A **sobrecarga do calendário de futebolistas** está atingindo níveis críticos, conforme evidenciado por um relatório recente do FIFPro (Federação Internacional das Associações de Jogadores Profissionais). Publicado em uma segunda-feira (29), o documento aponta que as temporadas mais extensas, períodos de férias drasticamente encurtados e os constantes deslocamentos internacionais contribuem para um cenário desafiador para os atletas. A situação, segundo a entidade, foi substancialmente agravada pela realização inédita da Copa do Mundo de Clubes em seu novo formato.
O impacto é visível na rotina dos jogadores de elite. Achraf Hakimi, lateral do Paris Saint-Germain, é um exemplo contundente: após participar de 53 jogos na temporada 2023/24, sua projeção saltou para 69 partidas no período de 2024/25. Esse aumento significativo no número de confrontos deve-se principalmente à inclusão de novas competições globais entre clubes, como o Mundial de Clubes. Este torneio, disputado nos Estados Unidos entre 14 de junho e 13 de julho, viu o PSG alcançar o vice-campeonato.
Sobrecarga do Calendário Afeta Futebolistas e Gera Alerta FIFPro
O acúmulo incessante de partidas expõe os atletas a elevados riscos de lesões e complicações de saúde, conforme detalhado pelo relatório da FIFPro. A entidade ressalta o caso do meio-campista espanhol Rodri, cujo histórico serve de alerta. Após anos sob intensa demanda física, o volante sofreu uma grave ruptura dos ligamentos cruzados, perdendo grande parte da temporada anterior. Infelizmente, a lesão voltou a manifestar-se durante a Copa do Mundo de Clubes, o que comprometeu significativamente sua participação na fase de preparação para o ciclo futebolístico subsequente. O sindicato de jogadores enfatiza que essa série de eventos não é isolada, mas uma consequência direta de um calendário cada vez mais denso.
Uma das preocupações centrais levantadas pela FIFPro refere-se à insuficiente duração do período de descanso concedido aos jogadores que atuaram no Mundial de Clubes. O relatório revela que nenhuma das equipes que participaram da competição ofereceu a seus atletas os 28 dias de férias, período considerado mínimo e recomendado pelo sindicato para uma recuperação física e mental adequada.
Além disso, o FIFPro sublinha que esses 28 dias não deveriam cobrir apenas o período de férias, mas também servir como um tempo ideal para a pré-temporada dos clubes. Contudo, a realidade é distinta. O Paris Saint-Germain, por exemplo, ofereceu apenas 7 dias para a preparação de seus atletas. Já o Chelsea, equipe que se consagrou campeã do Mundial de Clubes, dispôs de 13 dias para o mesmo fim, números que ficam muito aquém do que é considerado ideal e necessário para um desempenho esportivo sustentável e para a integridade física dos profissionais.
A crítica ao calendário não é exclusividade do sindicato; jogadores e técnicos de renome também vêm expressando suas apreensões. Atletas como o defensor francês Jules Koundé, do Barcelona, e seu compatriota Kylian Mbappé, atacante do Real Madrid, manifestaram publicamente sua preocupação com a crescente carga de trabalho. Mbappé, em declaração feita no início de setembro, enfatizou que “não é uma questão unicamente de número de partidas, é mais uma questão de recuperação.” Ele acrescentou a importância de “um pouco mais de descanso, férias para regenerar o corpo e poder digerir esta carga de partidas”, salientando a necessidade de tempo hábil para os atletas se restabelecerem completamente.

Imagem: www1.folha.uol.com.br
O FIFPro vai além das observações e apresenta um conjunto de requisições específicas para mitigar a sobrecarga. Entre as propostas, destacam-se a implementação obrigatória de uma pausa de uma semana no meio da temporada, garantindo um respiro no decorrer do ciclo de jogos. Adicionalmente, o sindicato clama pela garantia de um dia mínimo de descanso semanal. Por fim, para os jogadores mais jovens, o FIFPro defende a instauração de garantias explícitas sobre a carga de trabalho, visando proteger a saúde e o desenvolvimento de futebolistas com menos de 18 anos de idade, prevenindo problemas a longo prazo.
A questão da saúde e segurança dos atletas não se limita apenas ao número de partidas. Com a aproximação do Mundial de 2026, que será coorganizado por Estados Unidos, México e Canadá, o FIFPro lança um alerta adicional sobre os perigos relacionados às altas temperaturas. A entidade frisa que as condições climáticas escaldantes vivenciadas em certas partidas do recente Mundial de Clubes nos Estados Unidos constituíram “um problema real”. Essa observação foi inclusive ratificada pelo próprio presidente da Fifa, Gianni Infantino, que reconheceu publicamente a gravidade do cenário climático adverso, um fator que deve ser rigorosamente considerado na organização de futuros torneios.
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Em resumo, o relatório do FIFPro serve como um claro chamado à ação, evidenciando que a intensificação do calendário de futebol, impulsionada por torneios como a Copa do Mundo de Clubes, coloca em risco a saúde e a carreira dos futebolistas. A demanda por um equilíbrio entre competições e a devida recuperação dos atletas é crucial. Para aprofundar-se nos desdobramentos desta e outras análises do mundo esportivo, explore mais conteúdos em nossa editoria de Esporte.
Crédito da imagem: Jeenah Moon – 13.jul.2025/Reuters
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