A detenção de **Gabriel Spalone na Argentina**, um empresário e influenciador digital, marcou um desenvolvimento significativo nas investigações sobre um megaesquema de desvio financeiro. Spalone foi detido neste sábado (27) ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Buenos Aires, capital argentina. Ele era alvo de um mandado de prisão temporária expedido no Brasil por seu suposto envolvimento em transações ilegais via PIX, que teriam movimentado impressionantes R$ 146 milhões. A prisão só foi possível após sua inclusão na Difusão Vermelha da Interpol, mecanismo essencial para a captura de foragidos internacionais.
A chegada de Spalone ao solo argentino ocorreu depois de uma série de eventos que incluiu uma breve detenção e subsequente liberação no Panamá, na sexta-feira (26). A Interpol, que coordena a colaboração entre as polícias globais, desempenha um papel crucial ao dispor de 19 bancos de dados abrangentes, com informações de impressões digitais, perfis de DNA, documentos falsificados e obras de arte, auxiliando na identificação e captura de criminosos que tentam evadir a justiça em território estrangeiro. A efetivação de sua prisão ressalta a importância da cooperação internacional para coibir crimes de grande impacto financeiro e social.
A saga internacional de Gabriel Spalone na Argentina culmina agora em sua detenção. Este incidente põe em evidência as ramificações globais de crimes cibernéticos e financeiros, demandando uma resposta coordenada entre diferentes nações. As autoridades brasileiras aguardam a transferência do influenciador para que ele possa prestar contas à Justiça.
Influencer Gabriel Spalone Preso na Argentina por Fraude PIX
Tentativa de Fuga e a Virada no Panamá
Na sexta-feira (26), antes de ser preso na Argentina, Gabriel Spalone já havia sido brevemente detido no Aeroporto Internacional do Panamá. Ele foi liberado em menos de 24 horas. Segundo a apuração da TV Globo, Spalone deixou o Brasil com destino a Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Contudo, em uma escala estratégica no Paraguai, adquiriu uma passagem para Nova York, nos Estados Unidos, com conexão prevista para o Panamá. No aeroporto panamenho, ele optou por desistir da viagem para Nova York, comprando então uma nova passagem, desta vez com destino à Holanda. Foi durante essa tentativa de embarque para a Holanda que Spalone foi interceptado e detido inicialmente.
A sua defesa, representada pelo advogado Eduardo Maurício, prontamente contestou a legalidade da prisão no Panamá. Maurício afirmou que Spalone, de 29 anos, era uma pessoa livre para viajar e que, naquele momento, não existia nenhuma ordem de prisão internacional nem sua inclusão na lista da Interpol. Diante dessas alegações e da ausência de um alerta formal na base de dados internacional, as autoridades panamenhas decidiram pela sua liberação. Em declarações, o advogado descreveu a prisão inicial como “ilegal e abusiva”. Sua liberação ocorreu para que ele seguisse sua viagem planejada a Dubai.
A reviravolta decisiva veio pouco depois, quando, por meio de uma ação conjunta da Polícia Civil de São Paulo e da Polícia Federal do Brasil, o nome de Gabriel Spalone foi inserido na Difusão Vermelha da Interpol. Esta inclusão foi confirmada por Paulo Barbosa, delegado chefe da Divisão de Crimes Cibernéticos. Tal medida assegurou que, ao pousar em Buenos Aires, a apenas algumas horas de distância, a detenção do influenciador pela Interpol ocorresse ainda dentro da aeronave, surpreendendo-o ao descer do avião. Ele agora aguarda o processo de extradição para o Brasil, onde ficará à disposição da Justiça.
O Complexo Esquema de Desvio de Valores via PIX
A prisão de Spalone na Argentina é parte de uma investigação aprofundada sobre um esquema que resultou no desvio de aproximadamente R$ 146 milhões. A Delegacia de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil de São Paulo iniciou a operação na última terça-feira (23) com o objetivo de cumprir mandados de busca, apreensão e prisão temporária, embora o influenciador não tenha sido localizado na ocasião, dando início à sua tentativa de fuga. A investigação aponta que ele é o principal articulador e beneficiário de um sofisticado arranjo financeiro ilícito.
As empresas sob a gerência de Gabriel Spalone, que tinham o propósito declarado de oferecer serviços financeiros digitais – como transações de câmbio, operações com criptomoedas e processamento de pagamentos – operavam sem a devida autorização do Banco Central do Brasil para realizar transferências diretas via PIX. Para contornar essa regulamentação, as empresas de Spalone utilizavam os sistemas de bancos ou outras instituições financeiras que possuíam a necessária autorização. Este método é conhecido como “PIX indireto”, uma prática que foi oficialmente proibida em janeiro deste ano, quando o Banco Central implementou um endurecimento das regras para fintechs, visando coibir exatamente esse tipo de manobra. A restrição visa garantir a segurança e a conformidade das operações financeiras no país, minimizando os riscos de fraudes e lavagem de dinheiro.
De acordo com as averiguações policiais, a magnitude da fraude se manifestou de forma acelerada em fevereiro deste ano. As empresas de Gabriel Spalone executaram mais de 600 transferências ilegais, utilizando o modelo de PIX indireto, partindo de apenas 10 contas de um único banco. Toda essa movimentação ilegal, que totalizou os R$ 146 milhões, ocorreu em um período inferior a cinco horas. O banco afetado conseguiu identificar a fraude em tempo hábil, recuperando cerca de R$ 100 milhões do montante desviado, um esforço que demonstra a capacidade de resposta das instituições financeiras, mas que também sublinha a escala dos desafios impostos por criminosos com habilidades cibernéticas e conhecimento de lacunas regulatórias.
Além de Spalone, o esquema implicou a prisão de outros dois indivíduos. Guilherme Sateles Coelho e Jesse Mariano da Silva são suspeitos de terem se beneficiado de forma expressiva, embolsando quase R$ 75 milhões oriundos dessas transações fraudulentas. A investigação continua em andamento para desvendar todos os envolvidos e aprofundar os detalhes das operações, focando nas complexidades da rede financeira construída e nos danos causados às vítimas e ao sistema financeiro. A ação policial revela a crescente sofisticação das fraudes financeiras digitais, exigindo constante vigilância e aprimoramento das ferramentas de segurança e cooperação jurídica internacional.
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A detenção de Gabriel Spalone na Argentina representa um avanço crucial na Operação da Polícia Civil e Federal, enviando um claro sinal contra crimes cibernéticos de alta complexidade. Ações conjuntas internacionais como esta são indispensáveis para garantir que indivíduos envolvidos em fraudes financeiras de grande escala sejam responsabilizados, independentemente das fronteiras. Mantenha-se atualizado com as últimas notícias e análises sobre economia e justiça em nossa editoria.
Crédito da imagem: Reprodução/Arquivo pessoal

Imagem: g1.globo.com
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