A prática regular de exercícios físicos para idosos tem se consolidado como um pilar fundamental para promover o bem-estar e a qualidade de vida durante o envelhecimento. Longe da ideia de um estilo de vida limitado, pessoas com mais de 60 anos estão cada vez mais buscando atividades físicas como um meio eficaz de cuidar tanto da saúde corporal quanto da saúde mental, desfrutando de uma longevidade mais ativa e plena.
Um exemplo inspirador é Salomeh Ferrari, artista plástica de 62 anos, que sempre cultivou um estilo de vida ativo, e manteve essa rotina ao envelhecer. Ela representa um grupo em expansão de indivíduos acima dos 60 anos que veem na atividade física uma ferramenta poderosa para a manutenção da vitalidade. Esta tendência ganha ainda mais significado em datas como 1º de novembro, Dia Nacional e Internacional da Pessoa Idosa, marco instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1990 e reconhecido no Brasil a partir de 2006, reforçando a importância do bem-estar nesta fase da vida.
Exercícios Físicos: Aliados Essenciais ao Bem-Estar na Velhice
Dados recentes corroboram essa ascensão. Um levantamento da Tecnofit, plataforma de gestão para o setor fitness, revelou um notável crescimento de 57,31% no número de idosos matriculados em estabelecimentos de atividades físicas entre os anos de 2022 e 2023. Esse incremento sinaliza uma mudança cultural e uma crescente conscientização sobre os benefícios da movimentação para a saúde sênior.
Outro estudo, conduzido pela TotalPass, empresa de benefícios corporativos de bem-estar, entre julho de 2022 e julho de 2025 (período conforme dados coletados), oferece um panorama mais detalhado do engajamento de usuários acima dos 60 anos. Os dados indicam que a maior concentração de participantes está em São Paulo (65%), seguido por Rio de Janeiro (16,7%) e Minas Gerais (4,7%). A pesquisa também aponta as modalidades mais procuradas, incluindo pilates, funcional, musculação, alongamento, dança, HIIT (Treinamento Intervalado de Alta Intensidade) e boxe. Quanto ao perfil de gênero, observa-se maior participação feminina acima dos 60 anos em São Paulo, enquanto outros estados demonstram uma distribuição mais equitativa. Uma parcela dos usuários optou por não declarar gênero.
Para Salomeh Ferrari, o pilates, inicialmente adotado como parte da recuperação de uma lesão no ombro, transformou-se em uma paixão duradoura. Além disso, ela encontrou na caminhada uma forma de terapia e aprendizado. “Agora, eu caminho sozinha, mas é bom porque escuto podcasts. Vou ouvindo, aprendendo coisas novas… É quando eu mato todas as minhas curiosidades”, relata, destacando a caminhada como um momento de conexão consigo mesma e de enriquecimento pessoal.
Aposentada, Anaí Pelai, de 70 anos, é outra entusiasta do pilates e da caminhada, práticas que adota há 15 anos e que servem de inspiração para outros. Ela frequenta o Espaço Ponto de Equilíbrio, estúdio de pilates administrado por sua filha, Ariane Pelai, de 38 anos. “É um lugar mais reservado e me transmite segurança porque os instrutores são especializados e fisioterapeutas. Eles estão sempre ao meu lado corrigindo os exercícios”, comenta Anaí, ressaltando a importância de uma orientação profissional qualificada.
Anaí atribui sua excelente saúde à constância na prática de exercícios. “Me sinto muito bem desde que comecei. Acordo sem dores, e isso muda todo o meu dia”, afirma. O pilates, em sua visão, une força, alongamento e alívio para dores nas pernas, elementos que se mostraram essenciais para o seu bem-estar diário. Em todas as suas consultas médicas, a recomendação é unânime: continuar ativa.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece diretrizes claras para a atividade física na terceira idade, recomendando que idosos pratiquem entre 150 a 300 minutos de atividade aeróbica de intensidade moderada a vigorosa por semana, complementada por, no mínimo, dois dias de exercícios voltados para o fortalecimento muscular e o equilíbrio. Estas recomendações, embora idealizadas, visam a um envelhecimento ativo e livre de limitações. É importante buscar fontes confiáveis, como a Organização Mundial da Saúde, para mais informações sobre as diretrizes de atividade física para todas as idades.

Imagem: www1.folha.uol.com.br
Rondinei Silva Lima, gerontólogo da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), observa que, apesar de as metas da OMS poderem parecer desafiadoras para alguns, os benefícios começam com passos menores. “Estudos mostram que 20 minutos de caminhada semanais já podem gerar benefícios cardiovasculares, cognitivos, melhorar a memória, a atenção e o humor”, explica o especialista, destacando que qualquer nível de atividade já traz impacto positivo.
A pesquisa Vigitel mostra um avanço significativo na redução da prática insuficiente de atividade física entre idosos, com uma queda de 73,2% em 2013 para 63,6% em 2023. No entanto, a inatividade total ainda representa um desafio, atingindo 32,2% da população idosa em 2023.
O geriatra Eduardo Ferriolli, especializado em envelhecimento e sarcopenia, sublinha a importância da avaliação prévia antes de iniciar qualquer programa de exercícios. Para atividades de intensidade leve a moderada, como caminhada ou musculação, uma avaliação cardiológica não é estritamente necessária, desde que o indivíduo não apresente histórico de doenças cardiovasculares ou sintomas relacionados. Contudo, para treinos mais vigorosos, como corrida ou musculação com cargas elevadas, a avaliação cardiológica é fortemente recomendada. Ferriolli também enfatiza a necessidade de investigar a osteoporose antes de exercícios de impacto, a fim de mitigar o risco de fraturas, e de analisar o equilíbrio e o potencial de quedas.
Apesar do crescente engajamento de idosos em atividades físicas, o sedentarismo permanece uma preocupação latente. Dados do Vigitel, entre 2006 e 2023, indicam que mais da metade (53,9%) dos idosos passa três horas ou mais por dia em frente a telas, o que caracteriza um comportamento sedentário. Rondinei Lima alerta que este comportamento, definido como o tempo em que se permanece sentado ou deitado, excluindo o sono, é um “vilão” independente da prática regular de exercícios. Inclusive, pessoas que cumprem as metas semanais de atividade física ainda podem apresentar risco cardiovascular elevado se passarem mais de oito horas diárias sentadas. O ideal, segundo Lima, é limitar esse tempo a, no máximo, quatro horas por dia.
Para os especialistas, os benefícios da atividade física transcendem as questões meramente corporais. Além de combater o sedentarismo, os exercícios favorecem a socialização – aspecto crucial diante da frequente redução dos círculos sociais na velhice. Previnem e auxiliam no tratamento de doenças crônicas como diabetes, câncer e problemas cardíacos, e fortalecem o sistema musculoesquelético. No campo da saúde mental, contribuem para a diminuição de sintomas depressivos e protegem a cognição, mantendo a mente ativa. Ao promover autonomia, mobilidade e independência, a prática regular de exercícios físicos contribui significativamente para a redução de consultas médicas e queixas de saúde. Existe um consenso claro entre os profissionais consultados: a atividade física representa um pilar insubstituível para um envelhecimento com saúde e qualidade.
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Com a relevância dos exercícios físicos para uma vida plena, convidamos você a explorar mais sobre os impactos de um estilo de vida ativo e continuar acompanhando as tendências e análises em nossa editoria. Não perca as próximas reportagens que aprofundarão temas importantes sobre saúde, bem-estar e longevidade.
Crédito da imagem: Rafaela Araújo/Folhapress
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