacionais
Para enfatizar ainda mais os profundos laços de amizade e cooperação entre Brasil e França, a Feira Spera inaugural exibe uma mostra especial, resultado de uma colaboração entre dois artistas de projeção global: o francês Seth e Tinho, considerado um pioneiro do grafite brasileiro. As obras que compõem esta exposição foram cuidadosamente concebidas especificamente para a feira, servindo como uma celebração visual da longa amizade e respeito mútuo entre esses dois expoentes da arte urbana mundial. Essa parceria destaca a união de estilos e visões que a arte pode proporcionar. Para mais informações sobre a difusão da cultura brasileira e suas relações internacionais, você pode consultar o Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
Tinho relembrou a origem dessa colaboração: “Eu conheci o Seth no Brasil, há um bom tempo atrás. Desde lá a gente já começou a se conectar. A gente pintou muito junto lá”. A amizade se consolidou através de encontros globais: “Depois que ele voltou para a França, a gente ainda se encontrou em vários outros projetos na China, na Tunísia, em outros lugares”. A persistência do vínculo foi fundamental para a obra conjunta: “Sempre foi uma alegria encontrar com ele, a gente sempre teve uma boa amizade. Acho que essa conexão de tanto tempo, de tanta amizade, facilitou bastante para a gente conseguir fazer um trabalho em colaboração”, concluiu Tinho, exemplificando como os relacionamentos pessoais podem fomentar a criação artística transnacional e elevar a experiência da Feira Spera em Paris.
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A Feira Internacional de Arte Urbana e Contemporânea Spera demonstra ser mais do que um evento expositivo; ela é uma plataforma viva para o intercâmbio cultural e a celebração da amizade entre nações, impulsionada pela criatividade brasileira. Ao trazer galerias e artistas do Brasil para o coração de Paris, o evento não só oferece uma janela para a vibrante cena da arte urbana nacional, mas também fomenta discussões sobre seu futuro e internacionalização, consolidando a ponte cultural entre França e Brasil. Continue acompanhando a nossa editoria de Análises para mais insights sobre eventos culturais e as tendências que moldam o cenário global.
Crédito da imagem: Daniella Franco, da RFI em Paris
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