A Polícia Federal prendeu o deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva (MDB), conhecido como **TH Joias**, no Rio de Janeiro. As investigações apontam um suposto envolvimento do parlamentar com uma intrincada rede de **tráfico de drogas**, comércio ilegal de armas de fogo e esquemas de lavagem de dinheiro, operando em favor de facções rivais no estado fluminense.
As acusações que levaram à prisão preventiva do deputado nesta quarta-feira detalham a atuação de TH Joias no fornecimento de material bélico e logística para o crime organizado. O inquérito revela a participação em transações que envolviam grupos criminosos como o Comando Vermelho (CV) e o Terceiro Comando Puro (TCP), ambos disputando territórios e influência em diversas comunidades do Rio.
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Acusações de Comércio Ilegal de Armas e Antidrones
Entre as denúncias mais graves, a Polícia Federal indica que o parlamentar teria intermediado a venda de armamentos pesados. No ano passado, TH Joias é apontado como responsável pela venda de dois fuzis por R$ 120 mil para integrantes do tráfico de drogas. As apurações sugerem, ainda, que ele esteve envolvido no contrabando de bazucas antidrones. Esses equipamentos são estratégicos para as facções, sendo utilizados para neutralizar drones da polícia que monitoram operações em áreas controladas pelo crime organizado, concedendo-lhes uma vantagem tática e dificultando a ação policial.
O superintendente da Polícia Federal, Fábio Galvão, comentou a conduta do deputado durante as investigações. Segundo Galvão, o parlamentar projetava uma imagem de preocupação com a segurança pública, enquanto nos bastidores negociava ativamente armas e narcóticos. “O parlamentar estava transparecendo para a sociedade que era preocupado com a segurança pública, mas ao mesmo tempo negociava armas, drogas, importava bazucas antidrones e ainda vazava informações para criminosos”, declarou o superintendente, sublinhando a dualidade das ações de TH Joias.
Esquemas de Lavagem de Dinheiro
As suspeitas de TH Joias estendem-se à lavagem de dinheiro proveniente do tráfico. Uma das frentes dessa atividade ilícita teria sido a aquisição e operação de uma loja de produtos oficiais do Flamengo, localizada em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. A investigação aponta que o estabelecimento funcionava como fachada para movimentar grandes volumes de dinheiro de origem ilegal.
O procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Antonio José Campos Moreira, destacou a discrepância entre o volume financeiro transacionado pela loja e sua natureza comercial. “Ele se utiliza de uma loja, uma franquia, que vende produtos de um clube muito popular, para lavar dinheiro. Há um indicativo concreto de que essa loja é utilizada, porque o volume de dinheiro que circula por ali é incompatível com o que uma loja venderia”, afirmou Moreira.
Conexões Financeiras com Chefes do Tráfico
A apuração revelou que TH Joias já havia sido investigado anteriormente por lavagem de dinheiro associada a organizações criminosas. Antigas investigações indicavam que a fabricação de joias sob encomenda era uma de suas fachadas para a movimentação de valores ilícitos.
Nesse contexto, uma parceria com Luciano Martiniano da Silva, conhecido como Pezão, apontado como líder do Comando Vermelho no Complexo do Alemão, movimentou cerca de R$ 9 milhões nos últimos três anos, conforme indicam os levantamentos policiais. A complexidade do esquema era tamanha que a loja de joias também possuía agentes públicos entre sua clientela. Um dos exemplos citados pela Polícia Federal envolveu o delegado federal Gustavo Steel, cuja noiva foi fotografada usando um anel supostamente vendido pelo deputado. Gustavo Steel também foi preso nesta quarta-feira, sob a acusação de receber propina para fornecer informações sigilosas a facções criminosas.
Uso do Gabinete Parlamentar para Beneficiar Criminosos
As investigações detalham ainda que o gabinete do deputado estadual era utilizado para empregar pessoas ligadas a figuras do crime organizado, uma tática para criar álibis e melhorar a imagem pública desses indivíduos. Entre os casos documentados, Fernanda Ferreira Castro, esposa de Gabriel Dias de Oliveira, conhecido como Índio do Lixão, foi contratada. Índio do Lixão foi detido na mesma operação, sendo suspeito de liderar o tráfico na favela do Lixão, em Duque de Caxias.
O propósito dessa prática, de acordo com as autoridades, era construir uma reputação de “trabalhadora” para Fernanda nas redes sociais e em eventuais abordagens policiais. Ela atuou por oito meses na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), especificamente como assistente no Departamento de Legislação de Pessoal do deputado. O telefone celular de Fernanda foi apreendido, mas ela não foi localizada para comentar as acusações.
O superintendente da Polícia Federal reiterou a motivação por trás dessas contratações. Ele mencionou a situação de Fernanda, explicando que o emprego tinha o objetivo de proteger e agradar o criminoso, além de oferecer similarmente ao traficante Pezão, do Complexo do Alemão, a oportunidade de empregar a esposa ou um parente na Assembleia. A intenção era permitir que a pessoa exibisse uma ocupação legítima, com fotos e posts nas redes sociais como assessora parlamentar, para apresentar um álibi à polícia em caso de operações nas comunidades.
Detalhes da Prisão do Parlamentar
A operação policial que culminou na prisão de TH Joias teve início com o cumprimento de mandados de busca e apreensão em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio. Além das buscas, havia uma ordem de prisão preventiva expedida contra o parlamentar. Inicialmente, o deputado não foi localizado em sua residência na Barra da Tijuca. Sua captura ocorreu pouco tempo depois, no mesmo bairro, em um condomínio de luxo, onde ele estava escondido na casa de um amigo.
A prisão do deputado Thiego Raimundo dos Santos Silva marca um desdobramento importante na atuação contra o crime organizado e a corrupção no Rio de Janeiro, evidenciando a penetração de facções em diferentes esferas da sociedade.
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As investigações prosseguem para desvendar todos os detalhes e ramificações da complexa rede criminal que ligava o parlamentar a atividades de tráfico de drogas, armamento e lavagem de dinheiro, com potencial de impactar outras esferas políticas e criminosas do estado.
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Fonte: G1

Imagem: tráfico via g1.globo.com
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