Acusado da Morte de Modelo Gaúcha Será Julgado em Júri Popular em Santa Catarina
O desfecho judicial de um caso que comoveu o estado de Santa Catarina e o Rio Grande do Sul está marcado para acontecer a partir de 3 de setembro de 2025. Paulo Odilon Xisto Filho, um oficial de cartório, será submetido a júri popular, enfrentando acusações pela morte de sua então namorada, a modelo gaúcha Isadora Viana Costa, que tinha 22 anos. O crime, ocorrido em Imbituba, na região Sul do estado catarinense, em 8 de maio de 2018, agora terá seu julgamento em um plenário que pode se estender por até três dias, com previsão de término em 5 de setembro.
O Ministério Público (MP) de Santa Catarina sustenta que o réu desferiu golpes abdominais fatais na jovem após ela ter confidenciado à irmã de Paulo o uso excessivo de drogas e bebidas alcoólicas por parte do acusado. Desde a época do ocorrido, o homem chegou a ser detido por duas ocasiões distintas, primeiro em 2018 e novamente em 2019, mas atualmente aguarda o processo em liberdade, um fator que adiciona mais expectativa ao desenrolar do julgamento. A sessão está programada para iniciar às 8h, nas instalações do Fórum da Comarca de Imbituba.
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Detalhes das Acusações e a Longa Espera por Justiça
Paulo Odilon Xisto Filho responde perante a justiça por homicídio triplamente qualificado, o que, por si só, indica a gravidade das imputações. As qualificadoras aplicadas ao caso incluem motivo fútil, uso de recurso que tornou impossível a defesa da vítima e feminicídio. Adicionalmente, o réu também é acusado de fraude processual e posse ilegal de acessório de uso restrito destinado a armas de fogo, ampliando o escopo das imputações. A defesa da família de Isadora Viana Costa, representada pela advogada Daniela Felix, expressou, por meio de nota, a dor e o impacto que a perda da jovem causou em seus entes queridos. A advogada enfatizou o longo período de mais de sete anos de espera até que o julgamento pudesse ser realizado.
Por outro lado, a equipe jurídica que defende Paulo Xisto Filho, composta pelos advogados Aury Lopes Jr. e Ércio Quaresma, contesta veementemente as alegações da acusação. Eles negam qualquer envolvimento do cliente na morte da modelo e argumentam que a causa do óbito de Isadora teria sido uma overdose. Essa divergência central de narrativas promete um embate jurídico intenso e complexo durante os dias de julgamento.
Como o Casal Se Conheceu e a Sequência de Eventos Fatais
Conforme a narrativa do Ministério Público, o encontro entre Paulo Odilon Xisto Filho e Isadora Viana Costa ocorreu em março de 2018, na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, local de nascimento da modelo. Desse encontro, desenvolveu-se um relacionamento, e em 22 de abril de 2018, Isadora aceitou um convite para passar alguns dias na residência do namorado, situada em Imbituba, Santa Catarina. Poucos dias após sua chegada ao litoral catarinense, a tragédia começou a se delinear. O MP detalha que o acusado teria sentido um mal-estar, o que levou a modelo a contatar e solicitar a presença de familiares de Paulo.
Pouco depois que a irmã do réu deixou o local, segundo a acusação, o homem teria agido com violência contra a vítima. A versão do MP aponta que Paulo imobilizou Isadora e desferiu uma série de golpes, resultando em seu falecimento. Um laudo cadavérico desempenhou um papel crucial na sustentação dessa versão. Os exames periciais, conduzidos por médicos legistas, indicaram lesões traumáticas graves, minuciosamente descritas no documento pericial, que são compatíveis com múltiplas ações violentas, como chutes, socos e joelhadas. O laudo é taxativo ao afirmar que essas constatações são “absolutamente incompatíveis com a tese da defesa” e que “não há como falar em overdose como causa da morte”, refutando a principal argumentação do réu.
A Perspectiva da Família e o Conceito de Violência Contra a Mulher
A morte de Isadora Viana Costa em 8 de maio de 2018, na residência de seu então namorado, permanece como uma ferida aberta para sua família. Os representantes legais da família enfatizam a natureza violenta da morte e o fato de ter ocorrido em um ambiente privado, onde apenas os dois estavam presentes. A descrição do caso pela família e por sua defesa técnica é de um clássico exemplo de feminicídio, sublinhando que “a voz da vítima não pode mais ser ouvida”. Eles contrastam a situação da vítima com a figura do réu, que é descrito como “um homem branco e rico, que não poupou recursos na sua defesa”.
O longo período de sete anos de espera pelo júri popular é percebido pela família como um prolongamento de sua dor, um processo que “despedaça” os parentes. A advogada Daniela Felix reforçou que a luta por Isadora também simboliza um embate contra a violência doméstica e de gênero que aflige inúmeras mulheres. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina (SSPSC), o período entre janeiro e julho de 2025 registrou 26 mulheres vitimadas no estado, ilustrando a persistência desse grave problema social. A fala da defesa da família aponta não apenas para a busca por justiça individual, mas também para uma crítica sistêmica, sugerindo que muitas vítimas são também, de alguma forma, vítimas do próprio sistema judiciário.
Estratégia da Defesa do Acusado e Expectativas para o Julgamento
Em uma nota à imprensa, a defesa de Paulo Odilon Xisto Filho, coordenada pelos escritórios dos advogados Aury Lopes Jr. e Ércio Quaresma, manifestou-se em relação ao processo e às expectativas para o julgamento. Contradizendo algumas narrativas, os advogados esclareceram que não se opuseram à transmissão ao vivo da sessão do júri que se inicia em 3 de setembro. Pelo contrário, a defesa afirmou ter formalizado um pedido explícito e devidamente fundamentado à juíza da vara de Imbituba, solicitando que os procedimentos do plenário fossem transmitidos ao vivo através do canal oficial do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC). Eles citam precedentes em outros casos de grande repercussão nos quais transmissões semelhantes foram realizadas.
A justificativa da defesa para essa solicitação baseia-se na crença de que a transparência e a transmissão pública para a população seriam fundamentais para desmistificar certas alegações e “colocaria fim a uma narrativa”. De acordo com os advogados, a transmissão “mostrará sem sombra de dúvidas que Isadora não foi assassinada, mas infelizmente sofreu uma overdose”. Essa tese será o ponto central da argumentação dos defensores de Paulo Xisto Filho durante os três dias de júri.
Acompanhamentos anteriores do caso incluem momentos-chave, como quando o oficial de cartório se apresentou às autoridades, resultando em sua prisão temporária, e decisões importantes como a do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que determinou a soltura do acusado em determinada fase processual. O júri popular é a etapa culminante para definir a responsabilidade de Paulo Odilon Xisto Filho na trágica morte de Isadora Viana Costa, evento que tem mobilizado esforços das autoridades e aguardado por justiça pela família da vítima por mais de sete anos. A expectativa é de um julgamento intenso e repleto de debates entre acusação e defesa.
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O Fórum da Comarca de Imbituba será o palco desses debates jurídicos, com a comunidade e os veículos de comunicação acompanhando de perto o desenvolvimento dos depoimentos e argumentações que levarão à decisão dos jurados populares, encerrando um dos casos de homicídio de maior repercussão no cenário catarinense dos últimos anos.
Com informações de g1 SC

Imagem: g1.globo.com
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