A presença dos presidentes do Brasil e dos Estados Unidos, Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), gerou intensa cobertura e análises pela mídia global. Iniciada na terça-feira, 23 de setembro, a sessão contou com os discursos de ambos os chefes de Estado logo no começo, fomentando discussões sobre as dinâmicas políticas e as relações internacionais.
Nos bastidores da assembleia, os dois líderes tiveram um breve encontro na mesma terça-feira. Donald Trump referiu-se a Lula como “um cara legal” e expressou a intenção de um novo encontro entre eles na semana seguinte, sinalizando uma possível aproximação em meio a um cenário de divergências. A imprensa internacional focou nos detalhes desses eventos, examinando o tom dos discursos e as interações entre os mandatários.
Lula e Trump na ONU: Imprensa Repercute Encontros e Discursos
Veículos de comunicação importantes, como o jornal americano Washington Post, o principal da capital dos EUA, sublinharam que a reunião anual de líderes mundiais na ONU frequentemente “prepara o cenário para encontros inusitados e, às vezes, constrangedores”. O periódico notou que o líder americano tomou o púlpito logo após a fala do presidente de esquerda do Brasil, Lula, cujo governo já havia sido criticado e sancionado por Trump devido à condenação de Jair Bolsonaro, seu antecessor e aliado de extrema direita.
Minutos antes de Trump se pronunciar, Lula havia assumido uma postura de contrapeso ao populismo de direita propagado pelo então presidente dos EUA. O Washington Post enfatizou que o mandatário brasileiro celebrou a condenação de seu antecessor, Jair Bolsonaro, por tentativas de anular as eleições de 2022 no país. Este desfecho para Bolsonaro foi comparado ao que Trump evitou nos EUA, após promotores federais retirarem acusações contra ele no ano anterior.
O discurso de Lula na ONU, conforme reportado pelo Washington Post, também incluiu esforços para representar os interesses do mundo em desenvolvimento. O presidente brasileiro atribuiu ao Ocidente a responsabilidade pelo prolongamento do conflito em Gaza, declarando que a situação “expôs o mito do excepcionalismo ético do Ocidente”. Essa fala adicionou uma camada de complexidade às discussões diplomáticas da cúpula.
A Análise Europeia sobre Lula e a Relação Brasil-EUA
O jornal espanhol El País dedicou uma reportagem a Lula, descrevendo o ex-líder sindical brasileiro como um dos poucos chefes de Estado que “não se curvou às medidas unilaterais do presidente-magnata”. A matéria do El País igualmente abordou a especulação sobre um possível encontro mais duradouro entre Lula e Trump, ressaltando a relevância histórica de tal interação.
Ainda segundo o periódico espanhol, o primeiro contato efetivo entre os líderes das duas democracias mais populosas das Américas acontecia após oito meses da gestão de Trump na Casa Branca. Os dois mandatários não haviam conversado desde então, mas o El País apontou que ambos “compartilham a predileção pelo estilo informal”. Um encontro aprofundado entre os dois ocorreria em “um momento mais crítico de uma relação bilateral que já dura mais de dois séculos”.
A peculiaridade da Assembleia da ONU foi notada pelo El País: Lula e Trump se cruzaram e estiveram sob o mesmo teto pela primeira vez naquela terça-feira devido ao protocolo. Por décadas, o representante do Brasil é o primeiro chefe de Estado a discursar, seguido pelos EUA como país anfitrião. Em seu pronunciamento, Trump direcionou um tom mais incisivo ao Brasil, fazendo um aviso que soou ameaçador: “Vocês só se sairão bem quando cooperarem conosco; caso contrário, vocês fracassarão, como outros fracassaram”. Ele justificou as tarifas contra a nação sul-americana como uma medida de reciprocidade em um discurso onde também criticou a ONU, a luta contra as mudanças climáticas e as leis internacionais.

Imagem: Facebook via g1.globo.com
No contexto do mesmo artigo, o El País mencionou trechos importantes do discurso de Lula na ONU, incluindo sua posição sobre a condenação de Jair Bolsonaro (“a paz não pode ser alcançada com impunidade”) e suas duras críticas tanto ao Hamas quanto a Israel (“nada, absolutamente nada, justifica o genocídio em curso em Gaza”).
Críticas Indiretas e Expectativas de Reconciliação
O jornal britânico The Guardian destacou passagens do discurso de Lula relativas às democracias. Intitulado “Presidente do Brasil diz em discurso na ONU que democracia pode prevalecer sobre ‘pretensos autocratas'”, a reportagem afirmou que Lula, “esquerdista sul-americano”, teceu “críticas indiretas a Trump em discurso e alerta que ameaça global de ‘forças antidemocráticas’ persiste”.
O Guardian citou Lula dizendo que os líderes dessas forças “veneram a violência, glorificam a ignorância, agem como milícias físicas e digitais e restringem a imprensa”. Embora o jornal tenha recordado as disputas recentes e sanções entre Brasil e EUA, ele notou que “inesperadamente, o presidente dos EUA deixou a porta aberta para uma reconciliação com seu homólogo sul-americano, com quem se encontrou ao chegar à sede da ONU”. Este detalhe abriu caminho para novas perspectivas na diplomacia entre os dois países.
Em uma aparente crítica indireta a Donald Trump, o presidente Lula também condenou os recentes ataques americanos a barcos venezuelanos no Caribe, incidentes que resultaram na morte de pelo menos 17 pessoas. Em suas palavras, Lula expressou: “Usar força letal em situações que não constituem conflitos armados equivale a executar pessoas sem julgamento”, reiterando a necessidade de a região permanecer como “uma zona de paz”. A importância da atuação da ONU, como uma plataforma para a resolução de conflitos globais e a promoção da paz, é fundamental conforme estabelecido pela sua Carta das Nações Unidas.
Confira também: artigo especial sobre redatorprofissional
Os encontros e discursos de Lula e Trump na Assembleia Geral da ONU revelaram um panorama complexo de relações bilaterais, ideologias e projeções geopolíticas, evidenciando as diferentes abordagens dos líderes sobre temas cruciais para a agenda global. A repercussão internacional sublinha a relevância desses debates e o constante escrutínio da mídia sobre a atuação dos chefes de Estado. Para mais análises e notícias aprofundadas sobre política nacional e internacional, continue acompanhando nossa editoria de Política.
Crédito da Imagem: Reprodução/ONU
🔗 Links Úteis
Recursos externos recomendados