Uma emocionante homenagem às vítimas do acidente no Pantanal, veiculada no programa Fantástico, revelou ao público registros e depoimentos nunca antes vistos, marcando profundamente os familiares e amigos. A reportagem lançou luz sobre os últimos dias do grupo de quatro homens que perdeu a vida em um trágico acidente aéreo, ocorrido em 23 de setembro, na região de Aquidauana, Mato Grosso do Sul.
A pauta principal abordava os bastidores da viagem do renomado arquiteto chinês Kongjian Yu, que sonhava em explorar o bioma pantaneiro. Ele estava acompanhado dos cineastas brasileiros Luiz Fernando Ferraz e Rubens Crispim Júnior, além do piloto Marcelo Pereira de Barros. A jornada visava documentar o inovador conceito das cidades-esponja, idealizado por Yu, cujos últimos dias de vida foram eternizados em filmagens para um projeto póstumo que as famílias prometem concluir.
Homenagem Vítimas Acidente Pantanal: Detalhes Inéditos
Familiares compartilharam a dor da perda e, ao mesmo tempo, enalteceram o legado dos envolvidos, que, de acordo com o relato de um morador local, formavam um “grupo muito feliz”. Segundo Gal Buitoni, viúva de Luiz Fernando, Kongjian Yu havia expressado seu profundo desejo de conhecer o Pantanal. Ela recordou que o arquiteto ficou maravilhado ao constatar a semelhança entre a natureza selvagem da planície alagada e os princípios que guiavam suas construções em mais de 70 metrópoles chinesas.
Em trechos de vídeos inéditos, o próprio Yu, figura mundialmente reconhecida pelo desenvolvimento do conceito das cidades-esponja – sistemas que buscam soluções sustentáveis para gestão de águas urbanas e redução de enchentes –, descreveu o Pantanal como “o último Éden do planeta” e um local de exploração e descoberta de segredos. Essa profunda conexão com o meio ambiente era o motor do projeto, que o trouxe ao Brasil semanas antes do incidente para participar da Bienal de São Paulo e defender que o país poderia se tornar um modelo global nessa estratégia urbanística.
O fatídico sobrevoo ocorreu na noite de 23 de setembro. O avião que transportava os quatro ocupantes precipitou-se, encerrando uma semana de intensas gravações e entrevistas, incluindo imagens aéreas. “A dimensão do Pantanal só é possível ver de avião, e os projetos do professor [Yu] só se entendem do alto”, justificou Gal Buitoni, ressaltando a relevância da perspectiva aérea para a obra do urbanista e, consequentemente, para o documentário que estava em produção.
Legados de Uma Paixão pela Vida e Criação
Os relatos emocionados trouxeram à tona as personalidades e paixões de cada vítima. Rubens Crispim Júnior, o documentarista, partiu “com a câmera na mão”, conforme observou Heloísa, sua viúva. “Isso me trouxe alento”, completou. Reconhecido por sua sensibilidade e humanidade, Rubens viajou o mundo documentando a vida desde a infância, sempre com a fotografia como sua principal ferramenta de expressão. Clara, filha do cineasta, compartilhou que seu pai “tinha a magia da vida” e que a câmera era sua forma de “eternizar isso”. Sua identificação no momento do resgate ocorreu justamente pelo equipamento que segurava, um símbolo de sua devoção.
Luiz Fernando Ferraz, além de talentoso cineasta, era o fundador do vibrante bloco de carnaval “Confraria do Pasmado”. Ele era uma pessoa de paixão e intensidade, dedicando-se com fervor a todos os seus projetos e relações. “Nunca foi pela metade. Sempre com intensidade e paixão”, recordou Gal, viúva de Luiz, salientando o espírito engajado do marido em cada aspecto de sua existência.
A força das famílias para dar continuidade ao trabalho dos entes queridos é um dos pontos mais tocantes. “Não foi em vão o que estavam fazendo. Vamos terminar esse filme, porque é um registro eterno”, garantiu Gal, evidenciando o desejo coletivo de eternizar o projeto que uniu os três profissionais ao piloto.
A Investigação: Pouso Irregular e Falhas de Segurança
Paralelamente à homenagem, a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul forneceu novas informações sobre a investigação do acidente. A delegada Ana Cláudia Medina detalhou que o avião, um Cessna 175, modelo de 1958, realizou uma tentativa de pouso após o horário limite de operação, estabelecido até as 17h39. A aeronave tentou o pouso irregular por volta das 18h03, já sob condições de visibilidade comprometida.

Imagem: g1.globo.com
A reconstrução dos eventos aponta que o piloto, em sua primeira manobra, tentou um pouso desalinhado e precisou arremeter. Na segunda tentativa, a aeronave colidiu com uma árvore de aproximadamente 20 metros de altura, situada a apenas 300 metros da cabeceira da pista. “Bateu nessa árvore, perdeu sustentação, caiu e incendiou. Todos morreram na hora”, relatou a delegada. A identificação de galhos na fuselagem do avião, somada a registros visuais da própria equipe a bordo, auxiliou as autoridades na compreensão da dinâmica da queda.
Foi revelado também que a aeronave possuía um histórico de irregularidades, tendo sido apreendida em 2019. Embora tenha recebido autorização para voar em 2022, essa permissão não se estendia a operações de táxi aéreo nem a voos noturnos, tornando a operação na noite do acidente duplamente irregular.
Em contraste com as conclusões iniciais da Polícia Civil, a defesa do piloto Marcelo Pereira de Barros, apresentada pelo advogado Djalma Silveira, refuta algumas alegações. Silveira, que se identificou como amigo do piloto, descreveu Marcelo como um profissional exemplar e amante da aviação e da natureza. Ele assegurou que o avião estava devidamente regularizado e com autorização de voo válida no momento do incidente, contrariando o laudo inicial da investigação policial.
Enquanto a Polícia Civil conclui sua apuração, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), órgão responsável pela segurança aeronáutica no Brasil, segue investigando o caso. Testes de visibilidade foram conduzidos para estabelecer as condições exatas enfrentadas durante o voo, indicando uma análise aprofundada das circunstâncias do acidente.
Confira também: artigo especial sobre leis e valortrabalhista
A história da homenagem às vítimas do acidente no Pantanal revela a profundidade dos laços afetivos e profissionais, ao mesmo tempo em que destaca as questões críticas de segurança aérea. A busca pela conclusão do documentário por parte das famílias ressalta o inestimável legado desses profissionais. Continue acompanhando nossas editorias para mais notícias e análises sobre temas relevantes em Cidades e Análises.
Crédito da imagem: Reprodução/Fantástico
🔗 Links Úteis
Recursos externos recomendados