A ofensiva israelense em Gaza demonstra escalada de intensidade, com contínuos bombardeios à Cidade de Gaza, em um momento crucial em que o grupo militante Hamas prossegue com sua avaliação sobre uma proposta de paz delineada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A situação militar se agravou significativamente, marcada por novas ordens de deslocamento populacional e um crescente aprofundamento da crise humanitária que afeta a Faixa de Gaza.
Desde terça-feira, a deliberação do Hamas sobre o plano apresentado estende-se por seu terceiro dia. A proposta visa estabelecer um fim para a guerra de aproximadamente dois anos entre Israel e o grupo palestino. Donald Trump havia anteriormente estabelecido um prazo de “três ou quatro dias” para que o Hamas apresentasse sua resposta ao plano, que conta com o apoio expresso do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Israel intensifica ofensiva em Gaza enquanto Hamas avalia plano
A atmosfera em Gaza é de intensa complexidade e apreensão. Uma autoridade palestina, que acompanha de perto as discussões entre o Hamas e outras facções, compartilhou com a agência Reuters a percepção de que “Aceitar o plano é um desastre, rejeitá-lo é outro, há apenas escolhas amargas aqui, mas o plano é um plano de Netanyahu articulado por Trump”. Essa mesma fonte ressaltou a prioridade do Hamas em cessar as hostilidades e o que denominam de “genocídio”, afirmando que a resposta do grupo será orientada pelos “interesses maiores do povo palestino”.
Intensidade dos Bombardeios e Movimento Forçado da População
Na noite anterior e durante a quarta-feira, residentes da Cidade de Gaza testemunharam a ferocidade dos ataques, com aeronaves e tanques israelenses conduzindo bombardeios incessantes sobre bairros residenciais. As autoridades de saúde locais em Gaza confirmaram que as operações militares resultaram na morte de pelo menos 35 pessoas na quarta-feira, a grande maioria na Cidade de Gaza. Incidentes específicos incluem a morte de sete pessoas em um ataque na cidade velha, localizada no noroeste da cidade, e de seis indivíduos que buscavam refúgio em uma escola, em outra área, atingidos por um ataque separado.
Em paralelo à escalada dos combates na Cidade de Gaza, o exército israelense emitiu novas determinações para que a população se desloque para as regiões ao sul da Faixa. As Forças de Defesa de Israel (IDF) comunicaram que não permitirão o retorno dos palestinos ao norte. O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, qualificou esta ação como um “cerco mais apertado em torno de Gaza, a fim de derrotar o Hamas”. Katz detalhou que aqueles dispostos a partir para o sul seriam submetidos a uma verificação do Exército, descrevendo a medida como a “última oportunidade para que os residentes de Gaza que desejarem se desloquem para o sul e deixem os agentes do Hamas isolados na própria Cidade de Gaza, diante da continuidade das operações em grande escala da IDF”.
Crise Humanitária Atinge Níveis Críticos em Gaza
A já grave crise humanitária em Gaza continua a piorar de forma alarmante. O Ministério da Saúde do território informou na quarta-feira que mais dois palestinos, incluindo uma criança, faleceram nas últimas 24 horas em decorrência de desnutrição e fome. Esses óbitos elevaram o total de mortes causadas por essas condições para, no mínimo, 455 pessoas desde o início do conflito, sendo 151 delas crianças.
Conforme um relatório de agosto do monitor global de fome IPC, a Cidade de Gaza e suas áreas adjacentes enfrentam um risco iminente de fome generalizada, com projeções indicando que mais de meio milhão de palestinos podem ser afetados. Embora Israel tenha aliviado restrições em julho, permitindo maior entrada de ajuda humanitária após um bloqueio quase completo de alimentos por aproximadamente três meses no início deste ano, a Organização das Nações Unidas (ONU) insiste que o volume de assistência é insuficiente.
A ONU tem enfrentado dificuldades substanciais para distribuir suprimentos de maneira eficaz e confiável por toda a Faixa de Gaza, atribuindo os entraves tanto às restrições militares israelenses aos movimentos quanto ao colapso da ordem pública no território. Israel, por sua vez, afirma não impor limites quantitativos à entrada de alimentos e acusa o Hamas de roubar a ajuda, alegações que o grupo militante nega veementemente. A complexidade e gravidade da situação humanitária na região são constantemente monitoradas, com relatórios detalhados disponíveis em organizações internacionais como as Nações Unidas.
Confira também: artigo especial sobre leis e valortrabalhista
O atual cenário na Faixa de Gaza é um reflexo da intensa atividade militar e das negociações de alto nível em torno de uma proposta de paz. A decisão final do Hamas sobre o plano de Donald Trump e a continuação das operações militares israelenses serão fatores cruciais para o futuro imediato da região e para as milhões de vidas que dependem de uma solução duradoura. Para mais análises e notícias sobre os conflitos globais e seus impactos geopolíticos, explore nossa editoria de Política.
Crédito da imagem: Nidal al-Mughrabi/Reuters
🔗 Links Úteis
Recursos externos recomendados