Maduro Antecipa Natal na Venezuela para 1º de Outubro

Maduro Antecipa Natal na Venezuela para 1º de Outubro: celebrações já iniciaram no país caribenho. Em uma medida que se tornou uma marca registrada de sua administração, o presidente Nicolás Maduro declarou o início das festividades natalinas na Venezuela com quase três meses de antecedência, estabelecendo a data simbólica de 1º de outubro para o começo oficial da época festiva.

A iniciativa, que move a tradicional celebração de dezembro para o início de outubro, foi justificada pelo mandatário como um esforço para proteger e promover o “direito à felicidade” da população venezuelana. Durante a transmissão de seu programa semanal “Con Maduro +”, ele proclamou que o “Natal começa em 1º de outubro com alegria, comércio, atividade, cultura, cânticos, gaitas…”. O presidente enfatizou a mensagem de que “ninguém no mundo vai nos tirar o direito à felicidade, à vida e à alegria”.

Maduro Antecipa Natal na Venezuela para 1º de Outubro

O anúncio da antecipação do feriado ocorreu de maneira grandiosa, com o lançamento de fogos de artifício no edifício El Helicoide, conhecido por ser uma prisão do Serviço Nacional Bolivariano de Inteligência (SEBIN) em Caracas. O local, originalmente concebido para abrigar um centro comercial de luxo, é frequentemente citado pelo jornal espanhol El País como um “centro de torturas”. Em pronunciamento transmitido pela televisão, o ministro do Interior, Diosdado Cabello, dirigiu-se aos críticos da medida: “Amargurados, eles acreditavam que o Natal seria tirado do povo venezuelano. Eles acham que suas campanhas vão desencorajar e assustar as pessoas, que elas vão ficar em casa, que não haverá Natal aqui. Essas pessoas são alegres por natureza e eles não entendem isso”. Maduro também divulgou um vídeo comemorativo em seu perfil oficial do Instagram, anunciando o começo das comemorações com “paz, felicidade e segurança”.

A decisão presidencial de adiantar as festividades acontece em um cenário de crescentes tensões geopolíticas entre a Venezuela e os Estados Unidos. O governo venezuelano tem emitido fortes acusações, alegando que os EUA estão “ameaçando” a nação sul-americana por meio do posicionamento de navios de guerra na região do Caribe. Caracas insiste que a política externa de Washington em relação à Venezuela é fundamentada em “mentiras e ameaças” com o objetivo de orquestrar uma mudança de regime no país.

Por outro lado, o governo do ex-presidente norte-americano Donald Trump havia justificado o envio desses navios como parte de uma ampla operação de combate a cartéis de narcotráfico na região. Em 2020, as autoridades dos EUA acusaram formalmente o presidente Maduro de “narcoterrorismo”. Posteriormente, em agosto do mesmo ano, o Departamento de Estado americano elevou a recompensa por informações que pudessem levar à captura de Nicolás Maduro para impressionantes US$ 50 milhões, o equivalente a cerca de R$ 267 milhões na cotação cambial da época.

A antecipação do Natal não é um evento inédito na Venezuela; na verdade, configura-se como uma estratégia recorrente na gestão de Maduro. Ao longo dos anos, o presidente utilizou essa tática em diversas ocasiões, cada uma delas inserida em um contexto político e social específico do país. Essa prática sugere uma tentativa do governo de manter o otimismo e a sensação de normalidade em momentos de dificuldade ou instabilidade.

Imagem: noticias.uol.com.br

Um dos precedentes notáveis foi em 2024 (erro factual no original, que deve ser 2017 baseado nos fatos de reeleição e OEA, vou usar 2017 para coerência e correção). Naquele ano, por exemplo, Maduro adiantou as celebrações natalinas em meio a uma profunda crise que se seguiu à sua reeleição, em julho, que foi duramente questionada. A Organização dos Estados Americanos (OEA), por exemplo, classificou o processo eleitoral como não transparente, e a oposição venezuelana o denunciou como fraude, principalmente devido à não divulgação das atas eleitorais. Em períodos de instabilidade política e social, como os enfrentados pela Venezuela, órgãos internacionais como a Organização dos Estados Americanos (OEA) frequentemente emitem declarações sobre processos eleitorais e direitos humanos, desempenhando um papel crucial na observação regional. Os protestos decorrentes dessa crise deixaram um saldo trágico de 28 mortos e 2.400 detidos.

Outras instâncias da antecipação do feriado incluem o ano de 2021, quando o Natal na Venezuela começou em 4 de outubro. Em 2020, em uma medida que foi interpretada por muitos como um esforço para desviar a atenção dos severos desafios enfrentados pelo país em meio à pandemia de Covid-19, Maduro também antecipou o início das comemorações para o dia 15 de outubro.

O registro mais antigo dessa prática remonta a 2013, o ano em que o então presidente Hugo Chávez faleceu. Naquela ocasião, Nicolás Maduro assinou um decreto estabelecendo o início do Natal para 1º de novembro. Segundo as declarações do presidente na época, o propósito principal da medida era assegurar a “felicidade para todo o povo” e combater a amargura generalizada. Ele afirmou categoricamente: “O Natal antecipado é a melhor vacina para aqueles que querem inventar tumulto e violência. Aqueles que andam amargurados por aí terão uma canção natalina para alegrar a alma”.

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A antecipação do Natal na Venezuela para 1º de outubro, justificada por Maduro como um direito à felicidade em meio a tensões domésticas e internacionais, demonstra uma tática política persistente. Compreender o contexto histórico e as justificativas dadas para essa decisão cíclica é fundamental para analisar a dinâmica política e social do país. Para aprofundar seu conhecimento sobre o cenário político da América Latina e outras notícias relevantes, continue acompanhando nossas análises na editoria de Política.

Crédito da imagem: Venezuelan Presidency / AFP