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Cruzeiro do Sul: 121 Anos de Fundação e História no Acre

Neste domingo, 28 de setembro, a cidade de Cruzeiro do Sul celebra marcantes 121 anos de emancipação política. Reconhecida como a segunda maior metrópole do estado do Acre, e carinhosamente apelidada de “Princesinha do Juruá”, a localidade ostenta não apenas o epíteto de ter as maiores ladeiras da região, mas também de ser o berço […]

Neste domingo, 28 de setembro, a cidade de Cruzeiro do Sul celebra marcantes 121 anos de emancipação política. Reconhecida como a segunda maior metrópole do estado do Acre, e carinhosamente apelidada de “Princesinha do Juruá”, a localidade ostenta não apenas o epíteto de ter as maiores ladeiras da região, mas também de ser o berço do famoso biscoito de goma e produtora da mais conceituada farinha do estado. Sua rica história, que teve início com a sua fundação planejada em 1904, é um testemunho da tenacidade e visão de seus pioneiros e o marco de um desenvolvimento constante ao longo de mais de um século.

A expansão de Cruzeiro do Sul, que atualmente abriga quase 100 mil moradores, começou a se delinear em 1904, quando o militar Gregório Taumaturgo de Azevedo, amplamente conhecido como Marechal Taumaturgo, formalizou sua criação. Para desvendar os meandros de como a cidade se consolidou e cresceu, é fundamental compreender o contexto de exploração da vasta e enigmática região do Juruá. A influência do ciclo da borracha, no século XIX, desempenhou um papel pivotal nesse processo, atraindo um fluxo de exploradores em busca do “ouro branco” da Amazônia: o látex.

Cruzeiro do Sul: 121 Anos de Fundação e História no Acre

De acordo com Narcélio Generoso, diretor do Centro Cultural do Juruá, a partir da segunda metade do século XIX, a área assistiu à chegada de diversos exploradores, muitos deles estrangeiros. Ele destaca a presença de figuras como William Chandless, cujas incursões foram cruciais para a identificação da “goma”, que viria a ser o látex extraído das seringueiras. O historiador Franciney Almeida complementa essa narrativa, sublinhando que a crescente industrialização e a Revolução Industrial global impulsionaram a busca por matéria-prima, com a região acreana se destacando pela alta qualidade e abundância da borracha produzida, mesmo estando geograficamente isolada dos centros urbanos do país na época.

Contar a trajetória de Cruzeiro do Sul é também revisitar os notáveis desafios que os primeiros colonizadores e exploradores enfrentaram. As jornadas eram longas e exaustivas; o historiador Franciney Almeida relata a experiência do próprio Marechal Taumaturgo, que, insatisfeito com um vapor que alugara, levou 73 dias para percorrer o trajeto entre Manaus e Cruzeiro do Sul. Tal odisseia evidencia as imensas dificuldades logísticas daquele período, com os navios a vapor, predominantemente ativos nos invernos, responsáveis por abastecer os seringais e transportar a borracha extraída, enquanto os verões eram marcados por um ritmo de atividades reduzido.

Além dos percalços logísticos, a chegada dos exploradores e a introdução de uma nova cultura na região tiveram impactos profundos sobre os povos originários que já habitavam o Juruá. Houve considerável resistência à incursão nos territórios ancestrais. William Chandless, por exemplo, ao tentar estabelecer uma rota comercial em 1866 ao longo do Juruá, foi repelido pelos indígenas Náuas, no que hoje é a região de Liberdade. Narcélio Generoso reforça que essa reação dos povos originários refletiu uma época de intensa tensão, onde o “homem branco” chegava com o propósito de “civilizar”, uma ideia frequentemente rechaçada por essas comunidades.

A concepção da cidade de Cruzeiro do Sul está intrinsecamente ligada à questão da soberania territorial. Antes de sua fundação, a região pertencia ao Peru. Para defender esses territórios estratégicos dos interesses peruanos, uma ação militar foi empreendida. Em 1904, no local onde antes existia o Seringal Invencível, uma força-tarefa composta por mais de 200 militares e comandada pelo então Coronel Gregório Taumaturgo de Azevedo — o Marechal Taumaturgo — estabeleceu as bases da segunda maior cidade acreana.

Inicialmente, o bairro de Miritizal foi concebido como a primeira sede do município. Contudo, devido às suas características alagadiças, a área foi julgada imprópria para o estabelecimento de uma estrutura urbana permanente. Essa constatação levou à transferência da sede, em 28 de setembro de 1904, para o Seringal Centro Brasileiro. O professor Dejacir Júnior compartilha o relato sobre o processo de escolha do local final pelo Coronel Taumaturgo, descrevendo como ele avaliou as margens do rio, descartando áreas de várzea e optando pelos terrenos mais elevados e consistentes para erguer a cidade.

Cruzeiro do Sul: 121 Anos de Fundação e História no Acre - Imagem do artigo original

Imagem: g1.globo.com

Essa escolha não foi aleatória; o historiador Franciney Almeida esclarece que Cruzeiro do Sul foi, desde o seu nascedouro, uma cidade meticulosamente planejada. Marechal Taumaturgo concebeu uma planta urbanística detalhada, e notavelmente, o desenvolvimento e a expansão da cidade até os dias atuais continuam a seguir esse plano original. Este fator confere a Cruzeiro do Sul uma distinção singular, tornando-a uma das poucas cidades na Amazônia com tal nível de organização e continuidade em seu crescimento planejado.

Além do protagonismo de Gregório Taumaturgo de Azevedo na fundação, historiadores pontuam que outras figuras foram igualmente importantes para a consolidação e desenvolvimento inicial de Cruzeiro do Sul. Narcélio Generoso ressalta as contribuições de Craveiro Costa, que se tornou o primeiro inspetor de ensino da localidade, e Francisco do Rego Barros Barreto, cujo papel foi fundamental no desenvolvimento da infraestrutura urbana da então nascente cidade.

Para aprofundar seu conhecimento sobre os desdobramentos históricos do estado do Acre e as dinâmicas sociais da Amazônia, considere consultar fontes renomadas. Para entender melhor a complexa história da formação territorial do Acre e o impacto do ciclo da borracha na Amazônia, uma leitura aprofundada pode ser encontrada no site Brasil Escola, em seu artigo sobre a História do Acre.

Confira também: artigo especial sobre leis e valortrabalhista

A celebração dos 121 anos de Cruzeiro do Sul nos convida a revisitar sua notável jornada desde sua fundação planejada em meio aos desafios da Amazônia até se tornar a “Princesinha do Juruá” que conhecemos hoje. Conhecer sua história é fundamental para compreender sua identidade e o futuro que se constrói. Para mais notícias e análises aprofundadas sobre o cenário municipal, política e desenvolvimentos urbanos do Acre e de outras regiões do Brasil, continue acompanhando nossa editoria de Cidades no Hora de Começar, sempre com conteúdo de qualidade e contextualizado para você.

Crédito da imagem: Mazinho Rogério/Rede Amazônica Acre

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