As autoridades da Dinamarca impuseram uma proibição temporária a **voos de drones** civis em todo o território nacional. A medida, em vigor até a próxima sexta-feira, dia 3, é uma resposta direta aos recentes avistamentos de aeronaves não tripuladas em áreas de segurança crítica, incluindo bases militares e aeroportos.
A tensão cresceu após uma semana de incidentes, que inicialmente causaram o fechamento de aeroportos devido à presença de drones. Na noite da última sexta-feira, dia 26, novos relatos de avistamentos ocorreram na maior base militar do país. Já na virada de sábado para domingo, as observações se estenderam a diversas outras instalações militares. Estes episódios intensificaram as preocupações sobre a segurança aérea e a infraestrutura crítica do país, motivando uma resposta enérgica do governo.
Dinamarca proíbe voos de drones após avistamentos militares
A proibição temporária se estende a todos os operadores de drones civis na Dinamarca e foi estabelecida em um período crucial. A nação escandinava receberá líderes da União Europeia e de outros países europeus para uma importante cúpula nesta quarta e quinta-feira. O Ministro dinamarquês da Defesa, Troels Lund Poulsen, justificou a decisão, afirmando: “Estamos atualmente em uma situação difícil de segurança, e precisamos garantir as melhores condições de trabalho possíveis para as Forças Armadas e a polícia quando eles estiverem responsáveis pela segurança durante a cúpula da UE.”
Incidentes semelhantes foram notificados em outras partes da Europa. Na Noruega, as autoridades investigam a aparição de drones não identificados próximo a Orland, a principal base de caças F-35 e um ponto estratégico da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Na Alemanha, o Ministro do Interior, Alexander Dobrindt, relatou no sábado o avistamento de um “enxame” de drones ao norte do país, perto da fronteira com a Dinamarca, prometendo rever a legislação para permitir o abate de tais dispositivos pelas Forças Armadas.
No caso dinamarquês, as Forças Armadas não precisaram a localização exata dos drones na sexta-feira, mas a polícia confirmou a Base Aérea de Karup, localizada no oeste do país. Karup é a principal base da Força Aérea Real Dinamarquesa, abrigando helicópteros, equipamentos de vigilância e a escola de aviação. Partes do comando de defesa da Força Aérea também operam a partir deste local, conforme seu site institucional. Um policial, Simon Skelsjaer, informou à agência AFP sobre um incidente por volta das 19h15 locais, onde dois drones foram observados fora e sobrevoando a base, durando algumas horas. Ele confirmou que os drones não foram abatidos.
A polícia dinamarquesa manteve sigilo sobre a origem dos drones, mas garantiu estar cooperando com os militares na investigação. A Base de Karup, que compartilha pistas de pouso com o aeroporto civil de Midtjylland, teve suas operações suspensas por um breve período. Segundo Skelsjaer, o impacto na aviação civil foi mínimo, uma vez que não havia voos comerciais agendados para aquele horário. As autoridades, na noite seguinte, reportaram novos avistamentos em diversas outras instalações militares sem detalhar as ações tomadas.
A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, categorizou os recentes eventos como “ataques híbridos”, descrevendo-os como o “mais grave ataque até agora à infraestrutura crítica dinamarquesa”. Ela apontou diretamente para a Rússia como “o principal país que representa uma ameaça à segurança da Europa”. O Kremlin, por sua vez, “rejeitou firmemente” qualquer insinuação de envolvimento, taxando as acusações de “provocação encenada” através de sua embaixada via redes sociais.

Imagem: g1.globo.com
Os **voos de drones** incomuns começaram dias após a Dinamarca anunciar seus planos de adquirir, pela primeira vez, armas de precisão e longo alcance, citando a Rússia como uma ameaça persistente. Casos similares foram registrados recentemente na Polônia e na Romênia. No início da semana, a Estônia relatou que caças russos violaram seu espaço aéreo, necessitando de escolta por jatos da OTAN operados pela Finlândia, Itália e Suécia. Para uma visão mais aprofundada sobre as crescentes tensões geopolíticas e os riscos para a segurança na Europa, consulte informações adicionais da Deutsche Welle sobre o conflito na Europa Oriental.
O Ministro russo do Exterior, Sergei Lavrov, abordou a Assembleia Geral da ONU, refutando as acusações: “A Rússia está sendo acusada de quase planejar atacar a aliança do Atlântico Norte (OTAN) e os países da União Europeia”, declarou. “A Rússia nunca teve e não tem nenhuma intenção do tipo. Contudo, qualquer agressão contra meu país terá uma resposta decisiva.” Posteriormente, a jornalistas, Lavrov alertou que países que abaterem objetos no espaço aéreo russo “vão se arrepender muito”, em um momento em que a OTAN e até o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, têm cogitado a possibilidade de derrubar caças russos.
A União Europeia também suspeita da Rússia por trás dessas incursões, as quais Moscou veementemente nega. Andrius Kubilius, comissário europeu para Defesa, destacou que “A Rússia está testando a UE e a OTAN, e nossa resposta tem que ser firme, unida e imediata”, defendendo a criação de um “muro antidrones” para salvaguardar o bloco de futuras infrações aéreas. A Alemanha, em consonância com as preocupações regionais, busca autorizar suas Forças Armadas a abater drones que representem risco à segurança ou à infraestrutura, com planos de implementar medidas técnicas e operacionais como reconhecimento, classificação e defesa eletrônica contra drones, incluindo interferência de sinal e sistemas para assumir o controle de dispositivos aéreos não tripulados através de hacking, conforme reportado em 27 de setembro pelo tabloide Bild.
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Em suma, a Dinamarca reagiu firmemente aos incidentes de drones que ameaçaram sua segurança nacional, impondo uma proibição de voos e expondo uma rede de tensões que se estende por toda a Europa. Os eventos recentes evidenciam a complexidade dos “ataques híbridos” e a urgência de uma resposta coordenada das nações ocidentais, bem como as veementes negativas da Rússia. Para continuar acompanhando as notícias mais relevantes sobre geopolítica e defesa, explore nossa editoria de Análises e mantenha-se informado sobre os desafios que moldam o cenário global.
Crédito das imagens: Steven Knap/Ritzau Scanpix/AFP/Getty Images via DW e Steven Knap/Ritzau Scanpix via AP.
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