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Transformação nas Previsões de Furacões: 20 Anos Após o Katrina, Quais os Avanços?

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A passagem devastadora do Furacão Katrina, que atingiu a costa do Golfo em 29 de agosto de 2005, com rajadas de vento superiores a 210 km/h e uma elevação do nível da água que superou a altura de um prédio de dois andares, marcou um divisor de águas na forma como os desastres naturais são previstos e comunicados. A tempestade deixou um rastro de destruição na costa e causou a inundação de aproximadamente 80% da cidade de Nova Orleans, nos Estados Unidos, após o rompimento de diques. Essa situação caótica perdurou por vários dias e resultou na perda de quase 1.400 vidas.

Mesmo com a ciência meteorológica da época, os especialistas do Centro Nacional de Furacões (NHC) já possuíam informações significativas. Dois dias antes do impacto, Max Mayfield, que era então o diretor do NHC, telefonou para o prefeito de Nova Orleans. Ele se lembra de ter desligado a chamada com uma preocupação crescente, virando-se para um colega e expressando sua intuição: “Ele não entendeu”.

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Dias antes de o Katrina tocar a costa do Golfo do México, os meteorologistas já tinham conhecimento de sua provável trajetória e intensidade. Eles sabiam que a tempestade seguiria um caminho notavelmente similar ao do furacão Camille, um dos mais intensos já registrados, que devastou a mesma região em 1969. Apesar desse conhecimento crucial, Mayfield relatou que ele e sua equipe enfrentaram dificuldades consideráveis em transmitir a seriedade da ameaça às comunidades diretamente afetadas. Ele enfatizou que “se você não comunica a previsão às pessoas certas de forma eficaz, a sua previsão não serve para nada”. Para ele, a ausência de resposta significa um “esforço desperdiçado”, sublinhando a importância vital da comunicação na gestão de crises.

Michael Brennan, o atual diretor do Centro Nacional de Furacões, ressalta que, desde o Furacão Katrina, meteorologistas e autoridades de emergência aprenderam lições fundamentais. Essas lições abrangem não apenas as metodologias de previsão de furacões, mas também aprimoraram a forma como os perigos inerentes a essas tempestades são comunicados à população. O Katrina não foi o primeiro furacão a impactar a região de Nova Orleans e, certamente, não será o último. Entretanto, as mudanças implementadas após 2005 foram abrangentes e profundas.

Financiamento e Tecnologia Impulsionam Previsões de Furacões

Brennan afirmou que “tudo mudou” no cenário da previsão de furacões após o Furacão Katrina. O Congresso dos Estados Unidos, reconhecendo a urgência e a necessidade de aprimoramento, estabeleceu o que hoje é conhecido como Programa de Melhoria da Previsão de Furacões. Este programa desempenhou um papel crucial no aumento do número de profissionais especializados no Centro Nacional de Furacões, localizado em Miami. Além do incremento de pessoal, o programa destinou investimentos substanciais ao desenvolvimento e à aplicação de modelos computacionais dedicados especificamente aos furacões.

Avanços em Modelagem e Coleta de Dados

Os progressos tecnológicos subsequentes ao Katrina trouxeram melhorias significativas na qualidade e na quantidade de dados incorporados aos modelos nas fases iniciais de uma tempestade. Essa evolução forneceu aos meteorologistas uma vantagem inestimável, permitindo uma maior precisão na determinação da provável trajetória do fenômeno. Tanto Brennan quanto Mayfield concordam que, considerando as ferramentas disponíveis em 2005, a previsão para o Katrina foi notavelmente boa, apesar de não ter sido perfeita em todos os aspectos.

Os satélites que monitoravam o Katrina representavam o estado da arte na época, com capacidade de capturar uma imagem da tempestade a cada cinco minutos. No entanto, esses satélites possuíam uma vulnerabilidade crítica: suas baterias solares apresentavam um desempenho reduzido ao passar pela sombra da Terra. Consequentemente, no dia que antecedeu a chegada da tempestade, esses satélites ficaram inoperantes por um período de duas horas, precisamente quando o furacão estava em seu processo de intensificação mais acentuado, privando os meteorologistas de dados cruciais nesse momento.

A Nova Geração de Satélites e a Precisão de Trajetória

Desde 2016, uma nova geração de satélites entrou em operação, oferecendo capacidades superiores. Estes novos equipamentos são capazes de fornecer imagens em alta definição a cada minuto, eliminando os períodos prolongados de inatividade que caracterizavam a tecnologia anterior. A trajetória inicial da previsão do Katrina apontava que o furacão se deslocaria em direção à Flórida, mas em 27 de agosto, a rota foi corrigida para a Louisiana. Naquela ocasião, Mayfield suspeitava de uma possível intensificação da tempestade, mas os modelos de previsão da época eram conhecidos por sua imprecisão em prever o fenômeno da rápida intensificação, que efetivamente ocorreu com o Katrina no dia seguinte.

Atualmente, os erros nas previsões de trajetória foram drasticamente reduzidos. Além disso, os modelos especializados, embora ainda não sejam totalmente infalíveis, oferecem uma indicação muito mais precisa sobre o potencial de uma tempestade se intensificar, conforme explica Brennan. Ele adverte, contudo, que os meteorologistas ainda podem ser pegos de surpresa por uma tempestade. O diretor do NHC citou como exemplo o Furacão Otis, ocorrido em 2023. O Otis se formou como uma tempestade tropical em 24 de outubro e atingiu a costa um dia depois, perto de Acapulco, no México, já como um furacão de categoria 5. Os modelos falharam em prever a trajetória e a velocidade de intensificação do Otis, o que resultou na morte de mais de 50 pessoas. Pesquisadores têm indicado que as alterações climáticas, embora possam não estar aumentando o número total de furacões, provavelmente estão contribuindo para que algumas dessas tempestades se intensifiquem de maneira mais acelerada e repentina.

Compreensão Aprimorada da Maré de Tempestade e Seus Perigos

Uma das facetas mais mortíferas do Furacão Katrina foi a maré de tempestade – uma imponente parede de água impulsionada pelos ventos intensos do furacão. Foi essa maré devastadora que rompeu os diques de Nova Orleans e causou a inundação generalizada da cidade. Após o evento, essa característica específica do furacão se tornou um ponto de grande confusão para muitos especialistas, pois a força da água havia levado consigo os medidores que registrariam a altura da maré, dificultando uma avaliação precisa de sua magnitude.

Hermann M. Fritz, professor de engenharia civil no renomado Instituto de Tecnologia da Geórgia, é uma autoridade reconhecida em perigos costeiros, com especialização em marés de tempestade. Sua primeira visita de campo após a passagem do Katrina foi às ilhas-barreira no Golfo do México. Lá, ele observou um fenômeno revelador: a força da água havia arrancado a casca das árvores. Essa observação crucial permitiu a ele e a outros especialistas estimar não apenas a altura da maré, mas também a intensidade dos ventos à medida que o Katrina se aproximava da costa, oferecendo dados valiosos para análises futuras.

Fritz salienta a natureza primariamente perigosa da água nas tempestades, afirmando que “a maioria das pessoas não morre por causa do vento”. Ele acrescenta que “mesmo com ventos de 320 km/h, você não terá milhares de fatalidades. Só vai ter isso com inundações causadas pela maré de tempestade”, evidenciando que o principal agente de mortes e destruição em furacões severos são as inundações decorrentes da maré de tempestade e não os ventos por si só.

Desafios Atuais e o Futuro das Previsões de Furacões

No cenário atual, a trajetória de investimentos e recursos para a prevenção e resposta a desastres naturais enfrenta incertezas. Durante a administração anterior, foram implementados cortes significativos em diversas agências cruciais envolvidas com desastres naturais, como a Agência Federal de Gestão de Emergências (Fema), o Serviço Nacional de Meteorologia e a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (Noaa). Essas decisões levantaram preocupações sobre a sustentabilidade dos avanços conquistados.

James Franklin, um meteorologista aposentado que já ocupou a chefia de equipe no Centro Nacional de Furacões, descreve o investimento realizado após o Katrina como “o maior sucesso que consigo lembrar do ponto de vista orçamentário”. Ele enfatiza que “isso levou a melhorias realmente notáveis na precisão das previsões”. No entanto, diante dos cortes orçamentários observados nos últimos anos, tanto Franklin quanto outros especialistas expressam temores de que o progresso futuro possa ser comprometido. Franklin adverte que “as próximas gerações de melhorias têm menos chance de acontecer”, indicando que a falta de recursos pode frear o desenvolvimento de novas tecnologias e métodos de previsão.

Brennan, por sua vez, manifesta a esperança de observar melhorias significativas nas previsões de inundações. Ele citou o furacão Helene, ocorrido em 2023, como um exemplo de comunicação “sem precedentes” por parte do Centro de Furacões. Na ocasião, um comunicado foi emitido para “basicamente soar o alarme sobre o risco de inundação nas montanhas Apalaches”, na Carolina do Norte. Apesar desse esforço de comunicação antecipado, a extensão do impacto da tempestade, especialmente em áreas tão distantes do litoral, pegou muitas pessoas de surpresa, revelando que ainda há desafios na compreensão e na resposta do público.

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Brennan reforça a ideia de que a aprendizagem é um processo contínuo e evolutivo. “Aprendemos algo com cada evento”, disse ele. Essa filosofia orienta a atuação do Centro Nacional de Furacões, que constantemente revisa e aprimora suas metodologias. As lições valiosas extraídas do Furacão Katrina continuam a contribuir para o aprimoramento das previsões, dos produtos e serviços oferecidos e da forma como a comunicação é conduzida. De maneira semelhante, eventos mais recentes como os furacões Ian e Helene também se tornaram fontes de conhecimento, moldando as estratégias futuras de preparação e resposta a esses fenômenos naturais devastadores.

Com informações de Folha de S.Paulo

Transformação nas Previsões de Furacões: 20 Anos Após o Katrina, Quais os Avanços? - Imagem do artigo original

Imagem: www1.folha.uol.com.br

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