Na quinta-feira, 25 de abril, o ministro Luís Roberto Barroso presidiu sua última sessão no cargo de presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). O magistrado, em um discurso de despedida, fez um balanço abrangente de sua gestão bienal à frente da Corte, compartilhando dados relevantes e expressando gratidão aos seus pares. A cerimônia marcou o encerramento de um período significativo para o Judiciário brasileiro, que será sucedido pelo ministro Luiz Edson Fachin na próxima semana.
Durante sua alocução, Luís Roberto Barroso abordou a recorrente discussão sobre o protagonismo do STF no cenário político nacional. Segundo o ministro, essa centralidade se manifesta por múltiplos fatores, entre eles a abrangência da Constituição Federal de 1988, que eleva questões políticas ao patamar do Judiciário para deliberação. A prerrogativa de partidos com representação no Congresso acionarem diretamente o Supremo contribui para este fenômeno.
Barroso encerra presidência do STF após gestão complexa
Adicionalmente, Barroso salientou que, em um cenário de intensa polarização, o Poder Legislativo frequentemente enfrenta obstáculos para aprovar leis sobre certas matérias devido à ausência de consenso. Contudo, as demandas continuam a chegar ao Tribunal, exigindo uma resolução por parte dos ministros. O magistrado reconheceu as complexidades e os desafios inerentes a esse modelo institucional, mas reiterou a importância do arranjo que, segundo ele, assegurou 37 anos de democracia e estabilidade no país sob a Carta Magna de 1988, dirigindo-se ao ministro decano Gilmar Mendes.
Análise da Gestão e Desafios
O ministro enfatizou que, apesar dos custos pessoais enfrentados pelos integrantes da Corte e do desgaste inerente à tomada de decisões sobre os temas mais sensíveis e divisivos da sociedade brasileira, o Supremo Tribunal Federal cumpriu adequadamente seu papel fundamental. A manutenção do Estado de Direito e a promoção dos direitos fundamentais foram pilares da atuação da instituição, conforme a percepção de Barroso, durante sua liderança. Ele sublinhou o comprometimento do STF com os princípios democráticos mesmo diante de cenários adversos.
Antes de finalizar sua fala, Luís Roberto Barroso dedicou palavras de elogio ao seu sucessor na presidência, o ministro Luiz Edson Fachin, que assumirá a chefia do Poder Judiciário. A emoção do momento foi palpável, com Barroso recebendo aplausos de pé de todos os presentes, em um claro reconhecimento da importância de sua trajetória e do respeito conquistado perante os colegas.
Reconhecimento de Pares e Legado Institucional
Em nome da Corte, o ministro mais antigo, decano Gilmar Mendes, utilizou seu turno de fala para ressaltar a notável complexidade do período que compreendeu a gestão de Luís Roberto Barroso. Gilmar Mendes sublinhou que a democracia brasileira foi testada e resistiu, passando incólume por “mais essa prova de fogo” sob a condução do Supremo. O decano fez questão de enfatizar a serenidade e a regularidade com as quais o STF conduziu o processo que culminou na condenação dos envolvidos no “núcleo crucial da intentona golpista”.
Mendes pontuou que todo o trâmite ocorreu em conformidade rigorosa com o devido processo legal, garantindo o contraditório e a ampla defesa, fundamentos essenciais do ordenamento jurídico brasileiro. Esse reconhecimento por parte do decano reforçou a imagem de resiliência e firmeza da Corte frente a momentos de crise e desafios institucionais. Para saber mais sobre o funcionamento da Suprema Corte, confira este artigo detalhado sobre a atuação e composição dos ministros do tribunal: Origem e Composição do STF.
Apelo à Pacificação Social
Prestes a encerrar definitivamente a sessão, Barroso compartilhou sua visão sobre as urgentes demandas por pacificação que perpassam o país. O ministro articulou que pacificação não implica que indivíduos abandonem suas convicções, pontos de vista ou ideologias. Ao contrário, a pacificação está intrinsecamente ligada à civilidade – à capacidade de respeitar o próximo em suas diferenças e de entender que a divergência de pensamento não configura inimizade. Para Barroso, quem pensa de maneira distinta é um parceiro na construção de uma sociedade aberta e plural.
A Transição da Presidência do STF
A transição formal da presidência do Supremo Tribunal Federal está programada para a próxima segunda-feira, 29 de abril. Nesta data, Luís Roberto Barroso passará o bastão para o ministro Edson Fachin, que será o responsável por comandar o Judiciário brasileiro nos próximos dois anos. A composição da nova Mesa Diretora será completada com a assunção do ministro Alexandre de Moraes ao cargo de vice-presidente da Corte, inaugurando uma nova fase para o Tribunal.
Confira também: artigo especial sobre leis e valortrabalhista
A gestão de Luís Roberto Barroso foi marcada por debates cruciais e momentos decisivos para a estabilidade democrática do Brasil. Com a passagem de comando, o STF se prepara para continuar sua missão institucional, sob a liderança do ministro Fachin. Para se manter atualizado sobre as principais discussões e decisões que moldam o cenário político e jurídico do país, acesse mais notícias em nossa editoria de Política e acompanhe de perto o trabalho do Poder Judiciário.
Crédito da imagem: Jornal Nacional/ Reprodução
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