O Bradesco, em uma colaboração estratégica com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), oficializou na última terça-feira (11) o lançamento da Ecora, uma nova empresa dedicada à certificação de créditos de carbono. Este passo marca um avanço significativo para o mercado brasileiro de sustentabilidade, buscando estabelecer padrões de governança alinhados às particularidades dos biomas nacionais e diminuir a dependência de organismos internacionais.
O anúncio da Ecora foi realizado durante um evento na Casa Esfera, localizada em Belém, em um contexto de intensa discussão ambiental impulsionado pelos preparativos para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, a COP30, que ocorrerá na capital paraense. Além dos dois gigantes financeiros brasileiros, a consultoria Aecom e o fundo Ecogreen também integram o rol de parceiros neste projeto inovador, visando construir uma solução robusta e adaptada para a certificação de projetos de carbono no país.
Bradesco e BNDES Lançam Ecora, Certificadora de Crédito de Carbono
Ainda que a estrutura societária da certificadora esteja em fase de definição e o volume exato de investimentos não tenha sido divulgado, o CEO do Bradesco, Marcelo Noronha, estimou que a operacionalização completa da empresa está prevista para meados de 2026. As negociações com mais duas entidades privadas, cujas identidades não foram reveladas, continuam em andamento, e informações detalhadas sobre as parcerias e montantes aplicados serão publicadas após a conclusão dessas tratativas. A Ecora operará com uma estrutura própria, fazendo uso da plataforma Conservare, e focará sua atuação dentro do mercado voluntário de créditos de carbono.
O principal objetivo do projeto Ecora, conforme explicou o Bradesco, é forjar uma independência em relação aos organismos certificadores internacionais. A iniciativa visa estabelecer padrões de governança rigorosos e transparentes, mas que sejam, primordialmente, adaptados à riqueza e complexidade dos diversos biomas presentes no Brasil. Marcelo Noronha destacou a vocação do Brasil para se consolidar como o principal hub global para soluções em crédito de carbono.
“Não há momento mais oportuno do que neste evento, em referência à COP30, para anunciar o lançamento da Ecora. É um compromisso claro com a transparência, com o rigor científico e, acima de tudo, com o desenvolvimento sustentável que o Brasil e o mundo necessitam”, declarou o CEO do Bradesco.
Noronha ressaltou ainda a imprescindível necessidade de certificações que não apenas se alinhem à realidade do Brasil, mas que compreendam profundamente suas nuances. “As certificadoras internacionais, em geral, não possuem o conhecimento intrínseco das realidades locais, especialmente quando se trata do funcionamento de nossos biomas complexos e da intricada questão fundiária brasileira”, ponderou o executivo, evidenciando o diferencial da Ecora em atuar com expertise local.
Embora a companhia tenha adotado um “plano de negócios relativamente conservador” para o início, o cenário otimista sugere um “crescimento impressionante da demanda” pelo mercado de carbono. O CEO enfatizou que o futuro mercado regulado de carbono, com previsão de consolidação em 2030, será um catalisador fundamental, e as empresas devem estar preparadas para essa nova realidade.

Imagem: Fabio Rodrigues-Pozzebom via valor.globo.com
Em consonância com a perspectiva do Bradesco, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, fez um discurso enfático, sublinhando que o Brasil deve “perder a mentalidade de vira-lata” e abraçar a oportunidade de liderar a expansão do mercado de carbono. Mercadante afirmou categoricamente: “É hora de termos uma estratégia própria e audaciosa para este setor.”
A área de atuação da Ecora, conforme o presidente do BNDES, transcenderá as fronteiras nacionais. “Nossa vocação natural abrange o Sul Global e, especificamente, os países tropicais”, explicou, revelando uma visão estratégica ambiciosa. Mercadante chegou a traçar um paralelo com a sigla BRICS, sugerindo que a certificadora deveria trabalhar na formação de um “BIC” (Brasil, Indonésia e Congo), unindo países que compartilham vastas florestas tropicais e um potencial colossal para o desenvolvimento do mercado de créditos de carbono, uma iniciativa vital para combater as mudanças climáticas.
A união entre Bradesco e BNDES para a criação da Ecora representa não apenas um avanço comercial, mas um compromisso estratégico do Brasil em assumir uma posição de vanguarda no mercado de carbono, utilizando seu conhecimento técnico e suas riquezas naturais como diferencial. A certificadora busca preencher uma lacuna vital, oferecendo soluções adaptadas às peculiaridades ambientais e sociais brasileiras, pavimentando o caminho para um futuro mais sustentável e economicamente vibrante para o país e para outras nações do hemisfério Sul.
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A criação da Ecora pelo Bradesco e BNDES representa um marco no setor de certificação de carbono no Brasil, projetando o país como líder no desenvolvimento de padrões adaptados aos biomas locais e impulsionando a agenda global de sustentabilidade. Mantenha-se informado sobre essas e outras importantes movimentações no mercado financeiro brasileiro, acompanhando sempre nossas análises aprofundadas em nossa editoria de Economia.
Crédito da imagem: Ana Paula Paiva/Valor
