Com a saída de Celso Sabino do Ministério do Turismo, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva registrou a 13ª alteração em sua equipe ministerial desde a posse, ocorrida em janeiro de 2023. O então ministro Celso Sabino formalizou sua demissão nesta sexta-feira (26) ao chefe do executivo, em um movimento desencadeado por uma diretriz interna do União Brasil, seu partido, exigindo que seus filiados deixassem, em até 24 horas, os cargos ocupados no governo.
A decisão partidária, anunciada em 18 de janeiro, antecipa o descolamento do União Brasil da base governista, um rompimento que já havia sido comunicado no início do mês, mas que, inicialmente, era esperado para se consolidar apenas no fim de setembro. A imposição para que seus integrantes desocupem posições na administração Lula surge na esteira de reportagens que indicavam uma suposta ligação entre Antonio de Rueda, presidente nacional da legenda, e a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), acusação que Rueda categoricamente refuta.
Governo Lula: Saída de Celso Sabino marca 13ª troca ministerial
A situação de Celso Sabino à frente do Ministério do Turismo já representava a segunda movimentação nesta pasta específica. Em julho de 2023, Daniela do Waguinho havia se desligado do cargo também sob pressão do União Brasil. Sabino, que é deputado federal pelo Pará, foi nomeado por Lula em julho de 2023 e manifestava o desejo de permanecer no comando da pasta, ao menos, até a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém, no Pará, em novembro – estado pelo qual o ministro foi eleito. Nas últimas semanas, o então ministro intensificou diálogos com líderes do partido e aliados políticos na tentativa de encontrar uma alternativa que o mantivesse na posição.
O histórico de trocas na gestão Lula
A gestão Lula tem sido marcada por uma série de adaptações em seu corpo ministerial. A saída de Celso Sabino do Turismo, que figura como a 13ª na lista de mudanças, reforça um cenário de constantes reajustes na Esplanada. Desde o início do mandato, diversas pastas experimentaram alterações significativas. Detalhemos as mudanças ministeriais registradas desde a posse do presidente Lula:
- No Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o General Gonçalves Dias deu lugar ao General Marcos Antônio Amaro.
- No Ministério de Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida foi demitido e sucedido por Macaé Evaristo (PT-MG).
- A pasta da Comunicação Social viu Paulo Pimenta (PT-RS) ser substituído pelo publicitário Sidônio Palmeira.
- No próprio Ministério do Turismo, a primeira troca ocorreu com Daniela do Waguinho (ex-Republicanos, à época União-RJ) cedendo lugar a Celso Sabino (União-PA), em julho de 2023.
- O Ministério do Esporte teve a ex-jogadora Ana Moser (sem partido) substituída por André Fufuca (PP-MA).
- No Ministério de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) assumiu a pasta, e Márcio França (PSB-SP) foi remanejado para o Ministério de Micro e Pequenas Empresas.
- Na Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski assumiu o posto após a indicação de Flávio Dino (PSB-MA) para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).
- O Ministério da Saúde teve Nísia Trindade substituída por Alexandre Padilha (PT-SP).
- Em Relações Institucionais, Padilha deixou o cargo para assumir a Saúde e foi sucedido por Gleisi Hoffmann (PT-PR).
- O Ministério das Comunicações presenciou a renúncia de Juscelino Filho, após denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) em uma investigação sobre desvio de emendas parlamentares. Frederico de Siqueira Filho assumiu a vaga.
- A Previdência Social passou a ser comandada por Wolney Queiroz, ex-secretário-executivo da pasta, que sucedeu Carlos Lupi em meio a investigações da Polícia Federal sobre desvios em aposentadorias e pensões do INSS.
- No Ministério das Mulheres, Cida Gonçalves foi exonerada do cargo pelo presidente Lula para a entrada da ex-ministra do Desenvolvimento Social, Márcia Lopes.
- Finalmente, a mais recente movimentação, a saída de Celso Sabino do Turismo, consolida as 13 trocas de ministros desde a formação inicial do governo.
Para o União Brasil, nem todas as posições ministeriais foram impactadas pela exigência de desocupação de cargos. Os ministros Waldez Góes, à frente do Desenvolvimento Regional, e Frederico Siqueira, no Ministério das Comunicações, mantêm-se em seus respectivos postos. Essa particularidade se deve ao fato de que, embora suas pastas sejam atribuídas à cota do União Brasil, os ministros em questão não são filiados ao partido. Ambos são considerados parte da “cota pessoal” do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), blindando-os, portanto, da decisão da executiva nacional da legenda. Acompanhar a dinâmica ministerial é crucial para entender o panorama político do país. Mais informações sobre a estrutura e os responsáveis pelas pastas federais podem ser consultadas em fontes oficiais, como a seção de organização do Palácio do Planalto.
Confira também: artigo especial sobre leis e valortrabalhista
A contínua reorganização da equipe de ministros no governo Lula reflete as complexas negociações políticas e as pressões internas e externas enfrentadas pela administração. O afastamento de Celso Sabino do Ministério do Turismo ilustra a volátil paisagem política brasileira e a influência das relações partidárias no destino das pastas. Para se aprofundar nas análises e desdobramentos deste cenário, convidamos você a explorar outras matérias em nossa editoria de Política.
Crédito da imagem: WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
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