A última segunda-feira, 22 de abril, foi palco de intensos extremos climáticos em São Paulo, evidenciando a dualidade meteorológica que assolou distintas regiões do estado. Enquanto a capital e a Grande São Paulo enfrentavam um temporal avassalador que transformou o dia em noite e gerou múltiplos transtornos, cidades no interior registravam uma impressionante nuvem de poeira e areia, culminando em uma série de estragos significativos.
Na metrópole paulistana, a força da natureza se manifestou com chuvas torrenciais no meio da tarde, provocando a queda de árvores, afetando severamente o funcionamento de aeroportos e estações de trem, e deixando um rastro de interrupções no fornecimento de energia. Concomitantemente, no interior, rajadas de vento levantaram uma colossal tempestade de poeira que não apenas cobriu vastas áreas, mas também causou destruição em diversas localidades.
Extremos Climáticos em SP: Capital com Chuva, Interior com Areia
A Defesa Civil atribuiu o fenômeno ocorrido no interior paulista à conjunção de fatores específicos: uma prolongada massa de ar seco que persistiu na região e a subsequente chegada de sistemas meteorológicos mais vigorosos, como frentes frias. Essa combinação tornou o solo, já naturalmente ressecado, extremamente vulnerável, facilitando que a poeira em suspensão originasse a vasta tempestade de areia. Segundo o órgão, a detecção de tais ocorrências por imagens de satélite representa um desafio, dificultando o monitoramento em escala estadual. Tais eventos podem emergir subitamente, especialmente em zonas com escassa vegetação e predominância de clima árido, demandando constante atenção e alerta da população e autoridades.
No município de Lençóis Paulista, os ventos atingiram impressionantes 86 km/h, resultando na derrubada de árvores, postes de energia e diversas estruturas metálicas. Consequentemente, cerca de 20 mil residências sofreram com a interrupção no fornecimento de energia elétrica. A falta de energia também impactou o bombeamento de água, gerando desabastecimento em alguns bairros da cidade. Em Araçatuba, a força do vento foi tamanha que arrancou duas caixas d’água de um prédio ainda em construção, enquanto em Alto Alegre, uma van da Secretaria de Saúde capotou às margens da rodovia SP-463. A prefeitura desta última localidade foi obrigada a suspender as atividades no Paço Municipal em virtude da ausência de eletricidade.
A onda de estragos se estendeu para outras cidades. Botucatu presenciou a queda de um reservatório metálico que, ao atingir um poste, quase atingiu comércios próximos. Em Fernandópolis, a instabilidade climática fez com que parte do forro de uma sala de aula cedesse durante a chuva com ventania, felizmente sem que nenhum aluno fosse ferido, pois foram rapidamente realocados. Catanduva reportou um expressivo número de 27 quedas de árvores e a derrubada de um outdoor, com interrupções pontuais no fornecimento de energia elétrica. Na capital do noroeste paulista, São José do Rio Preto, o Corpo de Bombeiros atendeu a 11 ocorrências envolvendo quedas de árvores, mostrando a amplitude dos problemas.
Temporal Avança Sobre a Capital Paulista
Na capital do estado, o cenário não foi menos dramático. O temporal teve início por volta das 14h, e rapidamente, as imagens registraram uma gigantesca nuvem de chuva engolindo a paisagem, transformando o dia em uma intensa noite na Zona Oeste. A visibilidade foi quase nula em segundos, com o céu cinzento e tempestuoso. A intensa chuva, acompanhada de rajadas de vento, foi a causa principal de múltiplos pontos de alagamento que causaram enormes transtornos para a circulação de veículos e pessoas. O transporte público foi particularmente afetado.
O Aeroporto de Congonhas, localizado na Zona Sul, teve o saguão próximo ao portão 4 alagado. Apesar de a Aena, concessionária responsável pela gestão, informar que o terminal opera normalmente, vários voos foram cancelados ou alternados devido às condições meteorológicas adversas, causando grandes transtornos aos passageiros. Parte da estrutura do teto da Estação Brás, importante polo de integração entre Metrô e trens da CPTM no Centro de São Paulo, também cedeu. As cenas do saguão inundado pela água da chuva foram amplamente divulgadas.

Imagem: g1.globo.com
Os cortes de energia elétrica foram generalizados, afetando cerca de 900 mil imóveis na Grande São Paulo, conforme informou a concessionária Enel. Quedas de árvores foram registradas em importantes vias, como a Avenida Paulista, e em diversos bairros da capital. Estruturas como mansões sofreram com o destelhamento e danos em elementos metálicos. A Defesa Civil classificou o alerta como severo, enviando mensagens via SMS para celulares em áreas de risco. O comunicado orientava os moradores a buscarem abrigo seguro e alertava para o risco iminente de quedas de árvores e destelhamentos, enfatizando a seriedade da situação. A Defesa Civil, conforme explica em seu portal, mantém vigilância constante para mitigar riscos de desastres.
Especialistas ouvidos pela imprensa têm apontado para a crescente frequência de eventos climáticos extremos como os testemunhados em São Paulo nesta segunda-feira. De acordo com estudos citados por reportagens especializadas, o estado de São Paulo pode registrar um aumento de até 6°C na temperatura média até 2050. Este cenário projeta um futuro com mais dias de calor intenso e ocorrência de chuvas cada vez mais severas, fenômenos que são potencializados pela urbanização acelerada e pela impermeabilização crescente do solo nas grandes cidades, dificultando a absorção da água e agravando os alagamentos e deslizamentos. A adaptação e planejamento urbano tornam-se, portanto, cruciais.
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Este dia de contrastes intensos serve como um alerta para a urgência da adaptação às mudanças climáticas e o fortalecimento das estruturas de Defesa Civil em todo o estado. Para se aprofundar em notícias sobre a gestão e os desafios das metrópoles, continue acompanhando nossa editoria de Cidades.
Crédito da imagem: WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO
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