A Comunidade Quilombola de Bombas, localizada em Iporanga, no interior de São Paulo, celebra um marco histórico: a construção de uma estrada de acesso que se tornará a primeira em seus mais de 200 anos de existência. O aguardado acesso viário promete transformar a realidade dos moradores, que historicamente dependem de uma trilha desafiadora para sua locomoção diária.
Os trabalhos de construção da estrada, sob coordenação da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), envolvem um investimento total de R$ 17,7 milhões. Esta iniciativa fundamental visa não apenas facilitar o trânsito diário, mas também prover dignidade e melhores condições de vida aos habitantes. A extensão total da nova via será de 4,9 quilômetros, um percurso estratégico para conectar eficazmente a comunidade ao restante da região.
Estrada Inédita Beneficia Comunidade Quilombola de Bombas, SP
A expectativa é que a entrega dessa importante obra ocorra em junho de 2026. A estrada emerge como uma solução duradoura para uma demanda centenária por infraestrutura básica. Atualmente, o deslocamento dos membros da comunidade é feito exclusivamente a pé através de uma trilha íngreme, o que dificulta severamente o acesso a serviços essenciais, como saúde e educação, além de impedir o escoamento adequado de qualquer produção local.
A Semil não está sozinha nesta complexa empreitada. Os serviços são executados em estreita parceria com o Departamento de Estradas de Rodagem de São Paulo (DER-SP) e a Fundação Florestal (FF). Esta última desempenha um papel crucial na gestão do Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (Petar), área onde a comunidade quilombola está inserida. A colaboração sinérgica entre esses órgãos governamentais garante que o projeto atenda a todos os requisitos técnicos, ambientais e sociais necessários para sua implementação bem-sucedida e sustentável na região.
O processo de licenciamento ambiental para a concretização do acesso viário foi rigoroso e detalhado, seguindo todas as normas legais vigentes. Para viabilizar a construção, a Fundação Florestal e o DER-SP coordenaram a elaboração de estudos ambientais abrangentes. Foram cuidadosamente preparados um Relatório Ambiental Preliminar (RAP) e um Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), conforme as diretrizes legais exigidas. Esse processo minucioso assegurou que todos os impactos potenciais da obra fossem avaliados e mitigados adequadamente, demonstrando um compromisso firme com a sustentabilidade ambiental.
Um aspecto fundamental desse procedimento democrático foi a realização de uma audiência pública. Durante o evento, foram apresentados os resultados dos estudos ambientais à população quilombola e a demais interessados, possibilitando um debate construtivo, transparente e inclusivo. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), juntamente com a Fundação Florestal, foi responsável por guiar as orientações para os licenciamentos ambientais, garantindo a total conformidade do projeto e a proteção do ecossistema local. O DER-SP, por sua vez, tem a responsabilidade vital de realizar a supervisão ambiental contínua durante toda a fase de execução da obra, um passo crucial para manter o projeto alinhado com as boas práticas ambientais.
Os impactos esperados da nova estrada são vastos e profundamente positivos para a Comunidade Quilombola de Bombas e, por extensão, para toda a região do Vale do Ribeira. Em comunicado oficial divulgado, Natália Resende, secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do estado, sublinhou o caráter transformador do projeto. “Este representa um acontecimento de relevância histórica inquestionável para Bombas e para todo o Vale do Ribeira”, enfatizou Resende. “Estamos assegurando o direito fundamental de mobilidade a esta comunidade por meio de uma obra criteriosamente planejada, que preza pelo respeito absoluto ao meio ambiente e um constante diálogo construtivo com os moradores quilombolas”, completou a secretária, evidenciando o cuidado social da iniciativa.

Imagem: g1.globo.com
O diretor-executivo da Fundação Florestal, Rodrigo Levkovicz, complementou a declaração, ressaltando o grande esforço técnico e a dedicação por trás da iniciativa. Ele salientou que foram dedicados “anos de estudos aprofundados, diversas consultas públicas e um intenso diálogo com a comunidade para certificar que o empreendimento estivesse em plena harmonia com o ambiente natural circundante e os inestimáveis valores culturais da comunidade local”. Essa dedicação coletiva destaca a complexidade e a importância da coordenação entre os diferentes atores envolvidos para garantir a legitimidade e a aceitação do projeto.
No canteiro de obras, a movimentação de máquinas e trabalhadores é constante e os resultados já são visíveis. A Semil confirmou que a estrutura básica para os serviços de engenharia já foi devidamente instalada e as atividades de terraplanagem foram concluídas em aproximadamente 900 metros do percurso total da estrada. O andamento eficiente reflete o progresso contínuo em direção à concretização deste objetivo histórico. Essas comunidades, com suas ricas tradições, são reconhecidas por sua herança cultural e história de resistência, conforme reforçado por diretrizes e políticas públicas para comunidades quilombolas no Brasil.
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A construção da estrada para a Comunidade Quilombola de Bombas transcende a dimensão de uma simples obra de infraestrutura; ela representa a concretização de um direito fundamental e a promoção de melhorias significativas na mobilidade, no acesso à saúde, à educação e na segurança para centenas de famílias. Acompanhe a nossa editoria de Cidades para ficar por dentro de outras notícias relevantes sobre o desenvolvimento regional, a inclusão social e as políticas públicas que transformam o Brasil.
Foto: Divulgação/Semil
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