Vacina de HPV: Entenda a Ampliação da Faixa Etária e Seus Benefícios

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A discussão sobre a importância da vacina de HPV ganha um novo fôlego com a recente ampliação da faixa etária para sua aplicação, uma medida do Ministério da Saúde que reforça o compromisso com a saúde pública. Embora historicamente associada principalmente a adolescentes, a imunização contra o Papilomavírus Humano é uma estratégia fundamental de prevenção para um público muito mais amplo, impactando positivamente na redução de infecções sexualmente transmissíveis e doenças graves.

O Papilomavírus Humano (HPV) constitui uma das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) mais prevalentes globalmente, englobando uma vasta gama de subtipos de vírus. Estes patógenos têm a capacidade de afetar tanto a pele quanto as mucosas do corpo, como boca, garganta, ânus, vulva, pênis e vagina, manifestando-se desde verrugas benignas até lesões que são precursoras de diferentes tipos de câncer. A conscientização e a vacinação são etapas cruciais para conter sua disseminação.

Vacina de HPV: Entenda a Ampliação da Faixa Etária e Seus Benefícios

Estimativas apontam que a vasta maioria das pessoas sexualmente ativas será exposta ao vírus em algum ponto de suas vidas. A transmissão ocorre por meio de contato oral-genital, genital-genital ou mesmo manual-genital, evidenciando que a penetração não é o único meio de contágio. É importante ressaltar que nem todos os indivíduos expostos desenvolverão sintomas ou doenças severas, visto que, em muitos cenários, o próprio sistema imunológico consegue eliminar o vírus de forma espontânea. Contudo, a ausência de sintomas visíveis não garante a não transmissão.

Os tipos de HPV são categorizados conforme seu potencial de risco. Os subtipos 6 e 11, por exemplo, são de baixo risco e são majoritariamente responsáveis pelo surgimento de verrugas genitais, também conhecidas como condilomas ou cristas de galo. Essas lesões, que podem aparecer na vulva, vagina, colo do útero, ânus, pênis e escroto, são geralmente tratadas em ambulatório. Por outro lado, existem os tipos de alto risco oncogênico, como o 16 e o 18, que são particularmente perigosos por estarem ligados ao desenvolvimento de lesões precursoras de câncer. As neoplasias intraepiteliais cervicais (NIC), por exemplo, que afetam o colo do útero, raramente causam sintomas perceptíveis e são diagnosticadas frequentemente através de exames preventivos rotineiros, como o Papanicolau. O tratamento para essas lesões geralmente envolve procedimentos cirúrgicos para sua remoção.

Tradicionalmente, a prevenção do HPV através da vacinação tem sido focada em crianças e adolescentes. No entanto, o Sistema Único de Saúde (SUS) já disponibiliza a vacina quadrivalente – que oferece proteção contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do vírus – para categorias consideradas de maior vulnerabilidade. Isso inclui indivíduos vivendo com HIV e usuários de PrEP (profilaxia pré-exposição) na faixa etária de 15 a 45 anos, além de pacientes submetidos a transplantes de órgãos sólidos ou de medula, e pessoas em tratamento oncológico com idade entre 9 e 45 anos. Essas diretrizes destacam uma abordagem mais abrangente para a proteção da saúde.

A infectologista Renata Beranger, especialista em doenças infecciosas e parasitárias, e coordenadora do controle de infecções do Hospital Samaritano, elucida que a questão se estende para além dos grupos prioritários e jovens. A doutora levanta o ponto sobre as gerações mais velhas – aqueles com 50, 60 ou 70 anos ou mais – que, em grande parte, não tiveram a oportunidade de serem vacinados e foram expostos ao vírus ao longo da vida. “Na verdade, a contaminação atinge quase toda a população. Nos homens, surgem verrugas na região perigenital e genital, às vezes tão pequenas que são quase imperceptíveis”, afirma Beranger, reforçando a natureza silenciosa da infecção masculina.

A dificuldade de diagnóstico em homens agrava a situação, pois muitos podem contaminar parceiras e parceiros por anos sem saber. Beranger relata presenciar “muitas desavenças entre casais que estão juntos há bastante tempo quando surge um diagnóstico de HPV”, explicando que a infecção pode ter ocorrido muito antes do relacionamento atual, sublinhando a longa latência do vírus. Para informações detalhadas sobre a prevalência e impacto global do Papilomavírus Humano, consulte os dados fornecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

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Imagem: g1.globo.com

Na rede de saúde privada, é possível encontrar a versão nonavalente da vacina, que oferece uma proteção ainda mais ampla ao cobrir nove tipos oncogênicos do vírus, adicionando cinco tipos além daqueles incluídos na imunização fornecida pelo SUS. Apesar de a literatura médica carecer de estudos extensivos sobre a eficácia e segurança desta vacina em idosos, a Dra. Beranger assegura que, na prática clínica, não há contraindicações relevantes para sua administração. “Prescrevo a vacina para pessoas mais velhas que têm uma exposição frequente ao HPV. É uma maneira de prevenir e alguns estudos mostram que ela pode até eliminar o vírus”, revela a especialista.

O impacto potencial da vacinação generalizada é transformador. Beranger enfatiza que “Se conseguirmos vacinar todo mundo antes do início da vida sexual, praticamente vamos zerar a possibilidade de câncer de colo de útero.” Ela cita a Austrália como um exemplo de sucesso, país que oferece a imunização desde 2007 e já observa resultados significativos na redução das taxas da doença. Este dado reforça a ideia de que a imunização, independentemente da idade, contribui para um futuro com menos casos de câncer relacionados ao HPV, transformando a prevenção em um ato de saúde contínuo e vital.

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A ampliação das diretrizes para a vacina de HPV ressalta a importância de desmistificar a percepção de que essa imunização é exclusiva para jovens. O entendimento de sua abrangência e os benefícios de prevenção contra verrugas e, principalmente, cânceres, são cruciais para a saúde de todas as idades. Para mais informações e aprofundar-se em temas relevantes de saúde e bem-estar, convidamos você a explorar outras análises e notícias em nosso blog, como em nossa seção de Análises.

Crédito da imagem: Acervo pessoal

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