O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, teve uma agenda diplomática intensa durante sua participação na reunião ministerial do G7 no Canadá nesta terça-feira. Representando o país em um dos mais importantes fóruns econômicos globais, Vieira engajou-se em uma série de reuniões bilaterais cruciais, ainda que o encontro mais aguardado, com o Secretário de Estado americano, Marco Rubio, permanecesse em aberto.
A presença do chanceler brasileiro no G7, organização que reúne as maiores economias do mundo, sublinha a relevância do Brasil no cenário internacional. Enquanto o Itamaraty monitorava de perto as possibilidades de um encontro com o diplomata americano, as expectativas para essa interação no primeiro dia foram frustradas. Rubio, que também participa da cúpula do G7, não havia chegado ao local do evento até o momento da apuração, o que impactou diretamente os planejamentos dos diplomatas brasileiros. Com a programação oficial do G7 agendada para quarta-feira, o tempo para reuniões bilaterais paralelas seria significativamente mais limitado, adicionando uma camada de complexidade à tentativa de agendamento.
Mauro Vieira: Agenda Cheia no G7 Canadá e Espera por Rubio
Apesar da ausência de Rubio na terça-feira, o Ministro Mauro Vieira aproveitou a oportunidade para fortalecer as relações com outras nações. Sua agenda incluiu encontros de alto nível com representantes da França, Reino Unido, Índia e Canadá, solidificando as relações e avançando discussões estratégicas em múltiplas frentes.
A primeira reunião bilateral de Vieira ocorreu com o chanceler da França, Jean-Noël Barrot. Segundo informações divulgadas pelo Itamaraty nas redes sociais, os dois diplomatas abordaram a complexa e prolongada tramitação do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, um tema de grande interesse econômico e político para o Brasil. A pauta também incluiu os planos da França para assumir a presidência do G7 em 2026, com o Brasil demonstrando interesse em coordenar esforços e objetivos futuros. Adicionalmente, foram discutidos aspectos de cooperação transfronteiriça e o regime de vistos com a Guiana Francesa, destacando a importância da gestão de fronteiras e mobilidade para a integração regional sul-americana. A conversa reforça os laços históricos e estratégicos entre Brasil e França, especialmente em um momento de redefinição de parcerias globais.
Em seguida, o chanceler brasileiro se reuniu com o Ministro das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar. Este encontro foi particularmente estratégico, pois antecede uma reunião crucial entre representantes do Mercosul e da Índia programada para o final de novembro. O objetivo é discutir as perspectivas de ampliação do atual acordo de cooperação econômica, que foi firmado em 2004. O aprofundamento da relação com a Índia, um importante ator no cenário econômico asiático e parceiro no BRICS, é vital para o Brasil, visando novas oportunidades comerciais e de investimento.
Dando continuidade à intensa programação, Mauro Vieira manteve uma importante agenda com a Secretária de Estado do Reino Unido para o Desenvolvimento Internacional, Yvette Cooper. No centro das discussões estava o mútuo interesse de ambos os países na abertura de negociações comerciais entre o Mercosul e o Reino Unido. Após o Brexit, o Reino Unido tem buscado ativamente novos parceiros comerciais, e um acordo com o Mercosul representaria um avanço significativo para ambas as partes. Em um gesto diplomático que visa consolidar futuras colaborações, o ministro brasileiro estendeu um convite formal a Yvette Cooper para uma visita de trabalho ao Brasil no próximo ano, visando aprofundar as discussões e estreitar os laços bilaterais.
A série de reuniões culminou com o encontro entre Mauro Vieira e a chanceler do Canadá, Anita Anand, a anfitriã da reunião do G7. Este encontro teve um peso adicional por ocorrer com o país que sedia o evento, enfatizando a relevância das relações Brasil-Canadá. Na bilateral, os chanceleres focaram na retomada das negociações comerciais entre o Mercosul e o Canadá. O Itamaraty detalhou que delegações técnicas dos países do bloco sul-americano e do Canadá já haviam se reunido em território brasileiro, em outubro, para definir um cronograma de negociações para 2026, com a clara intenção de finalizar um acordo de livre comércio. Essa iniciativa destaca a busca do Mercosul por diversificar seus parceiros econômicos na América do Norte, enquanto o Canadá explora oportunidades em mercados emergentes.

Imagem: valor.globo.com
As negociações entre o Mercosul e o Canadá, embora de longa data, ganham novo fôlego com a determinação expressa por ambos os lados em estabelecer um cronograma concreto para 2026. Este diálogo não apenas reforça a presença do Brasil e do bloco na economia global, mas também sublinha a visão de ampliação de mercados e intercâmbios. Os encontros do chanceler brasileiro no G7, independentemente da efetivação da reunião com Marco Rubio, solidificam a posição do Brasil como um interlocutor ativo e engajado em pautas econômicas e políticas de escala mundial, reforçando sua busca por parcerias estratégicas diversificadas.
Ainda que a reunião com o Secretário de Estado dos EUA não tenha se concretizado no dia, a postura do Itamaraty reflete a estratégia brasileira de manter canais abertos com as principais potências, enquanto avança com uma agenda pragmática e produtiva com outros parceiros globais presentes no G7. Para mais informações sobre a importância das alianças comerciais internacionais, visite o G7 Information Centre, uma fonte especializada em dados sobre a organização.
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Em suma, a participação do chanceler Mauro Vieira no G7 em solo canadense reafirmou a estratégia de múltiplas frentes da diplomacia brasileira. Apesar do encontro aguardado com o secretário de Estado americano não ter ocorrido imediatamente, a produtiva série de reuniões bilaterais com França, Índia, Reino Unido e Canadá solidifica a busca do Brasil por parcerias e acordos comerciais cruciais para seu desenvolvimento e inserção global. Continue acompanhando as novidades sobre política externa e economia em nossa editoria de Política para ficar por dentro dos desdobramentos globais e seus impactos no Brasil.
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
