**Pastor Silas Malafaia Enfrenta Investigação e Critica Silêncio da Liderança Evangélica**
O pastor Silas Malafaia, figura proeminente no cenário evangélico brasileiro, tem se manifestado de forma contundente sobre as recentes investigações que o envolvem, assim como acerca do comportamento de outros líderes religiosos. Malafaia é parte de um inquérito em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), onde também são investigados o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu filho Eduardo Bolsonaro (PL). Sua participação nos atos pró-Jair Bolsonaro, a produção de dezenas de vídeos criticando o ministro Alexandre de Moraes e as conversas privadas com o ex-presidente, nas quais o aconselhava a combater publicamente o magistrado, são pontos centrais da apuração.
No mês passado, uma operação da Polícia Federal resultou na apreensão de itens pessoais do pastor, incluindo seu passaporte, aparelho celular e, notavelmente, “cadernos de esboços bíblicos”. Este evento intensificou seu discurso, especialmente no que tange à percepção de perseguição e covardia dentro da liderança evangélica.
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Durante uma entrevista concedida à Folha na última terça-feira (2), em meio ao início do julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (linkagem interna automática), Malafaia direcionou críticas incisivas a pastores que optam pelo silêncio diante dos embates com o Judiciário, classificando-os como “covardes”. O líder religioso também expressou que uma eventual prisão sua seria interpretada como a “maior covardia”, configurando-se em pura perseguição política e religiosa, uma declaração que ecoa as tensões atuais no país.
Ele abordou, ainda, o uso de vocabulário chulo em áudios direcionados ao ex-presidente, refutou a ideia de ser um “Superman evangélico” e rejeitou categoricamente a possibilidade de concorrer à presidência da República em 2026, uma hipótese que circula nos bastidores do poder evangélico. Malafaia confirmou sua participação à frente de um novo ato bolsonarista agendado para o domingo, 7 de Setembro, na avenida Paulista, afirmando sem rodeios: “Não tenho medo de ser preso por Moraes.”
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## A Acusação de “Covardia” aos Líderes Evangélicos
Silas Malafaia articulou as razões que, em sua visão, justificam o silêncio e a passividade de outros pastores de projeção nacional diante do embate com o ministro Alexandre de Moraes. Ele apontou três motivos principais para essa conduta:
### Líderes Neutros Politicamente
O primeiro grupo, segundo Malafaia, é composto por líderes religiosos que consistentemente evitam posicionamentos políticos. Essas figuras, geralmente, não se envolvem ativamente em processos eleitorais ou debates públicos de caráter político, mantendo uma postura mais reservada quanto a esses temas.
### Medo e Omissão
Em um segundo plano, o pastor destacou o que classificou como “outro lado da moeda”, identificando “alguns líderes covardes, omissos, que têm medo de se posicionar por causa de retaliações”. Malafaia ilustrou essa observação compartilhando que, após ter seu status alterado para investigado, percebeu que “tem líder evangélico com medo de falar comigo”, indicando um temor palpável de se exporem ao se associarem a ele em discussões políticas.
### Falta de Preparo para Argumentação
O terceiro e último grupo, conforme Malafaia, engloba “gente que não sabe argumentar” e que carece de “preparo para argumento político”. Para esses indivíduos, ele sugere que o melhor caminho seria o silêncio, citando inclusive uma passagem bíblica que diz: “até o tolo, quando se cala, se acha por sábio”, considerando essa uma atitude inteligente nessas circunstâncias.
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## Possibilidade de Prisão: “A Maior Covardia” e Pura Perseguição
A questão de uma possível prisão de Silas Malafaia foi um tópico central na entrevista. O pastor não apenas reconheceu a possibilidade de ser encarcerado, como também utilizou termos fortes para descrever as implicações de tal medida. Ele declarou que “se eu for preso vai ser a maior covardia” e “pura perseguição política e religiosa”, evidenciando sua percepção de que qualquer ação judicial desse tipo seria injusta e motivada por interesses.
A base da investigação contra Malafaia se concentra no suposto financiamento de atos de caráter antidemocrático em apoio a Jair Bolsonaro. As acusações também incluem a manutenção de conversas com o ex-presidente onde teria pressionado-o a questionar a autoridade do ministro Alexandre de Moraes, além de incentivar uma agenda percebida como golpista. A Polícia Federal, no âmbito da investigação, apresentou áudios de conversas entre Malafaia e Bolsonaro. Em um desses registros, a discussão teria girado em torno da imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros por parte do governo de Donald Trump. Malafaia, no entanto, refutou qualquer envolvimento ou conhecimento sobre essas sanções, afirmando categoricamente: “Não falo inglês, nunca falei com autoridade americana nenhuma, [falei] poucas vezes com Paulo Figueiredo e com Eduardo. Se me prender, é pura covardia e perseguição.”
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## Financiamento de Atos e Transparência de Gastos
Em relação ao financiamento de eventos bolsonaristas, Silas Malafaia admitiu ter utilizado recursos de sua editora, a Central Gospel, para tal finalidade. Ele enfatizou que essas contribuições foram realizadas com capital da editora, garantindo que não houve qualquer movimentação de verba proveniente da conta bancária de sua igreja, a Assembleia de Deus Vitória em Cristo. Esta distinção é crucial para o pastor, que busca desassociar as despesas de atos políticos da receita de sua organização religiosa.
Apesar de confirmar o financiamento, Malafaia se recusou a quantificar o montante total gasto nesses atos. Ele citou um exemplo específico: para o ato de 7 de Setembro de 2022, quando o então presidente Bolsonaro discursou na praia de Copacabana, o pastor revelou à Folha que desembolsou R$ 35 mil para custear o trio elétrico. Ao ser questionado sobre a ausência de um valor total detalhado, ele contra-argumentou com uma crítica direcionada a partidos políticos. “É um direito meu. Agora, você vai me desculpar, eu nunca vi o PT, que faz manifestações com dinheiro público, dizer quanto gastou. E por que eu tenho que dizer? Isso é uma questão particular minha, tá?”, concluiu, indicando que considera o pedido de prestação de contas dos seus gastos um escrutínio indevido.
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## Malafaia 2026: Rejeição à Candidatura Presidencial
Nos bastidores do poder evangélico, a belicosidade e o protagonismo de Silas Malafaia levaram alguns colegas, incluindo dois pastores de grande projeção, a cogitar e publicizar a ideia de sua candidatura à Presidência da República em 2026. Essa sugestão, aparentemente um “balão de ensaio” para testar a receptividade pública, encontrou no próprio Malafaia uma barreira.
O pastor, que atualmente não é filiado a nenhum partido político, rechaçou categoricamente a hipótese. Em sua resposta, demonstrou desinteresse por cargos eletivos, declarando: “Não sou candidato a nada, nem a quinto carimbador de condomínio.” Ele preferiu descrever seu papel no cenário atual como o de “uma pequena influência no mundo evangélico” e “uma voz profética”. Malafaia elaborou sobre o tema de forma lúdica: “Até brinco, quando alguns pastores vêm falar comigo. Digo: amigo, para eu poder ser candidato à Presidência, Deus tem que mandar três anjos da primeira instância virem falar comigo. Como Deus não vai fazer isso, então eu jamais penso, sonho, quero ser candidato à Presidência”, sinalizando que vê a ideia como algo irreal e desvinculado de sua missão espiritual.
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## A Operação da PF e a Alegação de Perseguição Religiosa
A deflagração da operação da Polícia Federal, que culminou na inclusão de Silas Malafaia no inquérito do STF, ocorreu enquanto ele estava em Portugal. A notícia de seu envolvimento no processo veio à tona primeiramente pela GloboNews. Malafaia interpretou o vazamento da conversa particular entre ele e o ex-presidente como um “modus operandi para proteger o ditador Alexandre de Moraes” e, adicionalmente, com o propósito de “me denegrir diante da opinião pública evangélica”. Essa interpretação ressalta a polarização e a gravidade com que o pastor percebe as ações contra ele.
Dias após a revelação, ao desembarcar no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, o pastor foi abordado por uma equipe da PF, que ele descreveu como “muito educados comigo”. Ele foi conduzido a uma sala onde suas bagagens foram minuciosamente revistadas, procedimento que acompanhava na presença de sua esposa, a pastora Elizete Malafaia, e seu advogado, Jorge Vacine Neto.
Os agentes confiscaram seu passaporte, aparelho celular e, de forma significativa, seus “cadernos de esboços bíblicos”, que ele considera sua “ferramenta de trabalho”. A apreensão desses cadernos, para Malafaia, é uma evidência direta de perseguição religiosa, argumentando que os itens são essenciais para sua atividade pastoral. Adicionalmente, o convite de casamento da filha de outro pastor e materiais relacionados a uma conferência agendada para setembro também foram recolhidos, o que, segundo ele, complica ainda mais o exercício de suas funções.
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## Relação Com a Família Bolsonaro e as Palavras Fortes
Silas Malafaia descreveu uma amizade de longa data com Jair Bolsonaro, estendendo-se por duas décadas. Foi o próprio pastor quem oficializou o casamento de Bolsonaro com Michelle em 2013, o que denota um vínculo pessoal e profundo. Ele afirmou ser amigo dos três filhos mais velhos do ex-presidente, embora ressaltando que não possui laços tão próximos com todos eles: “Falo pouco com Eduardo e Carlos, falo mais um pouquinho com Flavio, mais com Michelle e muito mais com Bolsonaro”, especificou.
A revelação de áudios em que Malafaia chama Eduardo Bolsonaro de “babaca” foi justificada pelo pastor como um reflexo da liberdade e proximidade que ele desfruta na relação com a família presidencial. “Sou aliado, não alienado nem bolsominion”, destacou, explicando que essa intimidade permite-lhe expressar críticas abertamente. Ele também revelou que tanto ele quanto Jair Bolsonaro se opuseram ao “autoexílio” de Eduardo nos Estados Unidos. “Vou dizer uma coisa, tanto eu quanto Bolsonaro éramos contra. Só que Eduardo é maior de idade”, comentou, indicando a autonomia de Eduardo em suas decisões.
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## Disputas e Unidade na Direita
Para Silas Malafaia, a direita brasileira não está isenta de atritos internos, especialmente na disputa pelo posto de “herdeiro do bolsonarismo” para o pleito de 2026. Ele vê esses desentendimentos como algo esperado, utilizando uma analogia bíblica para ilustrar seu ponto: “Se você pegar os 12 discípulos de Jesus, havia contradição entre eles. Acho normal.”
O pastor fez um contraste com a esquerda política no Brasil, mencionando o cenário em que “Lula, preso, liberou o nome de Fernando Haddad [para a chapa presidencial de 2018], e a esquerda toda calada, sem falar nada”, sugerindo uma suposta unidade tática do lado oposto. Apesar das divisões evidentes no campo da direita, que considera uma “afronta” apontar um favorito para substituir Bolsonaro, que permanece inelegível mas ainda se apresenta como figura central, Malafaia expressou otimismo. Ele acredita que, “lá na frente, une todo mundo”, antevendo uma eventual união das forças de direita.
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## Linguagem Agressiva e a Imperfeição Humana
As mensagens trocadas com Jair Bolsonaro revelaram um Silas Malafaia utilizando, por vezes, uma linguagem mais direta e “desbocada”, com a presença de expressões consideradas chulas, como “arrombar” e “cacete”. Questionado sobre o uso desse palavreado, o pastor argumentou que isso apenas prova sua humanidade.
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“Nunca passei imagem de Superman evangélico ou super-santo. Tenho falhas. De vez em quando falo coisa indevida”, declarou, assumindo suas imperfeições. Ele inclusive admitiu usar outros palavrões em áudios que não vieram a público. Para reforçar sua defesa, Malafaia fez referência a um trecho bíblico, citando Mateus, capítulo 7, onde Jesus afirma: “hipócrita, antes de querer tirar o cisco do olho de uma pessoa, tira a trave que está no seu”. Ele concluiu sua argumentação destacando a facilidade em criticar conversas privadas: “É fácil criticar conversas pessoais, sabe? Quem não tem pecados que atire a primeira pedra”, desafiando uma postura de julgamento moral por parte dos críticos.
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FONTE: Folha de S.Paulo, https://www1.folha.uol.com.br/poder/2025/09/malafaia-critica-lideres-covardes-e-diz-que-se-for-preso-sera-a-maior-covardia.shtml

Imagem: www1.folha.uol.com.br
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