A cena do carnaval brasileiro foi abalada nesta terça-feira, 30 de abril, pela triste notícia da confirmação da morte do intérprete Gilsinho, renomado cantor de samba, aos 55 anos. A voz marcante, conhecida por suas performances energéticas na Portela, do Rio de Janeiro, e na Tom Maior, de São Paulo, partiu após complicações médicas. Sua perda representa uma lacuna inestimável para ambas as agremiações e para o mundo do samba.
A escola de samba Tom Maior, com a qual Gilsinho atuava desde 2021, foi uma das primeiras a expressar publicamente seu pesar. Em nota veiculada em rede social, a agremiação paulista destacou a dor profunda e o luto, afirmando que “a partida de Gilsinho deixa uma lacuna irreparável e saudades eternas em nossos corações”. O cantor não apenas emprestou seu talento vocal, mas também estabeleceu um vínculo profundo com toda a “família Tom Maior”, deixando um legado de dedicação, alegria e talento nos desfiles e no convívio diário.
Morte do Intérprete Gilsinho, da Portela e Tom Maior, aos 55 Anos
Segundo informações divulgadas pela Portela, o falecimento do cantor ocorreu em decorrência de complicações médicas sucedidas a um procedimento cirúrgico. Amigos próximos do intérprete revelaram que Gilsinho havia sido submetido a uma cirurgia bariátrica na semana anterior, recebendo alta hospitalar no sábado, 27. No entanto, o artista começou a apresentar complicações a partir da última segunda-feira, culminando em seu óbito.
Gilsinho, cujo nome completo era Gilson da Conceição, deixou uma marca indelével na história do samba, especialmente como intérprete oficial da Portela desde 2006. Sua trajetória também incluiu cinco carnavais memoráveis pela Vai-Vai, de São Paulo, até o ano de 2018. Durante sua passagem pela Vai-Vai, o intérprete conquistou dois campeonatos (em 2001 e 2015) e foi reconhecido com o prêmio de Melhor Intérprete de SP em 2010, concedido pelo Troféu Sambario. A agremiação do Bixiga, ao se despedir, declarou: “Vai-Vai Silêncio o sambista está dormindo”, reiterando que sua voz e energia serão para sempre um patrimônio do samba.
Entre suas características mais marcantes, a voz potente do cantor cativava o público, especialmente nos momentos de “esquenta” para a entrada na Marquês de Sapucaí. Suas raízes no samba eram profundas; ele era filho de Jorge do Violão, um membro da Velha Guarda da Portela nas décadas de 1970 e 1980, e afilhado do lendário compositor Casquinha. Gilsinho emocionou plateias com interpretações de clássicos como “Maria Maria” na homenagem da Portela a Milton Nascimento, em anos recentes também reverenciou Xangô e a icônica Clara Nunes. Seu grito de guerra “Vai na Ginga, Portela!” tornou-se sinônimo de sua paixão e entrega.
O legado de Gilsinho para a Portela foi monumental. A escola decretou luto oficial de três dias em reconhecimento à sua importância. “Sua voz embalou momentos inesquecíveis, emocionou gerações e marcou profundamente o Carnaval do Brasil. Ele representou com maestria a nossa tradição, levando o nome da Portela com respeito, talento e paixão”, expressou a agremiação em seu comunicado. A escola reforçou que Gilsinho foi um dos maiores ícones de sua história e que, “sob o carinho de Clara Nunes, ele deixa filhos e uma comunidade cheia de saudade.”
A repercussão da morte de Gilsinho ecoou por todo o universo carnavalesco. A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) divulgou uma nota de profunda tristeza. Em suas redes sociais, a entidade salientou que Gilson da Conceição foi um “intérprete marcante da Portela e voz inesquecível do Carnaval carioca”, cuja “trajetória ficará eternizada na história do samba e na memória da nossa Avenida”. A Liesa estendeu sua solidariedade à família, amigos e à comunidade portelense neste momento de dor, reforçando o luto pela perda de um dos grandes expoentes do Carnaval brasileiro. Mais detalhes sobre a rica história do carnaval podem ser encontrados em portais de notícias especializados no assunto, como o G1 Carnaval.
Líderes políticos e outras personalidades também lamentaram a perda. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, um notório portelense, descreveu Gilsinho como alguém que “transformava as letras e melodias em uma experiência coletiva”. Para Paes, o maestro vocal da Portela “nos deixou de maneira inesperada”, expressando votos de conforto à família e à imensa família Portelense, e reiterando que Gilsinho fará “muita falta ao carnaval carioca”. Diversas outras escolas de samba do Rio de Janeiro, como Salgueiro, Mocidade, Paraíso do Tuiuti e Acadêmicos de Niterói, igualmente manifestaram seu pesar nas redes sociais.

Imagem: g1.globo.com
A Tom Maior, em outra tocante homenagem, descreveu-se “em pranto”, afirmando que “Partiu Gilson Conceição, o nosso eterno Gilsinho, e com ele vai um pedaço da nossa história, da nossa alma, da nossa voz.” A escola paulistana relembrou o “privilégio de viver os dias mais intensos” com ele, mencionando o 4º lugar conquistado em 2022 e a dolorosa queda em 2024. Mesmo diante das adversidades, Gilsinho optou por permanecer, escolhendo “ficar para reerguer, para devolver à Tom Maior o brilho que nunca se apagaria”, e estava pronto para a subida de grupo em 2025, carregando consigo a esperança da comunidade.
O jornalista e escritor Fábio Fabato, um respeitado especialista em carnaval, reforçou a singularidade do intérprete, notando que outros colegas cantores consideravam sua voz quase “impossível de ser enquadrada e alcançada”. Fabato salientou que Gilsinho foi “muito mais do que intérprete poderoso de escola de samba”, sendo um talento que transitava com maestria por qualquer gênero, com destaque para o pagode, possuindo um timbre e extensão únicos que o elegeram como um dos maiores cantores do Brasil, mesmo em um país com tantas grandes vozes.
A voz de Gilsinho ressoava a alma portelense e se tornou um ícone. Ele embalou gerações com seu talento e representou a tradição do samba com inegável maestria. Sua partida precoce deixa uma saudade imensa, mas seu legado e suas inesquecíveis performances permanecerão vivos na memória de fãs e amantes do carnaval.
A Portela concluiu sua despedida oficial enfatizando a grandiosidade de Gilsinho, a quem jamais esquecerá. Em todos os comunicados das escolas e ligas, o sentimento de gratidão e reconhecimento à sua vasta contribuição para a cultura popular brasileira e o samba foi unânime. Gilsinho se despediu deixando para o Carnaval de São Paulo e do Rio de Janeiro uma herança artística inquestionável e um modelo de paixão pela música.
Confira também: artigo especial sobre leis e valortrabalhista
A morte do intérprete Gilsinho, da Portela e Tom Maior, é um marco triste na história do Carnaval. A comunidade do samba, tanto carioca quanto paulista, sente a perda de um de seus maiores expoentes, cujo talento e carisma foram capazes de mover multidões. Sua memória será celebrada por todos que tiveram o privilégio de ouvir sua voz e presenciar sua dedicação à arte do samba. Nossa equipe continua acompanhando os desdobramentos de eventos culturais e comunitários. Para se aprofundar em outros temas relevantes, visite nossa seção de Notícias das Cidades.
Crédito da imagem: Gil Lira/Divulgação
🔗 Links Úteis
Recursos externos recomendados