No último domingo, 14 de abril, Guilherme Boulos criticou o PL da Dosimetria, classificado por ele como uma “anistia envergonhada”, durante um ato político realizado na Avenida Paulista, em São Paulo. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência enfatizou a importância de o Congresso Nacional escutar a voz do povo brasileiro, especialmente diante da tramitação do Projeto de Lei.
Boulos, também deputado federal licenciado do Psol-SP, dirigiu-se aos manifestantes com firmeza, reiterando a demanda popular por justiça. “A dosimetria não é nada menos do que uma anistia envergonhada. A gente não quer saber nem de anistia sem vergonha nem de anistia envergonhada”, declarou. Sua fala foi marcada pelo brado “Golpista bom é golpista preso”, que ecoou entre os presentes, evidenciando o anseio por responsabilização pelos eventos antidemocráticos de 8 de janeiro.
Boulos critica PL da Dosimetria na Paulista: “Anistia Envergonhada”
Durante seu discurso, Boulos defendeu que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) cumpra integralmente qualquer condenação por tentativa de golpe de Estado. Ele articulou uma visão de futuro, pregando a união em torno da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026. Segundo o ministro, o cenário desejado seria “garantir que o Bolsonaro assista à vitória do Lula da cadeia”, uma afirmação que gerou forte apoio da multidão. Boulos também criticou veementemente a forma como a dosimetria foi aprovada na Câmara dos Deputados, caracterizando o processo como sendo “na calada da noite”, e fez um apelo para que o Senado não repita o erro da casa legislativa anterior. O coro “sem anistia” foi a resposta enfática dos participantes ao apelo de Boulos.
O protesto, organizado pela base aliada ao presidente Lula, tinha como objetivo primordial pressionar o Congresso Nacional contra qualquer medida que possa resultar em abrandamento de penas para os condenados por atos golpistas. A manifestação também serviu como palco para outras reivindicações do governo, incluindo o fim da jornada de trabalho 6 por 1 e a implementação da taxação das altas rendas. “O povo esperava há muito tempo que os super-ricos começassem a pôr a mão no bolso e pagar imposto”, afirmou Boulos, reforçando a expectativa social por justiça fiscal.
Repercussões e Críticas Adicionais ao Legislativo
Além da pauta principal contra o PL da dosimetria, o ministro teceu críticas à aprovação, pelo Senado, do projeto que reconhece o marco temporal para demarcação de terras indígenas, uma questão que mobiliza movimentos sociais e comunidades originárias. Em um contexto mais amplo de tensão entre o executivo e o legislativo, Boulos reiterou a necessidade de o Congresso atender aos interesses populares, acusando-o de “querer ficar de costas para o povo brasileiro”.
A prisão de militares condenados por envolvimento em tentativas golpistas foi defendida por Boulos como uma “reparação histórica”, sublinhando a gravidade das ações e a importância de suas consequências. Manifestantes na Avenida Paulista também direcionaram críticas ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que pautou o PL da dosimetria de maneira “surpresa”, culminando em gritos de “fora, Hugo Motta” por parte do público. A autonomia dos movimentos sociais para convocar manifestações foi enfatizada por Boulos como uma “resposta à aprovação da dosimetria na Câmara”. Para entender mais sobre o processo legislativo brasileiro, especialmente como projetos de lei tramitam, é fundamental consultar fontes oficiais como a própria Câmara dos Deputados.
Perspectivas do Governo e Avaliação do Ato
Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário e igualmente presente no evento, adiantou que o presidente Lula deve exercer seu poder de veto caso o PL da dosimetria chegue à sanção presidencial. Segundo Teixeira, “essa dosimetria abre portas para a anistia”, e apontou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como um dos idealizadores do projeto para beneficiar os envolvidos nos atos golpistas.
Edinho Silva, presidente nacional do PT, realizou uma análise positiva das mobilizações nacionais, ressaltando “a força do povo na rua” e a posição do campo governista em disputa da “agenda de futuro do Brasil” com a direita e o fascismo. O dirigente petista mencionou medidas de Lula como a reforma da renda e o debate sobre tarifa zero como contraponto a uma “agenda construída em conluio com as elites e aos acordos de gabinete”, concluindo com o vigoroso chamado: “Não vamos recuar para golpista”.
Estimativa de Público e Vozes da Oposição Parlamentar
O Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e a ONG More in Common, divulgou uma estimativa de público para o ato deste domingo. Cerca de 13,7 mil pessoas ocuparam a Avenida Paulista no momento de pico, com uma margem de erro de 12%, situando o número entre 12,1 mil e 15,4 mil participantes. Este levantamento, que utilizou análise de fotos aéreas com software de inteligência artificial, demonstrou uma adesão significativa, embora inferior à manifestação contra a PEC da Blindagem em setembro, que registrou 42,4 mil pessoas.
As críticas ao legislativo também vieram de outros parlamentares. O deputado estadual Guilherme Cortez (Psol-SP) referiu-se a Hugo Motta de forma incisiva, classificando-o como “o maior rato e o maior covarde do país”. Natalia Szermeta Boulos, dirigente do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) e esposa de Guilherme Boulos, puxou uma vaia coletiva contra o presidente da Câmara. Paulinho da Força (Solidariedade-SP), relator do PL da dosimetria, também foi alvo de vaias. A deputada federal Erika Hilton (Psol-SP) expressou a opinião de que o Congresso deveria focar em pautas de real interesse público, não em leis que beneficiam uma minoria. Sâmia Bomfim (Psol-SP) enfatizou o objetivo central do ato: convencer o Senado a interromper a votação do polêmico projeto de dosimetria. O protesto contou ainda com apresentações musicais de Chico César, Zélia Duncan e outros artistas, embalando o ambiente com canções brasileiras de protesto. Apesar da previsão de chuva, o clima colaborou, permitindo que as faixas da Avenida Paulista fossem tomadas por mensagens como “Congresso podre” e “cadeia para golpistas”.
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A manifestação na Avenida Paulista demonstra a efervescência política e a constante vigilância da sociedade civil sobre as decisões do poder legislativo. O ato liderado por Guilherme Boulos reflete uma insatisfação palpável com propostas que, segundo os manifestantes, abrem brechas para a impunidade e desconsideram o clamor popular por justiça e responsabilização. Para aprofundar-se em análises e reportagens sobre temas políticos e suas implicações futuras, explore nossa editoria de Eleições 2026.
Crédito da Imagem: Ricardo Stuckert/PR

Imagem: Joelmir Tavares via valor.globo.com

