Júri do PM Velozo pela morte de Leandro Lo inicia em SP

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O julgamento do PM Velozo pela morte de Leandro Lo, que era campeão mundial de jiu-jítsu, começou nesta quarta-feira (12) em São Paulo, marcando uma fase crucial no processo que apura o assassinato ocorrido em agosto de 2022. O tenente da Polícia Militar (PM), Henrique Otavio Oliveira Velozo, está sob custódia preventiva e é o réu na primeira sessão do Tribunal do Júri popular, responsável por analisar as circunstâncias da morte do atleta em um incidente que chocou o país. O caso, marcado por dois adiamentos, agora avança para a etapa decisiva onde um grupo de jurados decidirá o futuro do oficial.

De acordo com a denúncia do Ministério Público (MP), Henrique Velozo efetuou o disparo que vitimou Leandro Lo após um desentendimento e briga em uma boate na Zona Sul da capital paulista. O crime ocorreu especificamente em 7 de agosto de 2022, durante uma apresentação do grupo de pagode Pixote, dentro do Clube Sírio. Na ocasião, o policial estava fora do serviço, trajando roupas civis. O processo prevê o término do júri popular até sexta-feira (14), conforme expectativa do Tribunal de Justiça (TJ).

Júri do PM Velozo pela morte de Leandro Lo inicia em SP

As sessões do Tribunal do Júri acontecem no plenário 6 do Fórum Criminal da Barra Funda, localizado na Zona Oeste da cidade, com início previsto para as 10h. A estrutura do julgamento contempla a oitiva de nove testemunhas, sendo algumas apresentadas pela acusação e outras pela defesa. Após essa fase, o próprio réu será interrogado, abrindo espaço para os debates entre os promotores do MP e os assistentes da acusação, de um lado, e os advogados de defesa de Henrique Velozo, do outro. O veredicto final será proferido por sete jurados, que terão a responsabilidade de decidir pela condenação ou absolvição do policial, com a sentença oficial sendo emitida pela juíza Fernanda Jacomini, da 1ª Vara do Júri.

Os Adiamentos Anteriores e a Trajetória do Processo

O percurso até o início deste julgamento foi permeado por complicações e atrasos significativos. Originalmente, o júri estava programado para ocorrer em maio de 2023, mas foi adiado pela Justiça antes mesmo de começar, após a defesa do réu alegar cerceamento de defesa no processo. Remarcado para agosto do mesmo ano, o julgamento sofreu uma nova suspensão por determinação judicial, dessa vez desencadeada por um atrito verbal entre o Ministério Público e os advogados do acusado, evidenciando as tensões inerentes ao caso. Esses adiamentos alongaram a espera por uma resolução, mas também sublinharam a complexidade legal e emocional do evento.

Henrique Velozo encontra-se detido preventivamente no presídio militar Romão Gomes, situado na Zona Norte da capital paulista, à disposição da Justiça, conforme informações da Secretaria da Segurança Pública (SSP). Ele enfrenta a acusação de homicídio doloso, caracterizado por ser triplamente qualificado. As qualificadoras incluem motivo torpe, perigo comum (em referência ao risco que a situação representou para outras pessoas presentes) e o uso de um recurso que dificultou a capacidade de defesa da vítima. A Promotoria mantém a expectativa de uma pena mínima de 20 anos de prisão, baseada nas três qualificadoras do crime, reforçando que o réu teria tido a intenção de atirar na cabeça de Leandro Lo. A vítima, que tinha 33 anos, chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu no hospital. Após o incidente, o policial evadiu-se do local e foi detido posteriormente; ele também possui 33 anos atualmente.

A Defesa e as Versões Conflitantes dos Fatos

A defesa de Henrique Velozo, encabeçada pelo advogado Claudio Dalledone Júnior, argumenta que o policial agiu em legítima defesa. Em declarações, o advogado afirmou que seu cliente disparou a arma após ser provocado e atacado por Leandro Lo e seus amigos, desmentindo a intenção de execução. “Naquele dia foi provocado, atacado e reagiu. Ele não executou ninguém”, afirmou Dalledone Júnior, que almeja a absolvição do PM. É notável que, apesar da existência de câmeras de segurança no Clube Sírio, nenhuma delas registrou o momento exato do disparo, o que adiciona uma camada de complexidade à reconstituição dos eventos.

Diante da ausência de registros visuais diretos do crime, tanto a acusação quanto a defesa recorreram à tecnologia para apresentar suas respectivas versões do ocorrido. Advogados que representam a família de Leandro Lo, atuando como assistentes da acusação, planejam exibir um vídeo gerado por Inteligência Artificial (IA) para os jurados. Essa produção em IA mostra Henrique Velozo em uma discussão com Leandro no evento, culminando com o lutador imobilizando o PM. Posteriormente, o policial se afasta, saca sua arma e dispara contra o atleta. O vídeo também exibe Velozo se aproximando da vítima caída e chutando sua cabeça antes de fugir para uma casa de prostituição, onde permaneceu bebendo até sua rendição à polícia. Para informações adicionais sobre sistemas de justiça e direitos, consulte o portal ConJur.

Júri do PM Velozo pela morte de Leandro Lo inicia em SP - Imagem do artigo original

Imagem: g1.globo.com

Por outro lado, a defesa de Henrique também preparou uma animação em vídeo que representa a sua interpretação dos acontecimentos. Esta versão digital retrata Leandro Lo provocando e agredindo o policial dentro da balada, derrubando-o no chão e imobilizando-o com um “mata-leão” até que o tenente perdesse a consciência. Após se recompor, o PM pede que o lutador pare. Contudo, a animação mostra o atleta avançando novamente em direção ao policial, que saca a arma como advertência. Neste momento, um dos amigos de Leandro supostamente tenta desarmar o agente, o que levaria à deflagração acidental da arma, atingindo Lo. Ambas as representações em vídeo foram amplamente divulgadas em redes sociais associadas a Leandro Lo e Henrique Velozo, polarizando a narrativa pública sobre o caso.

A Reincorporação do PM e o Legado de Leandro Lo

Um aspecto recente do caso que gerou controvérsia foi a decisão da Justiça comum, em outubro do ano corrente, de anular a demissão de Henrique Velozo pelo governo de São Paulo. Esta decisão, fruto de um pedido da defesa, implicou na reintegração do policial à corporação e na retomada de seus pagamentos mensais, que ultrapassam R$ 14 mil. Tanto a SSP quanto a PM, através de notas, informaram que “até o momento o Estado não foi intimado a respeito” da decisão e que a corporação “não comenta decisões judiciais”, respectivamente. Leandro Lo, cuja morte está no cerne deste processo, foi um ícone do jiu-jítsu, com um currículo invejável de oito títulos mundiais. Sua primeira conquista foi em 2012, na categoria peso-leve, e a última, na categoria meio-pesado, ocorreu em 2022, pouco antes de seu falecimento, representando o auge de uma carreira brilhante. Ele mesmo citava esses dois títulos como os mais importantes em sua trajetória nas redes sociais.

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Este julgamento do PM Velozo pela morte de Leandro Lo é um marco na busca por justiça e elucidação de um caso que comoveu a sociedade. O desdobramento dos próximos dias será determinante para as famílias envolvidas e para o cenário jurídico brasileiro, aguardando-se a decisão dos jurados e a sentença final. Para continuar acompanhando as últimas notícias sobre casos judiciais e criminais que impactam o Brasil e a nossa região, explore nossa editoria de Cidades.

Foto: Reprodução/Instagram

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