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Literatura brasileira de luto: Morre Luis Fernando Verissimo aos 88 anos

Facebook Twitter Pinterest LinkedInO Brasil lamenta profundamente o falecimento de Luis Fernando Verissimo, um dos mais reverenciados nomes da literatura nacional, ocorrido neste sábado (30) aos 88 anos. A notícia de sua partida gerou uma onda de consternação entre artistas e escritores, que expressaram sua homenagem e pesar pela perda do cronista, romancista e humorista. … Ler mais

O Brasil lamenta profundamente o falecimento de Luis Fernando Verissimo, um dos mais reverenciados nomes da literatura nacional, ocorrido neste sábado (30) aos 88 anos. A notícia de sua partida gerou uma onda de consternação entre artistas e escritores, que expressaram sua homenagem e pesar pela perda do cronista, romancista e humorista. Verissimo estava internado há aproximadamente três semanas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Moinhos de Vento, na cidade de Porto Alegre, em decorrência de um princípio de pneumonia.

Sua morte representa a lacuna de uma voz ímpar que soube traduzir a vida brasileira com humor ácido e profunda observação social. Luis Fernando Verissimo consolidou uma vasta obra que atravessou gerações, sendo um dos autores mais lidos e admirados em diversas esferas da sociedade.

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As manifestações de luto começaram logo após a confirmação da morte. A escritora e jornalista Cíntia Moscovich, em entrevista à GloboNews, relembrou o notável legado de Verissimo, destacando seu compromisso com o meio literário. “Ele fazia questão de estar muito próximo de todos nós, que vivíamos a literatura”, afirmou Moscovich, ressaltando a camaradagem e a importância do escritor para a comunidade artística. O cartunista Angeli, por sua vez, utilizou as redes sociais para prestar sua solidariedade à família, expressando a imensidão da figura paterna de Verissimo: “Todo amor para Lúcia, Fernanda, Mariana, Pedro e família. Imensurável é o pai”, escreveu Angeli em sua mensagem de condolências.

A saúde de Luis Fernando Verissimo inspirava cuidados há alguns anos. Ele convivia com o mal de Parkinson e enfrentava problemas cardíacos, tendo sido submetido a um implante de marcapasso no ano de 2016. Mais recentemente, em 2021, o escritor sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC), o que, conforme relatos de sua família, o levou a desenvolver dificuldades motoras e de comunicação. Luis Fernando deixa sua esposa, Lúcia Helena Massa, com quem compartilhava uma longa história, seus três filhos, Fernanda, Mariana e Pedro, além de dois netos. A família, seu refúgio e inspiração em muitos momentos, é parte essencial de sua trajetória.

Nascido em Porto Alegre, no dia 26 de setembro de 1936, Luis Fernando Verissimo trazia em seu sangue a herança literária do pai, Erico Verissimo, um dos maiores pilares da literatura nacional e autor de clássicos como “O Tempo e o Vento”. A infância de Luis Fernando foi marcada por um período vivido nos Estados Unidos, onde Erico Verissimo lecionava literatura brasileira em importantes instituições de ensino, como as universidades de Berkeley e de Oakland. Essa experiência internacional moldou parte de sua visão de mundo e, mais tarde, de sua escrita. Sobre a influência paterna, ele mesmo destacava uma característica peculiar: “O pai foi um dos primeiros escritores brasileiros a escrever de uma maneira mais informal. E eu acho que herdei um pouco isso. Essa informalidade na maneira de escrever”, pontuava o escritor, evidenciando o traço que o distinguiria na sua própria obra.

A trajetória profissional de Verissimo no universo jornalístico e literário teve início em 1966, quando ingressou como revisor no renomado jornal Zero Hora, na capital gaúcha. Posteriormente, no Rio de Janeiro, ele dedicou-se à função de tradutor. O reconhecimento como autor de livros começou a se consolidar em 1973, com a publicação de sua primeira obra, “O Popular”. Ao longo de sua carreira prolificamente fértil, Luis Fernando Verissimo acumulou um acervo de mais de 70 livros publicados, abrangendo uma diversidade de gêneros que incluíam crônicas, romances, contos e até quadrinhos. A abrangência e o sucesso de sua produção podem ser atestados pelos números expressivos de vendas, com um total superior a 5,6 milhões de cópias comercializadas em todo o país. Além de seus livros, Verissimo também mantinha colunas regularmente em periódicos de grande circulação, como “O Estado de S.Paulo”, “O Globo” e o próprio “Zero Hora”, mantendo um diálogo constante com seus leitores através de textos perspicazes.

Sua vida era pautada pela discrição, tanto em seus hábitos diários quanto em suas raras declarações públicas. Verissimo optou por permanecer vivendo na mesma residência em que cresceu após o retorno dos Estados Unidos. A propriedade, situada no tradicional Bairro Petrópolis, em Porto Alegre, foi adquirida por seu pai em 1941. Naquele local, o escritório onde Erico Verissimo dedicava-se à sua escrita era mantido intacto pela família, uma espécie de santuário literário. Apesar de ser rodeado pelos livros de Erico, Luis Fernando desenvolveu seu próprio canto para a criação literária: ele escrevia em outro cômodo da casa, um espaço pessoal onde também guardava seu saxofone, uma de suas paixões, e uma extensa coleção de dezenas de discos e CDs dedicados ao jazz, o estilo musical que o acompanhou por toda a vida. Dotado de uma metodologia rigorosa em sua rotina de trabalho, Luis Fernando só interrompia a escrita quando sua esposa, Lúcia, o chamava para o almoço. À noite, a pausa era reservada para acompanhar o “Jornal Nacional”. No que tange à música, sua imersão era total e descompromissada, como expressou em uma entrevista de 2012: “Música é sentar e ouvir”, um mantra que denotava a profundidade de sua conexão com a arte sonora.

O humor foi, sem dúvida, um dos traços mais marcantes e distintivos da obra de Luis Fernando Verissimo, permeando seus contos e crônicas com um olhar perspicaz e frequentemente irônico sobre a vida e as idiossincrasias humanas. Entre os personagens mais icônicos criados por sua imaginação fértil, destacam-se figuras memoráveis como as presentes em “Ed Mort e outras histórias”, de 1979; “O analista de Bagé”, publicado em 1981, que se tornou um fenômeno cultural; e “A velhinha de Taubaté”, de 1983. Sua incursão pelo universo dos quadrinhos resultou na tirinha “As cobras”, que foi publicada na “Folha da Manhã” nos anos 70. O sucesso de sua obra alcançou outras mídias, como “Comédias da vida privada”, lançado em 1994, que posteriormente inspirou uma aclamada série da Rede Globo, produzida e exibida durante os três anos subsequentes. Verissimo, ao comentar sobre a adaptação de seu humor para a televisão, ponderou sobre os desafios inerentes: “Um desafio porque o humor de televisão, ao contrário do que possa parecer, é mais difícil de fazer que o humor impresso, o humor gráfico, vamos dizer assim”, e acrescentou, “Não tenho uma vocação humorística, mas consigo eventualmente produzir humor. Mas é uma coisa mais deliberada, mais pensada, do que espontânea, no meu caso”, revelando a técnica por trás de sua genialidade cômica. No final da década de 80, ele também contribuiu como um dos roteiristas para o popular programa de humor “TV Pirata”. Além dos personagens e das adaptações, outros de seus livros alcançaram grande sucesso comercial, como “Comédias para se ler na escola” e “As mentiras que os homens contam”, de 2000.

Por trás do brilhantismo literário e do talento musical, havia um Luis Fernando Verissimo frequentemente descrito como tímido. Essa faceta de sua personalidade foi moldada também em sua adolescência, quando morou nos Estados Unidos. Durante os anos em que frequentou o Roosevelt High School, em Washington, D.C., ele não apenas aprimorou sua educação, mas também desenvolveu sua profunda paixão pelo Jazz e começou a ter aulas de saxofone, instrumentos que o acompanhariam por toda a vida. No entanto, o músico e escritor guardava uma introversão notável. “Minha timidez é… Por exemplo: tenho horror de fazer isso que estou fazendo agora: dar entrevista, falar em público e tal. Eu sempre digo que não dominei a arte de falar e escrever ao mesmo tempo, são duas coisas que se excluem, então é nesse sentido é que se manifesta a minha timidez”, confidenciou à RBS TV, demonstrando seu desconforto com a exposição pública. Contudo, essa economia nas palavras em ambientes sociais contrastava abruptamente com a abundância de ideias e histórias que transbordavam em suas máquinas de escrever e, mais tarde, em seus computadores. O autor tímido tinha muito a expressar, encontrando na crônica o veículo perfeito: “Essa é uma das vantagens da crônica. A gente pode ser o que quiser escrevendo uma crônica”. A cada homenagem recebida, como na celebração de seus 80 anos, ele proporcionava novas provas de que não necessitava de longas conversas para arrancar um sorriso: “Têm sido tão agradáveis as homenagens, inclusive da família, que eu tô pensando em fazer 80 anos mais vezes”, brincou com seu humor característico. Em uma entrevista ao programa “GloboNews literatura” em 2012, ele também refletiu sobre sua postura introspectiva, desmentindo a percepção de ser calado: “Não sou eu que falo pouco, os outros é que falam muito”, provocou, com a concisão que o tornava um mestre das respostas.

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Além do jazz e da literatura, outra paixão que arrebatava Luis Fernando Verissimo era o futebol, mais especificamente seu incondicional amor pelo Internacional, time do qual se declarou fiel em inúmeras oportunidades e que foi o cerne de sua obra “Internacional, Autobiografia de uma Paixão”. Em uma entrevista concedida em abril de 2012, ele rememorou seu jogo mais inesquecível, um clássico Gre-Nal que marcou sua primeira experiência em um estádio de futebol. “Lembro a emoção de estar em campo. Só ouvia futebol pelo rádio. Ali, uma cerca nos separava dos jogadores. Dava para ver as feições, sentir a respiração deles. Eu estava vendo as cores do jogo, uma sensação completamente diferente. Nunca vou me esquecer também do cheiro de grama”, detalhou ele, referindo-se ao saudoso Estádio dos Eucaliptos, antiga casa do time colorado. Verissimo acompanhou Copas do Mundo como cronista desde a edição de 1986, um torneio no qual lamentou profundamente a eliminação da Seleção Brasileira nos pênaltis diante da França nas quartas de final, que ele também considerava uma partida marcante. No histórico do Internacional, o escritor listou muitas outras memoráveis atuações, mencionando com satisfação a final do Brasileirão de 1975 e a conquista do tricampeonato invicto em 1979. Sobre o inesquecível título do Mundial de Clubes de 2006, em que o Internacional se sagrou campeão, Verissimo dedicou a crônica “Não me acordem”, celebrada por todos os colorados. “Vejo como o triunfo do Gabiru (autor do gol), o grande herói que era criticado. Algo meio melodramático. Foi um momento de sonho. Antes do jogo, o sentimento era: Se perder de pouco, está bom”, recordava ele, capturando a emoção e a surpresa daquele momento histórico para o seu time do coração.

Com informações de G1

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