Um novo registro em vídeo, amplamente disseminado na última quinta-feira, dia 28 de agosto de 2025, oferece visibilidade sobre o momento da fuga dos indivíduos que foram responsáveis pela morte da pequena Alice Rodrigues, de apenas seis anos de idade. A criança faleceu tragicamente em um ataque na cidade de Serra, na Grande Vitória, em circunstâncias onde o veículo de sua família foi alvejado por engano. Até o momento, a investigação levou à prisão de seis indivíduos considerados suspeitos de participação no crime, dentre os quais figura uma advogada. Conforme informações divulgadas pelas autoridades policiais, os três mandantes do ataque criminoso permanecem em liberdade, sendo atualmente procurados e localizados no estado do Rio de Janeiro.
A fatalidade envolvendo Alice Rodrigues ocorreu na tarde de um domingo recente, dia 24 de agosto de 2025. A menina estava no retorno de um passeio à praia, acompanhada de seus pais, Keique Rodrigues e Leiza Rodrigues, no bairro Balneário de Carapebus, situado na Serra. O carro que transportava a família foi intensamente atingido por uma sequência de disparos de arma de fogo. Tanto o pai quanto a mãe, esta última gestante de oito meses, sofreram ferimentos superficiais decorrentes de tiros de raspão.
As investigações conduzidas pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra, sob a liderança do delegado-chefe Rodrigo Sandi Mori, esclareceram a motivação do erro fatal. Segundo o delegado, os atiradores, vinculados ao Primeiro Comando de Vitória (PCV), confundiram o automóvel onde a família viajava com o carro de um membro de uma facção rival, identificada como Terceiro Comando Puro (TCP). A dinâmica do incidente revelou que quatro executores foram especificamente enviados ao Balneário de Carapebus com a finalidade de executar um alvo pré-determinado.
Relatos do delegado detalham o percurso dos criminosos antes do ataque. Eles realizaram duas voltas na Rua Cássia, uma localidade conhecida pela intensa atividade de tráfico de entorpecentes, na tentativa de localizar o indivíduo que seria o alvo de seu ataque. Contudo, sem sucesso em encontrar a pessoa visada, os atiradores iniciaram sua saída do bairro. Foi nesse instante que colidiram o carro em que estavam com o veículo ocupado pela família Rodrigues. No exato momento do impacto, conforme a explanação de Sandi Mori, houve a crucial confusão por parte dos agpetravários criminosos, que interpretaram o carro das vítimas como sendo o do alvo que buscavam executar.
A discrepância entre os veículos é um detalhe crucial ressaltado pela polícia: o carro da família era um Peugeot de cor cinza escuro, enquanto o automóvel do alvo procurado consistia em um Renault Kwid preto. O delegado Sandi Mori acrescentou ainda que os atiradores iniciaram os disparos de dentro de seu próprio veículo, mantendo o fogo até o instante em que o pai da criança desembarcou e, em um ato de desespero, implorou pela interrupção dos tiros, alertando-os sobre a presença de uma criança e de uma mulher grávida no carro. Após a súplica do pai, os quatro criminosos se evadiram do local, portando as armas em suas mãos. Uma fração da cena da fuga foi capturada por câmeras de segurança instaladas na região, cuja filmagem abre a presente reportagem e serviu como uma importante evidência para as autoridades.
Os Envolvidos e as Prisões Realizadas
No decorrer da investigação, um total de seis indivíduos apontados como participantes na ação que culminou na morte de Alice foram capturados e detidos pelas autoridades. Os primeiros a serem presos foram Pedro Henrique dos Santos Neves e Izaque de Oliveira Moreira. Pedro Henrique, um dos executores diretos, admitiu sua participação nos eventos e forneceu informações detalhadas à polícia, que permitiram identificar outros indivíduos envolvidos no esquema criminoso. Izaque, por sua vez, foi peça chave na assistência à fuga de Pedro Henrique.
O delegado detalhou os momentos posteriores ao crime: os executores, compelidos a abandonar o veículo que utilizavam, correram, cada um em uma direção diferente, ainda portando as armas de fogo. Pedro Henrique buscou refúgio na área conhecida como “casinhas”, no bairro Bicanga, também na Serra. De lá, ele contatou Izaque para que este viesse buscá-lo. Foi quando saíam dessa região que ambos foram interceptados e detidos por uma equipe da força tática. Esta primeira onda de prisões foi crucial para desvendar a estrutura e a identidade dos demais participantes na rede criminosa.
Informações iniciais disseminadas pela polícia mencionavam que um olheiro teria se equivocado na identificação do carro da família. Entretanto, em uma coletiva de imprensa realizada na quinta-feira, o delegado Sandi Mori retificou essa informação. Ele esclareceu que o olheiro, identificado como Arthur Folli Rocha, fora na verdade contratado especificamente para monitorar a presença policial na área onde o ataque estava planejado, e não para identificar veículos de alvos. Ele recebeu o valor de R$ 100 pela sua tarefa.
As investigações também apontaram que Arthur, Izaque, Pedro e os outros três executores do crime foram cooptados por meio de intermediários. Três destes intermediários foram identificados e igualmente presos: Marlon Furtado Castro, Marina de Paula dos Santos e Maik Rodrigues Furtado. O papel essencial desse trio na orquestração do crime era multifacetado: consistia em identificar o alvo específico a ser eliminado, selecionar e recrutar os “soldados” do tráfico responsáveis pela execução, fornecer as armas de fogo e munições necessárias para o ataque e, finalmente, coordenar o planejamento integral da ação criminosa. Estas prisões foram fundamentais para mapear as diferentes camadas de envolvimento na tragédia.
A Advogada no Esquema Criminiso
Entre os indivíduos apontados como intermediários e detidos está Marina de Paula dos Santos. Sua condição de advogada, bem como o fato de ser namorada de Marlon, outro dos intermediários presos, destacam-se nas investigações. A polícia afirma que Marina teve uma colaboração direta e ativa com as atividades da facção criminosa. Uma de suas responsabilidades centrais dentro do grupo era a custódia de armamentos e munições. Durante sua prisão, as autoridades realizaram uma busca em sua residência, onde foi efetuada a apreensão de um considerável arsenal: armas de fogo de diferentes calibres e aproximadamente 100 munições.
A participação de Marina não se restringia apenas ao armazenamento de armas. As evidências colhidas indicam que ela possuía pleno conhecimento das atividades criminosas desenvolvidas por Marlon. Além disso, ela exercia a função de elo comunicador, transportando mensagens e ordens originadas de dentro do sistema prisional para Marlon, que incluíam instruções tanto sobre o tráfico de drogas quanto sobre homicídios. O delegado enfatizou que sua contribuição não se limitava a um simples auxílio; ela participava ativamente na facilitação de ataques criminosos. No contexto do ataque que resultou na morte da criança Alice, a investigação aponta que Marina foi a responsável por engajar e remunerar o olheiro Arthur Folli, oferecendo-lhe R$ 100 pelo serviço, um acordo que, segundo os relatos, foi selado dentro do carro da própria advogada.
Mandantes Foragidos: Três Suspeitos e a Perseguição Policial

Imagem: engano no ES via g1.globo.com
A operação policial conseguiu identificar três figuras cruciais como sendo os mandantes intelectuais do ataque, que permanecem em status de foragidos da justiça. Eles são: Sérgio Raimundo Soares da Silva Filho, mais conhecido pelo apelido “Serginho Kauê”; Carlos Alberto dos Santos Gonçalves Júnior, com a alcunha “Bequinha”; e Ryan Alves Cardoso, referido como “R7”. Todos são membros do PCV.
Os três indivíduos já possuem mandados de prisão em aberto, relacionados a outros crimes de homicídio perpetrados na região da Serra, evidenciando seu histórico criminoso. De acordo com o delegado Sandi Mori, estes mandantes teriam se “acovardado” e fugido para o estado do Rio de Janeiro, buscando escapar da captura no Espírito Santo. O delegado reforçou a postura incisiva da polícia, afirmando o compromisso de não descansar enquanto não se efetuar a prisão desses três envolvidos, independentemente do estado em que venham a ser localizados e capturados.
Um dos mandantes, Sérgio Raimundo Soares da Silva Filho (Serginho Kauê), é inclusive listado entre os 10 criminosos mais procurados em todo o Espírito Santo, o que sublinha a sua periculosidade e a prioridade de sua captura. Os outros dois, Carlos Alberto dos Santos Gonçalves Júnior (Bequinha) e Ryan Alves Cardoso (R7), também são peças importantes na estrutura criminosa e têm o Rio de Janeiro como atual esconderijo, segundo as autoridades.
Alvo Original e a Disputa Territorial
A elucidação dos fatos trouxe à tona que o alvo primordial do grupo criminoso não era outro senão um dos gerentes da facção Terceiro Comando Puro (TCP) que atua no bairro Balneário de Carapebus. As informações que a gangue PCV detinha indicavam que esse gerente estaria presente em um Festival de Pipas que acontecia naquele bairro na ocasião. Os executores se dirigiram ao local, mas, falharam em encontrá-lo, o que acabou por levar ao trágico erro de alvejar a família Rodrigues.
De acordo com os dados fornecidos pelas forças de segurança, o Primeiro Comando de Vitória (PCV) já exercia domínio sobre os bairros vizinhos como Lagoa de Carapebus, Praia de Carapebus, Bicanga e Cidade Continental. Balneário de Carapebus permanecia o único território que a facção ainda não havia conseguido controlar completamente, sendo esta área ainda sob o controle do Terceiro Comando Puro (TCP). A tentativa de eliminar o gerente rival demonstra o esforço do PCV em consolidar sua hegemonia e expandir seu controle territorial sobre as zonas de tráfico de drogas, o que desencadeou a onda de violência.
Os Crimes e Indiciamentos
Os seis indivíduos que foram detidos em flagrante por suas participações no crime enfrentam acusações de homicídio qualificado. A qualificação se deve a múltiplos fatores, incluindo a motivação torpe do crime, o perigo comum gerado pela ação armada em via pública, a impossibilidade de defesa da vítima infantil, o uso de arma de fogo de uso restrito, e a particularidade de a vítima ter menos de 14 anos de idade. Estes fatores agravam consideravelmente a pena imputada pelo crime. Além do homicídio consumado, eles também foram autuados em flagrante por dupla tentativa de homicídio, em relação aos pais da menina, com as mesmas qualificadoras mencionadas anteriormente, o que eleva a gravidade das acusações.
Adicionalmente, especificamente os presos Pedro Henrique, Izaque, Marlon e Marina, foram autuados em flagrante por porte ilegal de armas e munições, após a localização e apreensão de armamentos em suas posses ou sob sua custódia, reforçando o rol de crimes pelos quais respondem à justiça.
Segundo a Polícia Civil, um total de 12 pessoas estiveram envolvidas no ataque das facções que resultou na morte da criança de seis anos: os seis já presos (Pedro Henrique, Izaque, Marlon, Maik, Marina, Arthur), os três mandantes foragidos (Serginho Kauê, Bequinha, R7), e outros três executores cujas identidades não foram publicamente reveladas até o momento.
Com informações de g1 Espírito Santo
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