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Brasil impulsiona rápida expansão petrolífera na América do Sul

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A América do Sul se posiciona como a região com a mais veloz expansão na produção de petróleo global, projetando um salto de 30% em seu volume extrativo entre os anos de 2024 e 2030. Este ritmo de crescimento deverá superar o observado no Oriente Médio e nos Estados Unidos, marcando um período de intenso desenvolvimento para o setor na parte sul do continente. Nos meses anteriores a agosto de 2025, a produção já havia atingido patamares históricos, reforçando as previsões otimistas.

Especialistas da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) apontam que este significativo avanço será fundamentalmente impulsionado por grandes empreendimentos em desenvolvimento. Entre eles, destacam-se as vastas operações no pré-sal brasileiro, as atividades no bloco Stabroek na Guiana, e a exploração da Bacia de Neuquén na Argentina, especificamente na formação de Vaca Muerta. A expectativa é que, em conjunto com a contribuição do Suriname, esses projetos compensem a natural desaceleração em campos de extração mais antigos da região, que já atingiram seu pico de produção e iniciam uma fase de declínio.

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De acordo com projeções da consultoria internacional Rystad, a América do Sul verá sua capacidade de produção diária de petróleo, tanto pesado quanto leve, aumentar de 7,4 milhões de barris para aproximadamente 9,6 milhões. Em contrapartida a esta expansão, países como Colômbia, Equador e Venezuela enfrentam a perspectiva de uma redução em sua extração de combustíveis fósseis.

Os Gigantes da Expansão Sul-Americana

O Brasil, que já se consolida como o principal produtor de petróleo da região, alcançou um recorde de extração em junho, quando sua produção média diária de petróleo e gás natural atingiu quase cinco milhões de barris. Estes dados são da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A principal força magnética que atrai robustos investimentos ao território brasileiro é o pré-sal. Esta notável formação geológica submarina é caracterizada por espessas camadas de rocha salina que se situam sob extensas jazidas de petróleo e gás, exigindo tecnologias avançadas para sua prospecção e extração.

A Guiana, um país com uma população de pouco mais de 800 mil habitantes, tem sido palco de uma inédita revolução petrolífera desde a descoberta, em 2015, de imensas reservas. O petróleo guianense é proveniente de jazidas em águas profundas, predominantemente concentradas no bloco Stabroek. Esta é uma vasta área marítima de milhares de quilômetros quadrados operada por um consórcio liderado pela ExxonMobil, e é considerada uma das reservas de petróleo e gás mais importantes do planeta. O impacto do descobrimento foi transformador, colocando a nação no centro das atenções da indústria energética global.

No caso da Argentina, a força motriz da produção é a formação de Vaca Muerta. Distinta das reservas submarinas, Vaca Muerta é uma gigantesca formação geológica em terra, conhecida por abrigar petróleo e gás de xisto, ou seja, hidrocarbonetos não convencionais. Estes recursos estão aprisionados em rochas de difícil acesso, e sua extração requer a aplicação de uma técnica conhecida como fraturamento hidráulico. A principal área de Vaca Muerta localiza-se na província de Neuquén, onde a produção de petróleo atingiu, em julho, seu nível mais alto na história, registrando um notável crescimento interanual de 28%.

Importância das Águas Profundas e Desafios Futuros

Flávio Menten, analista da Rystad, enfatiza a relevância da exploração submarina, afirmando que cerca de metade do crescimento da produção de petróleo previsto para toda a América do Sul terá origem em seus oceanos. “A América do Sul se destaca como a maior região produtora em águas profundas marinhas a nível mundial”, observa o analista. Pietro Ferreira, analista sênior da consultoria internacional Wood Mackenzie, corrobora essa visão ao salientar que os principais empreendimentos de petróleo e gás em águas profundas da região se caracterizam pela combinação de “alta produtividade e baixa intensidade de carbono”. Tais atributos tornam a área altamente atraente para as grandes empresas petrolíferas que buscam investimentos sustentáveis e eficientes.

No entanto, apesar do cenário de crescimento, Ferreira alerta sobre um desafio iminente: a capacidade de a região sustentar esse impulso de expansão além de 2030. Para a indústria, a contínua descoberta e exploração de novas jazidas são consideradas vitais para garantir a perenidade do crescimento. Sem novos campos ou tecnologias para acesso a outras fontes, a sustentabilidade da atual taxa de expansão poderia ser comprometida.

Na Argentina, o ritmo de expansão em Vaca Muerta também é uma incógnita. Maria Cristina Pacino, professora e pesquisadora da Universidade Nacional de Rosário, comenta que a velocidade do crescimento dependerá significativamente do “investimento em infraestrutura”. A professora destaca que este fator é essencial para acelerar o desenvolvimento produtivo da formação de xisto. Em um avanço concreto nesse sentido, a previsão é que um oleoduto com mais de 400 quilômetros de extensão comece a operar até o final de 2026. Esta estrutura transportará o petróleo extraído de Vaca Muerta até um terminal portuário localizado na costa atlântica, otimizando o escoamento da produção.

Brasil impulsiona rápida expansão petrolífera na América do Sul - Imagem do artigo original

Imagem: g1.globo.com

Projeções e o Posicionamento Global da América do Sul

Rafael Scott e Luciano Di Fiori, especialistas da McKinsey Energy Solutions, acreditam que a produção sul-americana de petróleo pode expandir em até 35% até o final da atual década, considerando que os preços permaneçam em níveis semelhantes aos atuais. Esta projeção implica um crescimento produtivo médio anual de 4% a 5% para a região, em contraste com a média global de apenas 1% ao ano. A distinção se torna ainda mais relevante quando se observa que a quase totalidade da América do Sul não está sujeita às restrições de cotas de produção impostas pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). Este fator, combinado com o respaldo de descobertas recentes, leva os especialistas a qualificarem a América do Sul como a região de mais rápido crescimento no setor de petróleo e gás em todo o mundo.

É importante salientar que, embora a América do Sul apresente um notável crescimento percentual, o Oriente Médio continuará sendo, em 2030, um produtor de volume absoluto significativamente maior, com cerca de 35 milhões de barris diários, contra aproximadamente 10 milhões na América do Sul. A chave está no dinamismo de aumento percentual dos níveis de produção, onde a América do Sul se destaca. No Brasil, empreendimentos como os campos de Búzios, Mero, Sépia e Atapu são considerados entre os maiores projetos de petróleo em águas profundas do mundo e estão em pleno desenvolvimento. Na Guiana, espera-se que as jazidas do bloco Stabroek dupliquem sua capacidade de produção até 2030, enquanto na Argentina, o potencial da reserva de Vaca Muerta pode elevar sua produção para um milhão de barris diários.

O investimento na indústria é partilhado entre empresas privadas e estatais. No Brasil, a Petrobras tem feito investimentos importantes em novas unidades de produção para o campo de Búzios, reforçando sua liderança. Analogamente, na Argentina, a empresa estatal YPF definiu como objetivo estratégico maximizar a produção em Vaca Muerta, indicando uma visão de longo prazo para a exploração de seus recursos.

O Dilema da Transição Energética e a Persistência do Petróleo

Apesar do impulso econômico gerado por esse “boom” petrolífero, o crescimento tem enfrentado críticas rigorosas de cientistas e organizações ambientais. Tais grupos defendem veementemente o direcionamento de maiores investimentos para fontes de energias limpas, visando conter o avanço das mudanças climáticas globais. Em um contexto de preparação para a conferência climática COP30, agendada para novembro no Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva argumentou que as receitas geradas pelo petróleo são essenciais para o financiamento da transição energética verde. Contudo, essa posição é vista por seus críticos como uma contradição. Lula afirmou que “é dessa riqueza que a gente vai ter dinheiro para construir a sonhada transição energética”, reforçando o papel financeiro da indústria petrolífera para outros setores.

Adicionalmente às metas de redução de emissões que diversos países estabeleceram, a economia global se depara com um risco de escassez de petróleo após 2030. Especialistas alertam para uma potencial diminuição da produção de petróleo caso novos campos não entrem em operação à medida que as reservas existentes se esgotam. Sem uma exploração bem-sucedida ou a descoberta de novas jazidas, o mundo poderia se tornar ainda mais dependente da Arábia Saudita e de outros países da OPEP para suprir suas necessidades energéticas futuras. Diante dessas pressões ambientalistas, que fomentam o desenvolvimento de fontes como energia eólica, solar e hidrogênio verde, a indústria do petróleo ainda mantém um olhar estratégico sobre a América do Sul. A região se destaca pela sua capacidade de produzir barris a um custo relativamente inferior em comparação com outras partes do globo, como os Estados Unidos, que enfrentam o amadurecimento de muitas de suas bacias de xisto e a consequente queda na qualidade das áreas remanescentes de perfuração, tornando-as menos atraentes para investimentos privados. A competição das energias renováveis com este iminente boom petrolífero na região será acirrada, embora o cenário energético de longo prazo continue em aberto e suscetível a mudanças. Recentemente, a exploração na margem equatorial foi defendida pelo presidente da Petrobras, reforçando o foco em novas fronteiras exploratórias.

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Os desafios relacionados à Opep e ao papel contínuo da Petrobras no cenário nacional e internacional continuam a ser pautas importantes no debate energético, enquanto a América do Sul busca consolidar sua posição como protagonista no abastecimento global de petróleo, equilibrando os benefícios econômicos com as crescentes preocupações ambientais.

Com informações de G1

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