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Consumo de Adoçantes Artificiais Pode Acelerar o Declínio Cognitivo, Revela Pesquisa Abrangente da USP

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Um novo estudo conduzido pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) indica que o consumo elevado de adoçantes artificiais pode estar associado a um declínio cognitivo acelerado ao longo do tempo. A pesquisa, que acompanha mais de 12 mil adultos em diversas regiões do Brasil por um período de aproximadamente oito anos, sugere que, embora frequentemente vistos como alternativas saudáveis ao açúcar, esses componentes podem ter repercussões não esperadas para a saúde cerebral a longo prazo.

Os achados foram divulgados nesta quarta-feira, 3 de setembro de 2025, na Neurology, a prestigiada revista médica oficial da American Academy of Neurology. A amplitude e a duração do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), que serviu de base para esta análise, conferem peso às suas observações sobre a relação entre a ingestão de adoçantes e o desempenho cognitivo em diferentes grupos populacionais.

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## Entenda a Abrangência do Estudo da FMUSP

O levantamento realizado pelos pesquisadores da FMUSP acompanhou um grupo extenso de 12.772 adultos brasileiros. Os participantes, com uma idade média inicial de 52 anos, foram monitorados ao longo de cerca de oito anos. Essa amostra diversificada, que incluiu indivíduos de diversas localidades como Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória, oferece um panorama abrangente sobre o consumo de adoçantes no país e seus possíveis efeitos na população. O acompanhamento a longo prazo é um dos fatores que fortalece as conclusões do trabalho.

Os adoçantes artificiais são substâncias comumente presentes em uma vasta gama de alimentos ultraprocessados, muitos deles comercializados com apelo de serem de “baixa caloria” ou “zero açúcar”. Exemplos incluem águas saborizadas, refrigerantes, bebidas energéticas, iogurtes light e sobremesas que buscam reduzir o teor calórico. Além disso, muitos desses adoçantes são também adquiridos e utilizados de forma individual, adicionados a bebidas e alimentos caseiros para substituir o açúcar convencional.

### Quais Adoçantes Foram Analisados?

A pesquisa focou em uma série de adoçantes amplamente utilizados no mercado brasileiro e global. Entre as substâncias que foram objeto de análise detalhada, incluem-se:

* **Aspartame:** Um dos adoçantes mais conhecidos e estudados, frequentemente encontrado em bebidas e alimentos processados.
* **Sacarina:** Antiga e comum, é utilizada em produtos diversos, desde refrigerantes até adoçantes de mesa.
* **Acessulfame-K (Acessulfame de Potássio):** Muitas vezes combinado com outros adoçantes para obter um sabor mais equilibrado.
* **Eritritol:** Um poliol que tem ganhado popularidade como alternativa de baixa caloria ao açúcar.
* **Xilitol:** Outro poliol natural, também conhecido por seus benefícios dentários.
* **Sorbitol:** Um adoçante encontrado em muitos produtos “diet”, incluindo gomas de mascar.
* **Tagatose:** Um adoçante de baixo índice glicêmico que também foi incluído na análise para comparação.

A Dra. Claudia Kimie Suemoto, professora da disciplina de Geriatria da FMUSP e uma das autoras principais do estudo, enfatiza que, apesar da percepção popular de que os adoçantes de baixa ou nenhuma caloria são uma opção mais saudável em comparação com o açúcar refinado, os resultados obtidos sugerem uma necessidade de cautela.

> “Observamos que pessoas que consomem maiores quantidades de adoçantes tendem a apresentar um declínio cognitivo mais rápido, especialmente aquelas com diabetes. É importante destacar, porém, que o estudo não estabelece relação de causa e efeito”, detalhou a Dra. Suemoto.

Essa distinção entre associação e causalidade é um ponto fundamental da pesquisa e orienta as interpretações das descobertas. Os dados indicam uma correlação entre o consumo elevado de certas substâncias e um ritmo acelerado na perda de capacidades cognitivas, mas não afirmam que os adoçantes são a causa direta desse declínio.

## Metodologia de Avaliação Cognitiva no Longo Prazo

Para monitorar as habilidades cognitivas dos participantes ao longo dos oito anos de estudo, foram aplicados testes cognitivos em três momentos distintos: no início da pesquisa, em um ponto intermediário e no encerramento. Essas avaliações abrangiam uma série de capacidades cerebrais essenciais, incluindo:

* **Memória:** Capacidade de reter e recordar informações.
* **Linguagem:** Habilidade de compreender e produzir a fala e a escrita.
* **Raciocínio:** Capacidade de pensar, analisar e resolver problemas.

Mais especificamente, os pesquisadores analisaram aspectos como a fluência verbal (facilidade e agilidade na produção de palavras), a memória de trabalho (capacidade de manter e manipular informações temporariamente), a recordação de palavras (habilidade de se lembrar de termos específicos) e a velocidade de processamento (rapidez com que o cérebro lida com as informações). A medição consistente dessas variáveis permitiu observar a trajetória do desempenho cognitivo de cada participante ao longo do tempo.

### Os Resultados Quantitativos do Declínio Cognitivo

Os resultados do estudo revelaram uma diferenciação significativa no ritmo do declínio cognitivo entre os grupos de consumidores de adoçantes. Aqueles participantes que ingeriam as maiores quantidades de adoçantes (uma média de 191 mg por dia) exibiram um declínio cognitivo 62% mais acelerado em termos de memória e habilidades de pensamento. Esse efeito foi notado em comparação com o grupo de participantes que consumia as menores quantidades de adoçantes, com uma média diária de apenas 20 mg. A pesquisa quantificou esse impacto, apontando que o declínio mais rápido correspondeu a 1,6 ano de envelhecimento cerebral antecipado para os grandes consumidores.

O grupo considerado intermediário em termos de consumo diário de adoçantes, que ingeria uma média de 64 mg por dia, também apresentou uma queda mais rápida nas capacidades cognitivas, com um ritmo 35% superior em comparação ao grupo de baixo consumo. Este ritmo equivale a um envelhecimento cerebral antecipado de 1,3 ano, indicando uma graduação nos efeitos observados.

### Destaques Específicos do Estudo por Adoçante

O estudo trouxe observações detalhadas sobre a atuação de cada adoçante:

* **Declínio Mais Rápido:** O consumo individual de aspartame, sacarina, acessulfame-k, eritritol, sorbitol e xilitol foi consistentemente associado a um declínio mais rápido na cognição geral, com especial impacto na memória dos participantes. Isso sugere que não é apenas o uso global de adoçantes, mas a ingestão de certas substâncias que pode ser particularmente relevante para a saúde cerebral.
* **Equivalência do Aspartame:** Para dar uma dimensão prática aos níveis de consumo, os pesquisadores apontaram que a quantidade de aspartame associada a esses resultados foi equivalente à encontrada em uma única lata de refrigerante.
* **Ausência de Associação:** É notável que o adoçante tagatose não demonstrou qualquer associação com o declínio cognitivo nos dados analisados, diferenciando-se das outras substâncias estudadas.

## A Importância do Fator Idade e a Relação com o Diabetes

O estudo também desdobrou seus resultados considerando a faixa etária dos participantes. Foi observado que, entre as pessoas com menos de 60 anos que faziam uso das maiores quantidades de adoçantes, o declínio na fluência verbal e na cognição geral foi mais rápido, quando comparado àqueles da mesma faixa etária que consumiam menores quantidades. Esta nuance por idade sugere que o impacto dos adoçantes pode variar em diferentes estágios da vida adulta, com potenciais efeitos distintos na cognição.

Adicionalmente, o diabetes surgiu como um fator relevante na análise. A condição de ter diabetes foi associada a um declínio cognitivo ainda mais rápido entre os participantes que ingeriam as maiores quantidades de adoçantes. A Dra. Suemoto pontua que pessoas diagnosticadas com diabetes frequentemente optam pelo uso de adoçantes artificiais como uma alternativa ao açúcar comum, visando o controle da glicemia. Essa maior propensão ao uso de adoçantes pode explicar parte da intensificação do declínio cognitivo observada nesse grupo.

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É crucial reiterar a observação da Dra. Suemoto de que, apesar de o estudo ter encontrado essas ligações consistentes, ele não estabelece uma prova definitiva de que os adoçantes *causam* o declínio cognitivo. Os achados indicam uma associação forte, sugerindo que há uma inter-relação que merece maior investigação. Diante dessas descobertas, a equipe de pesquisa salienta a necessidade de estudos adicionais para confirmar os resultados atuais e explorar a eficácia de outras alternativas ao açúcar. Entre as sugestões para futuras pesquisas estão a análise de opções como purê de maçã, mel, xarope de bordo ou açúcar de coco, a fim de avaliar seus efeitos na saúde. A base de dados utilizada, o ELSA-Brasil, um levantamento multicêntrico que abrange a saúde de servidores públicos brasileiros, proporciona um sólido embasamento para essas e futuras análises no campo da saúde e nutrição.


**Fonte:** g1.globo.com/saude/bem-estar/noticia/2025/09/04/consumo-de-adocantes-pode-acelerar-declinio-cognitivo-aponta-estudo-da-usp.ghtml

Consumo de Adoçantes Artificiais Pode Acelerar o Declínio Cognitivo, Revela Pesquisa Abrangente da USP - Imagem do artigo original

Imagem: g1.globo.com

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