O mercado ilegal de cavalos-marinhos representa uma das maiores ameaças à sobrevivência desses animais marinhos, conforme destacado pela bióloga Laura Ternes. Recentemente, a dimensão dessa atividade criminosa foi evidenciada com a prisão de dois homens de origem chinesa no litoral do Piauí. Eles foram detidos na quinta-feira, dia 25 de abril, sob a suspeita de contrabando não apenas de cavalos-marinhos, mas também de barbatanas de tubarão, material que se destina a um vasto e lucrativo comércio internacional.
A especialista sublinhou que a captura e a venda ilegais são fatores primordiais que impulsionam o declínio populacional dos cavalos-marinhos. No Piauí, essa redução é particularmente alarmante. Estudos recentes apontam para uma diminuição de cerca de 73% na densidade populacional desses animais entre os anos de 2006 e 2021. Em determinadas localidades do estado nordestino, a taxa de declínio foi ainda mais severa, chegando a impressionantes 84%, um indicativo claro da intensa pressão exercida sobre as espécies locais.
Mercado Ilegal de Cavalos-Marinhos Ameaça Biodiversidade
“Existe um mercado ilegal multimilionário que envolve cavalos-marinhos. Essa é uma das principais ameaças a esses animais em escala global”, declarou a bióloga ao g1, evidenciando a gravidade da situação. Laura Ternes ressaltou que milhões de cavalos-marinhos são anualmente capturados ao redor do mundo. Essas capturas massivas visam suprir uma demanda internacional que se estende por aproximadamente 93 países, caracterizando um complexo esquema de comércio transnacional que ignora leis de proteção ambiental.
Apreensão Revela Grandes Dimensões do Contrabando
A recente operação que levou às prisões no Piauí ilustra a escala financeira envolvida. Na residência dos suspeitos, foi apreendido um montante estimado em cerca de duas toneladas de produtos ilícitos. O valor atribuído a esse material, conforme informações divulgadas pelo Ministério Público Federal (MPF), atinge aproximadamente R$ 31 milhões. A Polícia Federal (PF) está investigando se a empresa dos chineses atuava como fachada, utilizando o envio de produtos eletrônicos para São Paulo como disfarce para o transporte de barbatanas de tubarão e cavalos-marinhos, uma tática comum em redes de contrabando sofisticadas.
No Brasil, a situação dos cavalos-marinhos é crítica. Laura Ternes explicou que três espécies desses peixes são encontradas em águas brasileiras. Infelizmente, todas elas figuram na lista de espécies ameaçadas de extinção. Por esse motivo, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) implementou, em 2014, a proibição expressa de sua captura. A Portaria 445/2014 do MMA vai além, proibindo não só a captura, mas também o transporte, armazenamento, manejo e a comercialização de quaisquer espécies de peixes e invertebrados aquáticos que se encontrem sob ameaça de extinção. Esta medida é fundamental para coibir a exploração desenfreada desses seres delicados.
Espécie em Perigo e Habitat Vital
Entre as três espécies de cavalos-marinhos presentes no Brasil, o cavalo-marinho-de-focinho-longo (cujo nome científico é Hippocampus reidi) é o mais comum. Foi justamente esta espécie que, pelo menos em parte, foi encontrada em posse dos suspeitos de contrabando na região costeira do Piauí. “Essa espécie é a mais encontrada no Brasil. No nosso litoral do Piauí, é encontrada principalmente em manguezais dentro da APA [Área de Proteção Ambiental] Delta do Parnaíba, uma importante área protegida”, detalhou a bióloga Laura. A preservação de ecossistemas como o Delta do Parnaíba é crucial, pois manguezais funcionam como berçários naturais para uma vasta gama de vida marinha, incluindo o Hippocampus reidi, que encontra ali abrigo e alimento essenciais para sua sobrevivência e reprodução.

Imagem: g1.globo.com
Para obter mais informações sobre as espécies ameaçadas e as iniciativas de proteção no Brasil, você pode consultar as publicações oficiais do governo federal. O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, por exemplo, oferece vasto material sobre o tema, incluindo a Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção, detalhando as medidas para proteger a fauna brasileira.
Esforços Necessários para Conservação
Laura Ternes enfatiza que a análise contínua das populações de cavalos-marinhos fornece subsídios valiosos aos órgãos ambientais. Esses dados são cruciais para ampliar os esforços de fiscalização e para desenvolver e implementar estratégias de conservação mais eficazes. A bióloga adverte que a formulação de políticas não é suficiente; é indispensável a adesão e o engajamento da sociedade civil para que essas estratégias obtenham sucesso. “Por isso é importante o processo educativo e participativo para engajar o público em torno da causa ambiental”, afirmou.
A preocupação com a situação dos cavalos-marinhos no litoral piauiense é um fato percebido até mesmo pelas comunidades locais, que vivenciam os impactos diretos da redução dessas populações. No entanto, é fundamental que essa percepção se traduza em ações concretas por parte das autoridades competentes, reforçando a vigilância e as políticas de proteção ambiental. A colaboração entre pesquisadores, governo e população é o pilar para salvaguardar esses e outros ecossistemas vulneráveis, garantindo que as futuras gerações possam desfrutar da rica biodiversidade marinha do Brasil.
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A situação crítica do mercado ilegal de cavalos-marinhos no Piauí e globalmente ressalta a urgência de uma ação coordenada e eficaz para a proteção das espécies. Este incidente no Piauí serve como um lembrete contundente da constante ameaça que o comércio ilegal representa para a vida selvagem e para a biodiversidade de nosso planeta. Para continuar explorando notícias sobre proteção ambiental, iniciativas de fiscalização e outros temas relevantes para a biodiversidade brasileira, visite a editoria Cidades em nosso portal.
Crédito da imagem: Arquivo pessoal
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