**Meta descrição:** Denise Stoklos, aos 75 anos, brilha em “Mary Stuart” no Teatro Estúdio em São Paulo. Descubra a essência do teatro essencial e o duelo de rainhas em sua performance visceral.
**Palavra-chave principal:** Denise Stoklos Mary Stuart
Em uma demonstração notável de proeza cênica, a atriz, diretora e dramaturga **Denise Stoklos** retorna aos palcos de São Paulo com a encenação de “Mary Stuart”. Atualmente em cartaz no Teatro Estúdio, a montagem, que também celebra os 75 anos de vida e 57 anos de carreira da artista, oferece uma revisitação aprofundada do conflito histórico entre as rainhas Maria Stuart da Escócia e Elizabeth I da Inglaterra. O que Stoklos entrega vai além de um simples revival: é um mergulho na psique das personagens, transformando o embate político secular em um duelo internalizado e visceral que se manifesta por meio de seu próprio corpo no palco.
No ambiente despojado do Teatro Estúdio, onde apenas uma cadeira e um foco de luz compõem a cenografia, a artista manifesta a força do que é conhecido como **teatro essencial**. Essa linguagem cênica radical, cujo manifesto prega o desnudamento do palco de qualquer excesso para que a máxima teatralidade emane diretamente do ator, encontrou em “Mary Stuart” sua peça-chave original. A obra, que estreou em Nova York no ano de 1987, serve como alicerce para essa abordagem que privilegia a potência do performer, tornando-o o centro nevrálgico de toda a experiência teatral.
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### **O Embate Visceral das Rainhas Através de um Único Corpo**
A premissa central da peça reside na habilidade de Denise Stoklos de encarnar ambas as monarcas rivais de maneira singular. Sem qualquer troca de figurino ou auxílio de elementos externos, Stoklos transita entre Maria Stuart, a rainha católica e aprisionada, e Elizabeth I, a soberana protestante e calculista. Essa transição vai muito além de uma simples alternância de tom; ela se configura como uma metamorfose completa e contundente. Cada rainha ganha vida por meio de mudanças precisas na postura, no ritmo da fala, nos gestos e, primordialmente, no olhar da atriz, o que faz com que a presença de ambas se torne palpável para o público.
A genialidade dessa interpretação está no fato de que a tensão da peça não advém da troca de réplicas entre atrizes distintas, mas da energia conflitante que emana da própria Denise Stoklos. O público é convidado a testemunhar a disputa pelo trono da Inglaterra como uma batalha travada e contida em seu próprio corpo, criando uma imersão que subverte as expectativas de um drama histórico convencional e aprofunda o impacto do espetáculo.
### **Perspectivas sobre Poder e Gênero: Um Diálogo Atemporal**
Para além do conflito central entre as duas primas, a montagem de “Mary Stuart” com Denise Stoklos amplia seu escopo temático ao fazer Stoklos incorporar também as figuras masculinas que orbitam as rainhas. Essa escolha dramatúrgica tem como objetivo expor as estruturas patriarcais que, em última análise, exerciam manipulação e restringiam a autoridade de ambas as monarcas em um período histórico marcado pela predominância masculina.
Dessa forma, a sangrenta rivalidade histórica se transforma, na visão artística de Stoklos, em uma poderosa metáfora para discutir e refletir sobre temas universais e atemporais. A peça provoca a plateia a considerar questões como a opressão, o complexo exercício do poder, a busca pela liberdade e, em particular, a condição da mulher em esferas de comando e decisão, que permanecem relevantes ainda hoje.
Curiosamente, a obra encontra um equilíbrio singular ao entrelaçar a densidade trágica inerente ao tema com um humor afiado, quase demolidor. O riso, quando provocado durante a apresentação, não atua como um alívio para a tensão estabelecida, mas, pelo contrário, a aprofunda. Ele revela o absurdo por trás das maquinações políticas e a fragilidade humana que se esconde sob as coroas e símbolos de poder. Essa fusão de elementos gera uma experiência multifacetada e rica em significados, desafiando o espectador a ir além da superfície da trama.
### **Remontagem: Três Décadas de Atualidade e Essência**
O retorno de “Mary Stuart” a São Paulo é, sem dúvida, um marco na celebração da vida e trajetória de Denise Stoklos, confirmando a assombrosa atualidade do trabalho após décadas de sua estreia original. Em entrevista sobre a remontagem, Stoklos descreveu a iniciativa como um “grande exercício positivo”, revelando que, ao longo de três décadas, sua interpretação não buscou por mudanças estruturais significativas. Houve um processo natural de “enxugamento”, mas a essência e os parâmetros fundamentais da peça desde 1987 foram mantidos, pois a intenção não era revisar, mas reviver o trabalho original.
Ao abordar a concepção do teatro essencial para públicos que a veem pela primeira vez, Stoklos contextualiza “Mary Stuart” como o exemplo perfeito dessa base de seu trabalho. Nela, o ator em cena é o autor, o diretor e o coreógrafo de si mesmo. A artista explica que sua abordagem incorpora princípios que ecoam o minimalismo, utilizando repetições, quebras e a dilatação de momentos específicos na cena para maximizar a expressividade do intérprete e do discurso. Este método é a pedra angular para a densidade e o impacto de suas produções.
### **Universalidade da Arte Cênica: Um Legado Transfronteiriço**
Levar uma peça para mais de 30 países e encená-la em sete idiomas diferentes é um feito notável que atesta a capacidade universal do teatro de se conectar com diversas culturas. Denise Stoklos confirmou que, em todos os lugares por onde “Mary Stuart” foi apresentada, a reação do público foi consistentemente similar. Este fato reforça a premissa de que a arte cênica tem um poder intrínseco de transcender barreiras culturais e linguísticas, tocando em emoções e conceitos humanos que ressoam globalmente.
Um momento particularmente marcante para a carreira de Stoklos ocorreu em 1987, com a estreia da peça em Nova York, no lendário Teatro La Mama. A ampla receptividade, tanto do público quanto da crítica especializada, consolidou “Mary Stuart” como um divisor de águas em sua jornada artística e a introduziu a um cenário internacional que, desde então, tem sido palco para a disseminação de seu teatro essencial. A remontagem atual não apenas honra essa trajetória, mas reafirma a vitalidade e a relevância de sua obra para as novas gerações de espectadores.
### **Informações sobre o Espetáculo “Mary Stuart”**
**Local:** Teatro Estúdio – Rua Conselheiro Nébias, 891, Campos Elíseos, região central de São Paulo.
**Sessões:**
* Quintas-feiras: 20h
* Sábados: 17h
* **Sessões extras:** Dias 21 e 28 de setembro, às 16h.
**Período:** Em cartaz até o dia 27 de setembro.
**Duração:** Aproximadamente 50 minutos.
**Ingressos:** A partir de R$ 50. Podem ser adquiridos online pelo site sympla.com.br ou diretamente na bilheteria do teatro. A peça exige entrega total do espectador, que será recompensado com uma imersão na potência do ator como figura central da narrativa.
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Não perca a oportunidade de presenciar esta experiência única que consagra a mestria e a inovação de Denise Stoklos, celebrando uma carreira rica e uma linguagem teatral que continua a desafiar e encantar audiências globalmente.
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Fonte: Folha de S.Paulo

Imagem: www1.folha.uol.com.br
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