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Dólar abre em alta após Powell e mercado de juros nos EUA

O dólar abre em alta na manhã desta quarta-feira (24) ante o real, refletindo a valorização da moeda norte-americana no cenário internacional. Esse movimento ocorre um dia após uma significativa queda da divisa, impulsionada pelas declarações do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, consideradas prudentes quanto ao futuro ciclo de cortes das taxas de […]

O dólar abre em alta na manhã desta quarta-feira (24) ante o real, refletindo a valorização da moeda norte-americana no cenário internacional. Esse movimento ocorre um dia após uma significativa queda da divisa, impulsionada pelas declarações do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, consideradas prudentes quanto ao futuro ciclo de cortes das taxas de juros nos Estados Unidos.

Precisamente às 9h05, o câmbio à vista registrava uma elevação de 0,42%, sendo negociado a R$ 5,301 na cotação de venda. Na sessão anterior, a terça-feira, a moeda norte-americana havia experimentado um declínio expressivo de 1,11%, encerrando o pregão em R$ 5,277, o patamar mais baixo em mais de um ano. Paralelamente, o mercado acionário brasileiro celebrou, com a Bolsa atingindo um novo recorde de fechamento em alta de 0,96%, alcançando os 146.509 pontos.

A Influência dos Discursos Presidenciais no Mercado

A influência geopolítica, manifestada nos discursos dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), foi um fator determinante para o comportamento dos ativos na sessão anterior. Enquanto os olhos do mercado se voltavam para essas falas de impacto internacional, o

Dólar abre em alta após Powell e mercado de juros nos EUA

, reiterando a sensibilidade do cenário cambial a fatores internos e externos.

O encontro, embora informal, entre Lula e Trump na Assembleia da ONU marcou a primeira interação direta entre os dois líderes desde a imposição de sanções dos EUA ao Brasil em maio. Antes de deixar o púlpito, Trump antecipou a possibilidade de uma reunião formal com Lula na semana subsequente.

Após seu pronunciamento, que incluiu críticas diretas às Nações Unidas, o ex-presidente americano confirmou um breve contato com Lula antes de ambos subirem ao palco, destacando a “excelente química” observada no intercâmbio. Trump ressaltou sua preferência por negociações com indivíduos com quem possui boa relação. “Eu só faço negócios com pessoas que eu gosto. E eu gostei dele, e ele de mim. Por pelo menos 30 segundos nós tivemos uma química excelente, isso é um bom sinal”, disse ele. O político norte-americano afirmou que haveria um novo encontro na semana seguinte, sinalizando uma potencial desescalada das tensões bilaterais.

Esta sinalização de um possível diálogo contribuiu significativamente para a valorização dos ativos no mercado brasileiro, culminando com o dólar registrando sua mínima em mais de um ano e a Bolsa alcançando tanto um novo recorde de fechamento quanto um pico intradiário de 147.178 pontos durante o período de negociações.

Especialistas do mercado financeiro interpretaram o movimento com otimismo. Daniel Teles, especialista e sócio da Valor Investimentos, avaliou que se abriu “caminho para o que não tinha acontecido até agora: Trump sentando à mesa para conversar com o Brasil”. Ele sugeriu que isso poderia levar a uma maior flexibilidade nas tarifas, citando a possibilidade de “aumento da lista de isenção”. Mesmo com poucas palavras, Teles considerou a sinalização de Trump como “muito valiosa”.

Essa reaproximação diplomática entre os líderes ocorreu em um contexto de atritos, um dia após o governo Trump expandir as sanções contra autoridades brasileiras, incluindo indivíduos próximos ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Tais medidas foram uma resposta à condenação de Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos de prisão.

Em seu discurso na ONU, o presidente Lula abordou o julgamento do ex-presidente, defendendo a legalidade do processo e reforçando a mensagem de que “Bolsonaro teve amplo direito de defesa”. O presidente acrescentou que “diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos a autocratas e àqueles que os apoiam”, em uma clara referência velada ao governo norte-americano anterior. Lula reiterou, ainda, que a “democracia e soberania” do Brasil são “inegociáveis”.

A resposta do mercado foi de certo alívio, conforme apontado por José Áureo Viana, sócio da Blue3 Investimentos. Ele observou que o “discurso de Lula reafirmando a defesa da democracia e críticas a sanções unilaterais foi lido como esperado”, e que a convergência das falas de ambos os presidentes “ajudou a criar um ambiente de alívio, reforçando a percepção de estabilidade institucional no curto prazo”.

Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, reforçou que o aceno ao diálogo entre as nações, mesmo após as ressalvas brasileiras, foi “extremamente positivo” para o mercado financeiro. Anteriormente, não havia comunicação direta entre Brasil e Estados Unidos nesse nível presidencial. Agora, ele visualiza a “possibilidade de ter um diálogo aberto, em que questões geopolíticas poderão ser mais entendidas mais profundamente, tanto em relação à Lei Magnitsky quanto em relação às tarifas.”

Perspectivas da Economia Nacional e a Política Monetária

No contexto das tensões comerciais, antes dos discursos na ONU, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, manifestou-se em entrevista ao ICL Notícias sobre a guerra comercial entre os dois países. Haddad criticou a imposição de sobretaxas sobre produtos brasileiros, em especial as commodities, classificando-a como um “tiro no pé”. Ele argumentou que a medida, vista como “impensada”, prejudica o próprio consumidor americano ao elevar os custos de produtos essenciais como “o café da manhã, o almoço e o jantar”.

Haddad também comentou sobre a taxa básica de juros do Brasil. Ele expressou a crença de que “tem espaço para esse juro cair”, e que, em sua opinião, não deveria sequer estar em 15%. “Acredito que nem deveria estar em 15%. Mas enfim, está, mas tem espaço para cair”, completou, indicando que uma “boa parte do mercado financeiro” compartilha essa percepção.

Essa declaração do ministro acompanha a divulgação, pela manhã, da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, referente à sua última reunião. Com a taxa Selic mantida em 15% ao ano — o maior patamar registrado em duas décadas — o Copom comunicou sua intenção de examinar os efeitos cumulativos da política de juros, buscando determinar se o plano de preservar a taxa atual por um “bastante prolongado” será eficaz para reconduzir a inflação à meta estabelecida. A transparência e o impacto das decisões sobre a política monetária são fundamentais para a estabilidade econômica, conforme frequentemente abordado pelo Banco Central do Brasil, que define as diretrizes nacionais.

Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, analisou o cenário, observando que a dinâmica da manutenção da Selic “tende a pressionar a taxa de câmbio para baixo, embora a ata apenas expanda o que nós já vimos no comunicado divulgado após a decisão”. Ele complementou que, mesmo que a conclusão já estivesse parcialmente precificada, “a ata reforça que os juros ficarão em um patamar estável por bastante tempo no momento em que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) retoma seu ciclo de cortes”.

Para o mercado cambial, essa particularidade de divergência nas políticas de juros entre os dois países é geralmente vista com otimismo. A manutenção da taxa pelo Copom, contrastando com um possível corte pelo Fed, amplia o diferencial entre os juros nos EUA e no Brasil. Quanto maior essa disparidade, mais atraente se torna a estratégia conhecida como “carry trade”.

No “carry trade”, investidores tomam empréstimos a juros baixos, como os oferecidos nos EUA, para aplicar em ativos com alta rentabilidade, como os títulos de renda fixa brasileiros. Dessa forma, quanto mais atrativo esse tipo de operação, maior a tendência de entrada de dólares no Brasil, o que, por sua vez, contribui para a valorização da moeda nacional, o real.

Cautela do Federal Reserve e o Cenário Internacional

A atenção do mercado, agora, se volta para futuras sinalizações acerca da política monetária americana. Em um pronunciamento recente, Jerome Powell, presidente do Fed, divergiu das expectativas de cortes de juros adicionais nos próximos meses. Ele mencionou que os formuladores de políticas se deparam com uma “situação desafiadora” ao ter que priorizar entre controlar a inflação ou preservar os empregos.

Powell deu a entender que novas reduções nas taxas estão longe de ser garantidas, mesmo com investidores já precificando pelo menos dois cortes adicionais para o ano de 2025. O chefe do Fed alertou que, se os bancos centrais “afrouxarem de forma muito agressiva”, correm o risco de “deixar o trabalho da inflação inacabado e precisariam reverter o curso” para atingir novamente a meta de 2%.

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Este cenário complexo, onde a cotação do dólar reflete uma confluência de decisões econômicas internacionais e sinalizações políticas, reitera a necessidade de um acompanhamento contínuo dos mercados. Para entender mais a fundo como as movimentações macroeconômicas impactam seu dia a dia e seus investimentos, acesse a editoria de Economia em nosso site e mantenha-se informado sobre as últimas análises e tendências.

Crédito da imagem: Gabriel Cabral – 26.jan.19/Folhapress

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