A Justiça britânica proferiu a condenação de uma cidadã chinesa envolvida em um complexo esquema de fraude que culminou na **maior apreensão de Bitcoin da história**, com um montante estimado em mais de 5 bilhões de libras esterlinas, o equivalente a aproximadamente R$ 36 bilhões. Chinesa condenada por fraude e apreensão recorde de Bitcoin, Zhimin Qian, que também utilizava o nome Yadi Zhang, admitiu sua culpa em Londres na última segunda-feira, 29 de setembro, perante o Tribunal da Coroa de Southwark, por ter adquirido e detido de forma ilícita as significativas quantias em criptomoeda.
A ação judicial representa um desdobramento crucial em uma investigação de lavagem de dinheiro que se estendeu por sete anos. As autoridades revelaram que entre 2014 e 2017, Qian arquitetou uma fraude de larga escala na China, onde enganou um vasto número de investidores – mais de 128 mil vítimas – acumulando os fundos obtidos de maneira criminosa em ativos de Bitcoin, conforme divulgado pela Polícia Metropolitana.
Chinesa condenada por fraude e apreensão recorde de Bitcoin
O início da investigação que resultou na condenação da **cidadã chinesa por fraude de Bitcoin** remonta a 2018, após uma denúncia relacionada à movimentação de bens oriundos de atividades criminosas. As autoridades confiscaram um total de 61 mil Bitcoins de Qian. A sargento Isabella Grotto, responsável pela condução da investigação pela Polícia Metropolitana, explicou a complexidade do caso, que envolveu diversas jurisdições e a fuga de Qian da Justiça por cinco anos até sua eventual prisão. Ela empregou documentos falsificados para deixar a China e ingressou no Reino Unido, onde empreendeu tentativas de legalizar o dinheiro ilícito através da compra de imóveis, de acordo com as informações policiais.
O Esquema Fraudulento e Suas Consequências
A estratégia fraudulenta liderada por Zhimin Qian prometia lucros garantidos e dividendos diários, explorando a crescente popularidade das criptomoedas na China na época. As empresas ligadas a Qian veiculavam a imagem de que contribuíam para a ascensão da China como um polo financeiro e tecnológico, apresentando projetos e investimentos falsos por todo o país. Muitas das vítimas, que incluíam desde empresários a funcionários de bancos e membros do poder judiciário, teriam sido convencidas a participar do esquema por recomendações de amigos e familiares. Apesar da descrição de Qian como a “deusa da riqueza” por alguns meios de comunicação, como o chinês Lifeweek, os investidores geralmente tinham poucas informações reais sobre ela. Segundo o Lifeweek, em 2024, a maioria dos investidores tinha entre 50 e 75 anos e aplicou quantias que variavam de centenas de milhares a dezenas de milhões de yuans.
A Complexidade da Investigação Global
A confissão de culpa de Zhimin Qian, de 47 anos, marcou um momento crucial de uma investigação transnacional sobre a intrincada rede de lavagem de dinheiro. O desdobramento da condenação busca oferecer algum alívio às vítimas que aguardam desde 2017 por uma forma de reparação. Roger Sahota, advogado de Qian da Berkeley Square Solicitors, expressou que sua cliente espera que o reconhecimento de culpa proporcione certo conforto aos investidores, e que a valorização significativa das criptomoedas apreendidas agora indica a existência de fundos suficientes para cobrir as perdas sofridas. Contudo, existem indícios de que o governo do Reino Unido tentará reter os valores confiscados. O Tesouro e o Ministério do Interior foram contatados pela BBC, mas ainda não se manifestaram sobre o destino dos fundos.
Reformas Legislativas e Recuperação de Ativos
Reformas na legislação criminal promovidas pelo governo conservador anterior do Reino Unido tinham como objetivo principal agilizar e facilitar os processos de apreensão, congelamento e recuperação de criptoativos pelas autoridades. Essas alterações legislativas também criaram a possibilidade de que algumas das vítimas pudessem requerer a liberação de seus bens retidos em contas. O combate à fraude envolvendo criptomoedas tornou-se uma prioridade para muitas jurisdições. O governo do Reino Unido tem planos de ação específicos para enfrentar esses desafios, visando um sistema mais robusto contra crimes financeiros, conforme detalhado no plano nacional de combate ao crime econômico. Para mais informações sobre as diretrizes do governo britânico nesse âmbito, consulte o Plano de Combate ao Crime Econômico do Reino Unido.
Envolvimento de Cúmplices e Lavagem de Dinheiro
Na trama de **fraude de Bitcoin e lavagem de dinheiro**, Qian contou com a assistência de Jian Wen, uma ex-funcionária de restaurante chinês. Wen foi sentenciada no ano passado a seis anos e oito meses de prisão por sua participação ativa na operação criminosa. Aos 44 anos, Jian Wen foi responsável pela lavagem dos ganhos ilícitos, o que lhe permitiu sair de uma residência acima de um restaurante e mudar-se para uma “casa alugada de milhões de libras” na região norte de Londres em 2017, segundo informações do Crown Prosecution Service (CPS). Adicionalmente, ela efetuou a compra de dois imóveis em Dubai, totalizando mais de 500 mil libras (aproximadamente R$ 3,7 milhões). A polícia confirmou a apreensão de mais de 300 milhões de libras (cerca de R$ 2,1 bilhões) em Bitcoins de Wen, valores esses que foram utilizados na tentativa de lavagem. Wen argumentou que havia adquirido os imóveis para um empregador na China, porém o CPS contestou essa versão, ressaltando a significativa quantidade de Bitcoins envolvidos e a ausência de provas sobre a origem lícita dos fundos.

Imagem: g1.globo.com
O Legado e a Continuidade da Investigação
“Bitcoin e outras criptomoedas estão sendo cada vez mais usadas por criminosos organizados para disfarçar e transferir ativos, para que os fraudadores possam desfrutar dos benefícios de sua conduta criminosa”, declarou o vice-promotor-chefe da Coroa, Robin Weyell. Ele destacou que este caso, notável pela maior apreensão de criptomoedas no Reino Unido, evidencia a magnitude dos lucros ilícitos acessíveis a esses fraudadores. Will Lyne, chefe do Comando Econômico e de Crimes Cibernéticos da Polícia Metropolitana, considerou a condenação como o “ápice de anos de investigação dedicada”, envolvendo esforços conjuntos entre as forças policiais do Reino Unido e da China. A polícia confirmou que as investigações continuam em andamento, e o CPS está empenhado em garantir que os bens confiscados não retornem aos fraudadores. Já em 2023, um esquema de indenização implementado na China permitiu que muitas vítimas recuperassem parte dos valores subtraídos. Zhimin Qian permanecerá sob custódia aguardando sua sentença definitiva, que será proferida após um julgamento envolvendo outros indivíduos conectados ao caso. A data precisa da sentença ainda não foi oficialmente estabelecida.
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Este caso emblemático de **condenação chinesa por fraude de Bitcoin** não apenas sublinha a escala do crime financeiro na era digital, mas também a crescente complexidade na sua perseguição e resolução. As autoridades de diversas nações continuam a colaborar para enfrentar os desafios impostos pelas criptomoedas no cenário do crime organizado, buscando justiça e restituição para as vítimas. Para mais artigos e análises sobre o cenário econômico e o impacto da tecnologia nas finanças globais, continue navegando em nossa editoria de Economia.
Crédito da imagem: Foto: Polícia de Londres
Crédito da imagem: Foto: Divulgação
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