O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem intensificado notavelmente sua agenda no estado de Minas Gerais durante o ano de 2025. Com uma visita programada para esta quinta-feira, 4 de setembro, a Belo Horizonte, esta será a sétima vez que o chefe do Executivo desembarca em terras mineiras neste ano. Esse volume de viagens já supera a totalidade das incursões presidenciais a Minas Gerais registradas nos dois primeiros anos de sua atual gestão, sinalizando um foco estratégico crescente na região.
A série de compromissos presidenciais ocorre em um momento crucial, onde o principal objetivo é a construção de uma base política robusta e competitiva no estado, fundamental para o cenário das eleições presidenciais de 2026. Minas Gerais, historicamente reconhecido como o segundo maior colégio eleitoral do país, é frequentemente visto como um importante indicativo do humor político nacional e um termômetro decisivo para os pleitos à Presidência da República.
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A Estratégia de Fortalecimento do Palanque Mineiro para 2026
A articulação política do Partido dos Trabalhadores (PT) em Minas Gerais está fortemente orientada para o apoio à possível candidatura do ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), ao governo do estado. A aproximação entre Pacheco e o presidente Lula se estreitou em diversos momentos políticos-chave, como durante o período de transição governamental e, de forma ainda mais marcante, na atuação conjunta das autoridades em resposta aos ataques de 8 de janeiro de 2023, período em que Pacheco ainda presidia o Senado Federal.
Rodrigo Pacheco no Centro das Articulações
Em suas manifestações recentes, sejam elas por meio de entrevistas ou discursos públicos, o presidente Lula tem manifestado seu entusiasmo e incentivo pela candidatura de Rodrigo Pacheco. Frequentemente, o presidente faz referência ao político mineiro como a “principal personalidade política” de Minas Gerais. Lula explicitou seu apoio durante uma entrevista concedida à rádio Itatiaia na semana anterior, onde declarou:
“Eu tenho certeza que nós vamos ganhar o estado de Minas Gerais com o Pacheco, ele sabe disso, sabe o que eu penso. É só ele se dispor a ser candidato. Se ele for, será o futuro governador de Minas Gerais.”
Apesar do forte apelo presidencial, a concretização de uma chapa que congregaria partidos do espectro da esquerda e parte do centro mineiro enfrenta a indefinição quanto à real disposição de Rodrigo Pacheco em lançar sua candidatura ao governo. Esta incerteza tem sido um fator limitante para uma articulação mais incisiva na formação de uma ampla aliança eleitoral no cenário político do estado.
No entanto, nas últimas semanas, observa-se uma sinalização de que a resistência de Pacheco em formalizar sua candidatura pode estar diminuindo. Aliados próximos no estado interpretam seus discursos recentes, proferidos durante as agendas presidenciais, como fortes indícios. Nesses pronunciamentos, Pacheco tem abordado temas como críticas a frases consideradas polêmicas do atual governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e a contestação da “lacração” por parte de políticos nas redes sociais.
Interlocutores do cenário político mineiro entendem que tais declarações de Pacheco são indiretamente direcionadas a seus possíveis principais concorrentes na disputa pelo Palácio Tiradentes. Os nomes mais cogitados para essa confrontação são o atual vice-governador, Mateus Simões (Novo), apontado por Zema como seu sucessor, e o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos), conhecido por sua marcante presença e alto engajamento nas plataformas digitais.
As Complexas Dinâmicas Partidárias e Alianças em Jogo
Outro acontecimento que mereceu atenção na esfera política mineira foi a nota divulgada pelo senador Rodrigo Pacheco na última segunda-feira, 1º de setembro. Nesse comunicado, Pacheco teceu críticas, ainda que de forma indireta, à recente aproximação de uma ala do PSD — seu partido — com o vice-governador Mateus Simões. A movimentação que previa a filiação de Simões ao PSD, presidido por Gilberto Kassab em nível nacional, havia sido publicamente admitida pelo governador Romeu Zema e era bem vista por parte da bancada do PSD na Assembleia Legislativa, que atualmente compõe a base do governo estadual.
Essa articulação, entretanto, encontrava considerável resistência no grupo dos deputados federais mineiros do partido, criando um ponto de tensão interna. Em sua nota oficial, Rodrigo Pacheco reforçou sua posição de não ter intenção de mudar de legenda. Adicionalmente, ele criticou veementemente a “tentativa desenfreada de antecipação do calendário eleitoral, como se as eleições fossem mais importantes que os problemas da nossa sociedade”, uma declaração que ecoa sua visão sobre o timing das discussões políticas.
Alexandre Silveira: Ministro, Aliado e Peça Chave na Estratégia
Dentro do mesmo contexto do PSD mineiro, o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) também se posiciona contrariamente à aproximação de seu partido com Mateus Simões. Silveira, conhecido por ser um fervoroso defensor do presidente Lula em seus discursos, desempenha um papel fundamental na agenda presidencial atual. É ele o principal responsável pela organização da viagem de Lula a Belo Horizonte nesta quinta-feira, cidade que é seu domicílio eleitoral.

Imagem: www1.folha.uol.com.br
Durante a visita, o ministro Alexandre Silveira será o anfitrião do lançamento do programa “Gás do Povo” na capital mineira. A iniciativa governamental promete conceder gratuidade no botijão de gás de cozinha, com projeções de beneficiar cerca de 15,5 milhões de famílias em todo o território nacional, o que equivale a aproximadamente 50 milhões de pessoas, segundo os cálculos apresentados pelo próprio governo.
Além de sua atuação ministerial e partidária, Alexandre Silveira figura como um pré-candidato potencial para uma das duas vagas em disputa no Senado Federal nas próximas eleições. Adicionalmente, o ministro já se colocou à disposição para assumir a coordenação da campanha presidencial do Partido dos Trabalhadores em Minas Gerais, reforçando seu engajamento com os objetivos políticos de Lula no estado.
Lula e as Cidades Mineiras: Um Mapeamento das Visitas Presidenciais em 2025
A frequência das visitas presidenciais a Minas Gerais ao longo de 2025 é um testemunho da importância estratégica do estado. A seguir, uma cronologia das localidades visitadas pelo Presidente Lula:
Localidade | Mês da Visita |
---|---|
Campo do Meio | Março |
Betim e Ouro Branco | Março |
Montes Claros | Abril |
Mariana e Contagem | Junho |
Minas Novas | Julho |
Contagem e Montes Claros | Agosto |
Belo Horizonte | Setembro |
Diálogos Políticos e Desafios na Capital Mineira
A agenda desta quinta-feira em Belo Horizonte não serve apenas para o lançamento do “Gás do Povo”; ela também representa uma oportunidade estratégica para o presidente Lula se aproximar do atual prefeito da capital mineira, Álvaro Damião (União Brasil). Damião assumiu o comando da prefeitura em março, após o falecimento do então prefeito Fuad Noman.
A intenção do Partido dos Trabalhadores é replicar em 2026 o apoio que Fuad Noman, então prefeito de Belo Horizonte, concedeu ao presidente Lula durante as eleições de 2022. No entanto, o cenário apresenta um desafio adicional: Álvaro Damião é filiado ao União Brasil, partido que recentemente optou por retirar seu apoio ao governo federal e anunciou suporte à anistia do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), evidenciando um desalinhamento político.
A complexidade dessa relação foi sutilmente abordada em um evento presidencial na vizinha Contagem na semana anterior. Na ocasião, o ministro Alexandre Silveira dirigiu-se publicamente a Álvaro Damião durante seu discurso. Silveira relembrou o apoio de Fuad Noman, afirmando ter certeza de que o atual prefeito iria “honrar o compromisso [de Fuad] e com consciência vai apoiar o presidente Lula” em 2026. Em resposta, Damião, que estava presente no palco, foi visto sorrindo e teve um de seus braços levantado por Ricardo Faria (PSD), o vice-prefeito de Contagem, em um gesto interpretado como cordial.
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Dessa forma, a série de visitas e os encontros estratégicos em Minas Gerais revelam a dedicação do governo e do presidente Lula em consolidar alianças e pavimentar o caminho para as futuras disputas eleitorais. A complexidade do quadro político mineiro, com suas particularidades regionais e articulações partidárias, demanda uma atenção contínua e a construção de pontes para garantir o respaldo necessário nos próximos pleitos.
FONTE: Folha.uol.com.br
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