Homem Condenado por Receptação de Bens do Castelo de José Rico

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A Justiça de Limeira, interior de São Paulo, proferiu sentença condenatória contra um homem acusado de receptação, após ser flagrado com bens furtados do famoso Castelo do cantor José Rico, integrante da icônica dupla sertaneja Milionário & José Rico. Celso Salvador Ferrari Mendes foi o indivíduo sentenciado pelo crime que trouxe à tona o desaparecimento de objetos valiosos e com forte apelo sentimental e histórico ligados ao artista falecido.

Entre os pertences recuperados na posse de Mendes, conforme detalhado na acusação, estavam itens emblemáticos como um sapato que levava o nome de José Rico, dois violões e um chapéu. Além desses, veículos e equipamentos eletroeletrônicos também foram localizados e integraram a lista de bens que haviam sido subtraídos da mansão.

Homem Condenado por Receptação de Bens do Castelo de José Rico

O “Castelo do José Rico”, como é amplamente conhecido por sua arquitetura singular e grandiosa, alcançou notoriedade pública não apenas por ser a residência do cantor, mas também pelas narrativas sobre seus mais de 100 quartos e a curiosa história de jamais ter sido totalmente concluída. Após a morte do sertanejo em 2015, o imóvel foi submetido a leilões com o propósito de quitar dívidas, contudo, sem sucesso devido à ausência de interessados. Uma das últimas tentativas de leilão foi suspensa mediante requerimento da viúva do artista, prolongando o status de inventário da propriedade.

O furto dos bens que pertenciam à família do cantor ocorreu em 18 de setembro de 2017, período em que a propriedade, desabitada, estava sob processo de inventário. Apesar de não ter moradores fixos, o local era supervisionado por funcionários. A família de José Rico, ao tomar conhecimento do ocorrido, formalizou o registro da ocorrência em uma delegacia de Santa Bárbara d’Oeste, São Paulo, dando início à investigação que resultaria na localização dos itens.

Desdobramentos da Recuperação dos Pertences

A localização de parte dos itens furtados ocorreu sete dias depois do crime, em 25 de setembro de 2017. As autoridades encontraram os bens no residencial Olindo de Lucca, situado no Jardim Olga Veroni. Os pertences estavam divididos entre o estacionamento do condomínio e um dos apartamentos, localizado no último andar de um bloco.

Uma equipe da Guarda Civil Municipal (GCM) de Limeira, durante patrulhamento rotineiro na região, notou um buggy estacionado no condomínio da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). A corporação, munida de um inventário dos objetos subtraídos do castelo, imediatamente prosseguiu para averiguar a situação. Moradores do condomínio informaram que a vaga do estacionamento em que o buggy estava estacionado pertencia a um apartamento do andar superior. Chegando ao imóvel, os guardas verificaram que a porta estava destrancada e, no seu interior, foram localizados os demais itens do furto. A lista detalhada dos pertences recuperados incluiu:

  • Um sapato social com a gravação “José Rico”;
  • Dois violões;
  • Um chapéu;
  • Um buggy BRM/M11;
  • Um trailer/reboque esportivo;
  • Um quadriciclo;
  • Uma moto Honda/VT600c;
  • Um par de tênis;
  • Um aspirador de pó;
  • Um espremedor de frutas;
  • Um forno micro-ondas;
  • Um aparelho de GPS;
  • Um televisor de 40 polegadas;
  • Um notebook.

Todos esses bens foram reconhecidos inequivocamente por um parente do saudoso cantor José Rico, confirmando sua procedência do patrimônio da família.

Defesa do Réu e Argumentação Judicial

Em seu depoimento à polícia, Celso Salvador Ferrari Mendes, o acusado, alegou que estava apenas guardando os pertences a pedido de um terceiro. Ele afirmou que essa pessoa havia justificado a necessidade da guarda alegando falta de espaço em sua própria residência. Mendes disse, ainda, que desconhecia a procedência ilícita dos bens, e por essa razão não viu motivo para preocupação ao fazer a “gentileza”. Durante o processo judicial, foi declarada a revelia do réu, que é quando o acusado deixa de responder às acusações formalizadas.

Homem Condenado por Receptação de Bens do Castelo de José Rico - Imagem do artigo original

Imagem: g1.globo.com

A sentença condenatória foi emitida em uma decisão datada de segunda-feira (10) pelo juiz Guilherme Lopes Alves Lamas, titular da 2ª Vara Criminal de Limeira. O magistrado, em sua fundamentação, destacou que “pouco importa a prova sobre se o réu sabia da origem ilícita, pois o que a lei exige é que devesse saber”. Lamas enfatizou que o réu possuía meios para inferir a ilegalidade da origem dos itens. Ele argumentou que “Os bens subtraídos pertenciam ao cantor José Rico, falecido à época, e os fatos tiveram grande repercussão”, adicionando que “A guarda municipal declarou, ainda, que os bens eram, claramente, memorabilia, (um sapato social com a inscrição ‘José Rico’, dois violões e um chapéu), não havendo como o réu negar que não soubesse a quem pertenciam”.

Condenação e Outros Casos de Recuperação

O réu Celso Salvador Ferrari Mendes foi sentenciado a um ano, quatro meses e 24 dias de prisão, em regime inicial semiaberto, pelo delito de receptação. Contudo, lhe foi concedido o direito de recorrer da decisão em liberdade. O juiz Guilherme Lopes Alves Lamas justificou sua decisão citando a necessidade de “aumentar a persecução em relação àqueles que alimentam esse mercado”, referindo-se aos receptadores, como uma estratégia eficaz para reduzir o número de furtos e roubos, pois a ausência de compradores diminuiria o incentivo econômico para tais crimes. Mais informações sobre os conceitos legais de receptação e suas aplicações podem ser consultadas em fontes como o Conjur, um portal especializado em notícias e artigos jurídicos.

Além dos itens recuperados no Jardim Olga Veroni, a Guarda Civil Municipal havia reportado o furto de outros bens do castelo, incluindo um veículo Brasília ano 1974, um disco de ouro do cantor e um buggy de cor amarela. Este último foi localizado em 5 de dezembro de 2017, durante uma operação conjunta entre a Prefeitura de Limeira e o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-SP), sendo encontrado em um desmanche ilegal de veículos. Na ocasião, o proprietário do estabelecimento confessou que operava sem a devida autorização para desmontar e revender peças automotivas.

O Legado e as Lendas do Castelo de José Rico

O castelo de José Rico, cenário do furto dos bens, é uma estrutura que carrega em si uma rica tapeçaria de histórias, desde a imponência de seu projeto arquitetônico até as lendas e memórias afetivas. José Rico faleceu em 2015, após 24 anos de obra ainda em andamento, nunca tendo visto sua moradia completamente finalizada. Em entrevistas concedidas a nomes como Jô Soares e Michel Teló, em reportagem do Fantástico, o artista confirmou que o imóvel ostentava cerca de 100 cômodos.

Ao longo dos anos, o castelo também se tornou fértil terreno para diversas lendas e boatos populares, algumas inclusive mencionando supostas ligações com seres extraterrestres. Uma das histórias mais disseminadas envolve uma cigana que teria aconselhado José Rico a nunca interromper a construção de sua casa. Entretanto, o cantor desmentiu tal lenda em conversa com Michel Teló, afirmando: “Não teve. São lendas. Mas ali é meu mundo. Ali estou construindo para mim e para os meus”. O próprio José Rico compôs uma canção intitulada “Castelo”, que foi incluída no álbum “De cara com a Saudade”, lançado em 1996, coincidentemente, na época em que a construção da mansão havia começado. A letra da música poeticamente narra a edificação de “um castelo bonito para dar de presente à pessoa amada”, com versos que exaltam a centralidade do amor na vida: “Para viver sem ela [a pessoa amada], tudo isso é nada.” Seu filho, Sâmi Rico, expressou o sonho de transformar a icônica propriedade em um hotel, visando preservar o legado de seu pai.

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A condenação por receptação dos bens de José Rico encerra mais um capítulo de uma complexa trama envolvendo o patrimônio do inesquecível cantor. Continue acompanhando nossa editoria de Celebridades para ficar por dentro de notícias e análises sobre figuras que marcam o cenário artístico e suas histórias impactantes.

Crédito da imagem: Wagner Morente/ Guarda Civil Municipal de Limeira

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