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Incêndio em Clínica Irregular no Distrito Federal Causa Cinco Mortes e Revela Rotina Questionável

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Um incêndio devastador em uma unidade do Instituto Terapêutico Liberta-se, uma clínica de recuperação para dependentes químicos localizada no Paranoá, Distrito Federal, resultou na morte de cinco pessoas e deixou onze feridas na madrugada deste domingo (31). O trágico evento, ocorrido em um estabelecimento que já operava sob investigações e irregularidades, lançou luz sobre as condições e a rotina imposta aos internos, que eram muitas vezes acolhidos contra a própria vontade, conforme relatos de ex-pacientes e familiares. As autoridades do DF agora aprofundam a apuração das causas e responsabilidades.

A fatalidade no instituto veio à tona em um contexto onde outra unidade da mesma instituição já havia sido interditada pelo DF Legal devido a múltiplas irregularidades. O fogo que se alastrou pela chácara 420, onde uma das sedes operava, chamou a atenção para as práticas do local, que prometia recuperação, mas que, segundo denúncias, funcionava de maneira precária e, em muitos aspectos, ilegal.

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Detalhes do Incêndio e Vítimas

Na madrugada do dia 31, um incêndio eclodiu nas instalações da unidade do Instituto Terapêutico Liberta-se. No momento do sinistro, cerca de 20 internos estavam abrigados na sede principal, enquanto outros 26 ocupavam dormitórios externos e conseguiram ser resgatados sem ferimentos graves. Infelizmente, a intervenção rápida das equipes de socorro não foi suficiente para evitar a tragédia completa dentro do prédio principal.

Os bombeiros encontraram cinco corpos carbonizados, todos de homens ainda não identificados, nas áreas internas da clínica. O resgate foi dificultado pela estrutura do local: portas e janelas estavam trancadas e possuíam grades, características que impediram a fuga rápida dos pacientes e podem ter contribuído significativamente para o alto número de mortes. Além das vítimas fatais, onze outras pessoas, com idades que variavam entre 21 e 55 anos, sofreram queimaduras de diversos graus e intoxicação pela fumaça inalada. Estes feridos foram prontamente retirados do local durante o combate às chamas e encaminhados a diferentes hospitais do Distrito Federal para receber atendimento médico urgente.

Investigações e Irregularidades Prévias

Desde o momento do incêndio, as condições operacionais do Instituto Terapêutico Liberta-se tornaram-se o foco principal de uma intensa investigação pelas autoridades competentes. A polícia civil do Distrito Federal, através da 6ª Delegacia de Polícia do Paranoá, está à frente das apurações, sem descartar a possibilidade de que o incêndio tenha sido criminoso. Clínicas de recuperação irregulares como esta frequentemente enfrentam escrutínio público devido a denúncias de má-conduta.

Delegados responsáveis pelo caso estão coletando depoimentos de ex-internos, familiares e responsáveis pela instituição, a fim de montar um panorama completo das operações do instituto e determinar as responsabilidades pelo trágico incidente. Uma das unidades do instituto já havia sido objeto de interdição pelo DF Legal dias antes do incêndio fatal, evidenciando que as falhas operacionais e de segurança não eram desconhecidas das autoridades. O estabelecimento é acusado de funcionar sem a devida conformidade com as normas sanitárias e de segurança para esse tipo de serviço.

O Modelo de “Tratamento” no Instituto Liberta-se

O tratamento oferecido pelo Instituto Terapêutico Liberta-se era predominantemente contratado pelas famílias dos dependentes químicos, em muitas situações, sem o consentimento dos próprios pacientes. Os valores cobrados pelas mensalidades oscilavam entre R$ 600 e R$ 1300. No entanto, o instituto também disponibilizava uma modalidade gratuita, na qual os internos eram obrigados a prestar serviços extras no local para “custear” sua própria estadia, realizando diversas tarefas para manter as operações do estabelecimento.

De acordo com relatos obtidos junto a familiares, o contrato padrão estabelecia uma duração média de seis meses, com a promessa de atendimento médico e acompanhamento psicológico contínuos. Contudo, essa promessa se mostrou, na prática, bem diferente da realidade vivida pelos internos, que raramente ou nunca tinham acesso a esses profissionais de saúde, conforme detalhado mais adiante.

A Rotina Diária Regrada e as Tarefas

Após a admissão, o paciente era conduzido à casa de acolhimento e passava por etapas iniciais antes de ser inserido na rotina geral. Os primeiros cinco dias eram dedicados à “desintoxicação”, um período para observar os efeitos da abstinência. Passada essa fase, o interno era integrado à programação diária.

A rotina dos pacientes era rigidamente estabelecida, com o despertar ocorrendo por volta das 7h. Após o café da manhã, todos os internos participavam de uma reunião matinal com a presença de terapeutas e pastores, que conduziam debates sobre a dependência química e questões espirituais. Em seguida, iniciava-se a “laborterapia”, período destinado à execução de diversas tarefas domésticas e de manutenção do instituto, entre as quais:

  • Lavagem de roupas;
  • Preparação das refeições para todos os ocupantes;
  • Manutenção geral e limpeza do espaço;
  • Cuidados com o jardim;
  • Reparos menores nas instalações da casa.

Um ex-paciente ouvido pela imprensa informou que as refeições eram frequentemente preparadas por “veteranos”, internos que estavam há mais tempo no instituto e detinham a confiança da administração para manusear os utensílios da cozinha. Após o almoço, a rotina incluía a “sonoterapia”, um período de descanso forçado, onde os internos deveriam dormir ou permanecer deitados por aproximadamente duas horas. Durante a tarde, uma segunda reunião ocorria antes do horário estabelecido para dormir. Ainda segundo os relatos, os internos tinham permissão para fumar dentro das dependências, mas o consumo era estritamente monitorado e limitado a horários específicos do dia.

Alegações de Castigos e Cativeiro

Os depoimentos de internos e ex-internos também apontam para práticas questionáveis de punição e cerceamento de liberdade. Pacientes que se recusavam a seguir as rígidas regras da clínica eram submetidos a “castigos” que incluíam o isolamento dos demais, a perda do direito a realizar a ligação semanal para familiares e, ainda mais grave, a suspensão das visitas mensais da família. Alguns indivíduos chegaram a relatar agressões físicas, somando um quadro preocupante de coação dentro das instalações.

Adicionalmente, investigações da Polícia Civil e as reportagens evidenciam que parte dos pacientes eram mantidos trancados diariamente. De forma sistemática, os internos considerados “novatos” ou os mais “rebeldes” eram fechados em seus alojamentos todas as noites para impedir eventuais tentativas de fuga. As grades nas portas e janelas da sede incendiada reforçam essas alegações, indicando uma estrutura voltada para o confinamento, e não apenas para o acolhimento terapêutico.

Ausência de Profissionais de Saúde e Supervisão de Internos

Uma das mais graves irregularidades apontadas refere-se à completa falta de profissionais de saúde, como médicos e psiquiatras, que, apesar de prometidos nos contratos de tratamento, eram praticamente ausentes. Muitos ex-pacientes afirmam terem tido apenas um único atendimento psiquiátrico durante toda sua estadia na clínica, enquanto outros relatam jamais ter tido qualquer contato com um especialista médico ou de saúde mental.

O delegado Hugo Maldonado, que preside as investigações na 6ª Delegacia de Polícia do Paranoá, confirmou em entrevista que o local não possuía um médico responsável registrado, uma exigência legal para atividades do tipo, de acordo com o CNPJ da instituição. Esta ausência flagrante de suporte médico pode levar os responsáveis pela clínica a serem processados por crimes graves.

Tabela: Crimes Potenciais Investigados
| Crime Investigado | Descrição do Contexto na Clínica |
| :——————————– | :————————————————— |
| Exercício ilegal de profissão/atividade | Falta de profissionais qualificados no desempenho das funções. |
| Exercício ilegal da medicina | Ausência de médico responsável pelo atendimento dos internos. |
| Cárcere privado | Pacientes trancados em alojamentos contra sua vontade. |
| Homicídio doloso (assumindo o risco) | Estrutura precária e trancamento de saídas, resultando em mortes por incêndio. |
| Lesão corporal / Lesões graves | Relatos de agressões físicas a internos. |

Diante da falta de profissionais qualificados, a assistência aos internos era delegada a “monitores chefes”. Segundo depoimentos, essa função era exercida por outros pacientes “veteranos”, que teriam ganhado a “confiança” dos responsáveis pelo instituto, o que é uma prática sem base em qualificação profissional e ilegal.

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Posicionamento do Instituto Terapêutico Liberta-se

Em nota oficial, a direção do Instituto Terapêutico Liberta-se manifestou seu profundo pesar pelo incêndio, que causou perdas “irreparáveis”. A instituição expressou solidariedade e consternação às famílias e amigos das vítimas, reiterando que já está em contato com as autoridades competentes e se coloca à inteira disposição para colaborar com todas as investigações. O instituto afirma que fornecerá todas as informações necessárias para o completo esclarecimento das circunstâncias do ocorrido, reforçando seu compromisso com a transparência e a apuração rigorosa dos fatos diante da tragédia. A repercussão dos eventos aguarda o desdobramento das análises policiais e judiciais sobre as condições operacionais e responsabilidades da entidade.

Com informações de g1

Incêndio em Clínica Irregular no Distrito Federal Causa Cinco Mortes e Revela Rotina Questionável - Imagem do artigo original

Imagem: g1.globo.com

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