Um terremoto devastador atingiu o Afeganistão na segunda-feira, 1º de setembro de 2025, elevando o número de vítimas fatais para mais de 2.200. A informação foi confirmada por um porta-voz do governo talibã nesta quinta-feira, 4 de setembro. Centenas de corpos foram resgatados de residências completamente destruídas, enquanto as equipes de busca e salvamento prosseguem incansavelmente em meio aos escombros.
As operações de socorro buscam auxiliar a população afetada por uma das catástrofes naturais mais severas dos últimos anos no país. O porta-voz do Talibã, Hamdullah Fitrat, ressaltou que barracas foram erguidas para acolher os desalojados e que a distribuição de primeiros socorros e outros suprimentos de emergência está em curso. A extensão da tragédia, que vitimou comunidades inteiras, mobiliza esforços em uma região já castigada por adversidades.
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## Escalada Preocupante no Balanço de Vítimas
O tremor, inicialmente reportado com um impacto menor, teve seu saldo de fatalidades aumentado de maneira drástica. Em um comunicado anterior, divulgado na terça-feira, 2 de setembro, o governo havia informado sobre 1.411 mortos e mais de 3.200 feridos em decorrência do terremoto de magnitude 6.0. Este tremor se configura como um dos piores já registrados no país em tempos recentes, deixando um rastro de destruição massiva por onde passou.
A topografia da região afetada agravou a situação, complicando os esforços de localização e recuperação de vítimas. Situada em uma área extremamente montanhosa, as moradias predominantemente construídas de argila demonstraram-se vulneráveis à intensidade do abalo sísmico. Isso resultou na demora para a identificação dos corpos, estendendo o tempo de espera das famílias e das equipes de resgate. Afeganistão é um país que historicamente enfrenta desafios geográficos e estruturais que tornam seus habitantes mais suscetíveis aos desastres naturais.
### Impacto Geográfico e Estrutural da Catástrofe
Vilarejos inteiros foram dizimados pela força do terremoto, e o número de casas impactadas ultrapassou a marca de 8.000, conforme detalharam as autoridades locais. Este evento sísmico já é reconhecido como um dos mais destrutivos na longa série de tremores que frequentemente assolam o Afeganistão.
O epicentro do abalo foi localizado entre as províncias de Kunar e Nangarhar, uma região de fronteira com o Paquistão, a uma distância aproximada de 200 quilômetros da capital, Cabul. Essa área já vinha sendo severamente impactada por um período de chuvas intensas e enchentes nas semanas que antecederam o terremoto, fragilizando ainda mais o solo e as construções locais.
## Características do Tremor e suas Consequências
O epicentro superficial do terremoto, a apenas 8 quilômetros da superfície terrestre, é um fator crucial que contribuiu para a intensidade dos abalos sentidos. Terremotos com epicentros em menor profundidade tendem a ser percebidos com maior força e causar mais danos na superfície. A magnitude 6.0 foi tamanha que os tremores foram detectados não só em Cabul, mas também na capital paquistanesa, Islamabad, demonstrando o alcance e a potência do fenômeno natural.
A capacidade do tremor de se propagar por uma área tão vasta realça a severidade do evento. A destruição das precárias estruturas de argila foi quase instantânea em muitos locais, pegando a população de surpresa durante a madrugada de segunda-feira. As imagens iniciais da devastação mostram edifícios reduzidos a pilhas de destroços e a complexidade dos desafios enfrentados pelos sobreviventes.
### Resposta Governamental e Pedidos de Auxílio
Desde que assumiram o poder à força em 2021, o Talibã tem governado o Afeganistão sob um regime que enfrenta diversas restrições internacionais. Diante da emergência, os talibãs declararam que todos os recursos disponíveis internamente seriam empregados para salvar vidas e mitigar os efeitos do desastre.
No entanto, a mudança de regime político resultou em uma redução significativa nas verbas de fundos de ajuda internacional, que historicamente apoiavam o país em casos de desastres naturais como terremotos, que são relativamente comuns. Essa limitação de recursos financeiros e logísticos dificulta uma resposta abrangente e ágil, tornando o apoio externo ainda mais crucial. O governo do Talibã, por meio de seu porta-voz, tem feito apelos diretos à comunidade internacional para assistência humanitária urgente.
## Situação dos Hospitais e Auxílio Internacional
Centenas de pessoas feridas foram encaminhadas aos hospitais da região. Em um dos hospitais, um médico relatou à agência de notícias Reuters que estava recebendo uma vítima dos tremores a cada cinco minutos, ilustrando a sobrecarga do sistema de saúde local. A velocidade e o volume de entrada de pacientes indicam a vastidão do sofrimento humano causado pelo desastre.
Em um esforço conjunto para fornecer socorro, a Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que diversas agências afiliadas já estão prestando assistência no resgate de vítimas em quatro províncias afegãs afetadas. A atuação internacional é vital para complementar os esforços locais, fornecendo equipamentos, medicamentos e expertise em situações de emergência. A colaboração é essencial para enfrentar a magnitude dos desafios.
### Tremores Secundários e Histórico Sísmico do Afeganistão
Horas após o tremor principal, o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) registrou cinco tremores secundários, com magnitudes variando entre 4.3 e 5.2. Estes abalos subsequentes contribuem para a instabilidade das estruturas já comprometidas e intensificam o clima de medo e incerteza entre a população, que permanece em alerta máximo. A recorrência de tremores na área agrava o estresse psicológico e a vulnerabilidade das comunidades.
O Afeganistão é, por natureza geológica, uma nação altamente propensa a terremotos intensos. Está localizado sobre a Cordilheira Hindu Kush, uma área de encontro de falhas geológicas onde as placas tectônicas da Índia e da Eurásia colidem. Esse cenário tectônico é a principal causa da frequência e severidade dos abalos sísmicos no território afegão. Em 2024, um total de 1.000 pessoas morreram em consequência de terremotos no país, ressaltando a vulnerabilidade constante da região.
A compreensão desse contexto geológico é fundamental para a elaboração de estratégias de mitigação e prevenção de desastres. Contudo, em uma nação já empobrecida e com desafios políticos complexos, a implementação de construções resistentes a terremotos e sistemas de alerta eficientes torna-se uma tarefa hercúlea, exacerbando o risco para a vida de seus habitantes. A falta de recursos impede muitas famílias de construir residências mais seguras ou de se mudar para áreas menos arriscadas. A infraestrutura de socorro e recuperação também carece de investimentos substanciais, o que prolonga o sofrimento das comunidades.
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O país agora se volta para uma fase longa e árdua de recuperação, com a esperança de que a solidariedade global possa trazer algum alívio para as milhares de pessoas que perderam seus entes queridos, suas casas e tudo o que tinham no que se tornou mais uma cicatriz na já desafiadora história do Afeganistão. Os esforços se concentram não apenas em encontrar os últimos sobreviventes, mas também em fornecer apoio de longo prazo para que a população possa se reerguer da tragédia.
Fonte: g1
Imagem: g1.globo.com
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