Nesta terça-feira, o panorama financeiro e político nacional e internacional foi marcado por uma série de eventos cruciais que impactam diretamente a economia. Dentre os mais aguardados, a divulgação da Ata do Copom e Destaques Econômicos do Brasil capturou a atenção de investidores, analistas e do público em geral, trazendo detalhes sobre a decisão do Comitê de Política Monetária de manter a taxa Selic em patamar elevado e o cenário macroeconômico adjacente. As discussões abrangem desde a persistência inflacionária no país até a instabilidade fiscal nos Estados Unidos e importantes movimentações no setor corporativo.
O foco principal do mercado esteve sobre o conteúdo da Ata do Comitê de Política Monetária (Copom). Na semana anterior, o comitê deliberou pela manutenção da taxa Selic em 15% ao ano. A Ata, que foi tornada pública hoje, 11 de novembro, teve a função de elucidar em profundidade os argumentos e considerações que motivaram o Banco Central a preservar o patamar atual da taxa básica de juros. Esse documento é fundamental para os agentes do mercado, pois oferece perspectivas sobre a trajetória futura da política monetária, incluindo sinais sobre o possível início de um ciclo de flexibilização monetária e os primeiros cortes na taxa Selic, elemento chave para o cálculo de risco e planejamento de investimentos no país.
Destaques Econômicos: Ata do Copom e Cenário Global
A decisão de política monetária se insere em um contexto desafiador para a economia brasileira. A inflação no país persiste em níveis acima do centro da meta estabelecida. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou uma elevação de 0,48% em setembro. Em um horizonte de 12 meses, o acumulado do IPCA alcançou 5,17%, uma métrica que indica a robustez da inflação e valida a conduta cautelosa adotada pela autoridade monetária, que se vê na posição de combater a elevação dos preços.
Corroborando a visão de um quadro de estabilidade, porém ainda desafiador, nas projeções de inflação, o Boletim Focus, divulgado na última segunda-feira, 10 de novembro, revelou que economistas consultados interromperam uma série de seis quedas consecutivas nas estimativas. Para o IPCA de 2025, a projeção se manteve em 4,55%. Esse valor ainda está ligeiramente acima do limite superior da meta de 4,5% para o ano, mesmo quando considerada a margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, demonstrando que o caminho para a convergência inflacionária plena ainda apresenta obstáculos. Enquanto isso, na capital federal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva preparava-se para a sanção do projeto de lei que tem como objetivo expandir a faixa de isenção do Imposto de Renda, uma medida com potencial impacto na capacidade de consumo das famílias.
Mercado Financeiro em Destaque: Balanços e Movimentações
A performance das grandes companhias também ditou o ritmo do humor dos investidores neste dia. Os balanços do terceiro trimestre, que seriam divulgados por várias empresas, são instrumentais para calibrar as expectativas de mercado. Corporações como B3 (B3SA3), BTG Pactual (BPAC11), Cury (CURY3), CVC (CVCB3), Ecorodovias (ECOR3), Fras-le (FRAS3), JSL (JSLG3), Melnick (MELK3), Movida (MOVI3), Porto (PSSA3) e Sequoia (SEQL3) tinham seus números programados para hoje. Esses resultados proporcionam maior transparência acerca de como o ambiente macroeconômico, caracterizado pela atividade econômica e, notadamente, pelas elevadas taxas de juros, tem influenciado suas operações e lucratividade.
Em um reflexo do otimismo momentâneo, a Bolsa de Valores brasileira (B3) registrou uma jornada bastante positiva. O índice Ibovespa emplacou sua 14ª sessão consecutiva de ganhos, com uma valorização de 0,77%, atingindo 155.257 pontos. Este marco não apenas representa o maior nível de fechamento da história do índice, mas também marca a primeira vez que o Ibovespa superou a marca dos 155 mil pontos durante a máxima intradiária. Paralelamente, a moeda brasileira demonstrou força, com o real registrando sua quarta valorização seguida frente ao dólar. A cotação do dólar comercial teve uma queda de 0,55%, sendo negociado a R$ 5,307. Os juros futuros, acompanhando essa onda de otimismo no mercado doméstico, também apresentaram recuo, aliviando a pressão sobre as condições de crédito.
Cenário Internacional: Paralisação do Governo Americano e Investigações
Fora do Brasil, as atenções estiveram voltadas para o imbróglio da paralisação (“shutdown”) do governo dos Estados Unidos. Após 41 dias, a paralisação recorde poderia chegar ao fim já nesta quarta-feira, um desfecho potencial que aliviaria a tensão global. Essa perspectiva surgiu após o Senado americano, na segunda-feira, aprovar uma medida de financiamento temporária, que contou com o apoio de um grupo de oito senadores democratas centristas. A votação no Senado, com um placar de 60 a 40, aconteceu em meio a crescentes problemas como interrupções em voos, atrasos na entrega de auxílio alimentar e um clima de frustração generalizada entre os funcionários federais, muitos dos quais não receberam salários por mais de um mês. Nesse contexto, a negociação à vista de títulos do Tesouro americano foi suspensa nesta terça-feira devido ao feriado do Dia dos Veteranos, impactando momentaneamente a liquidez desse importante mercado.
Em relação às ordens do executivo, o então presidente Donald Trump, ainda na segunda-feira, determinou que todos os controladores de tráfego aéreo dos EUA retornassem imediatamente aos seus postos. Ele chegou a ameaçar com a redução de salários para aqueles que não cumprissem a determinação. Esses profissionais estavam sem remuneração desde outubro devido ao shutdown, resultando em significativos atrasos e cancelamentos de voos por todo o país. Trump ainda adicionou às suas ameaças a possibilidade de demissões e a promessa de bônus de US$ 10 mil para aqueles que persistissem no trabalho. O pacote orçamentário aprovado pelo Senado tem potencial para encerrar o shutdown, mas a legislação ainda dependia da aprovação da Câmara dos Representantes e, posteriormente, da assinatura presidencial para entrar em vigor. Adicionalmente, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos iniciou uma investigação sobre as principais empresas frigoríficas do país – JBS, Cargill, Tyson Foods e National Beef – por suspeitas de conluio e fixação de preços, conforme apurações do The New York Times. Essas quatro empresas detêm cerca de 85% do abate de gado americano. A investigação, impulsionada por críticas do ex-presidente Donald Trump, tem o potencial de reconfigurar o setor de carne bovina, apesar de tentativas anteriores de reduzir o domínio dessas companhias terem falhado.
Agendas e Políticas Nacionais
A agenda oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também esteve movimentada. Pela manhã, às 9h, o presidente realizou uma reunião com o chefe do Gabinete Pessoal da Presidência da República, Marco Aurélio Marcola, no Palácio da Alvorada. Às 10h, seguiu para um encontro com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, também na residência oficial. No período da tarde, às 14h40, Lula recebeu o secretário especial para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Marcelo Weick. Em seguida, às 15h, reuniu-se com o ministro da Educação, Camilo Santana. A agenda presidencial foi concluída às 16h com um encontro com o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho.
Ainda na seara governamental, a agenda do presidente do Banco Central, Gabriel Muricca Galípolo, teve lugar em São Paulo. Às 13h30, ele se reuniu com o CEO da Simpar S.A., Fernando Antonio Simões, e o vice-presidente da empresa, Denys Marc Ferre, para tratar de assuntos institucionais. Em sequência, às 14h30, Galípolo participou de uma audiência com representantes da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), também sobre temas institucionais. Às 15h30, encontrou-se com representantes do Institute of International Finance (IIF) e um grupo de investidores para debater a conjuntura econômica. Para encerrar o dia, às 18h45, o presidente do BC ministrou uma palestra para alunos do InFinance, organização estudantil de finanças do Insper. Todas essas atividades foram realizadas de forma privada, fechadas à imprensa. Paralelamente, o diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do Banco Central, Renato Dias de Brito Gomes, participou, na segunda-feira (11), às 13h45, da LiveBC “5 anos do Pix”, no Rio de Janeiro, evento transmitido pelo canal do Banco Central no YouTube.
No que tange às declarações econômicas de membros do governo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concedeu uma entrevista à CNN na qual teceu elogios à gestão de Gabriel Galípolo no Banco Central, apontando que ele tem atuado para coibir abusos no sistema financeiro. Contudo, Haddad reiterou suas críticas à taxa Selic de 15%, argumentando que existe espaço para que o Banco Central promova cortes nos juros. O ministro ainda enfatizou que parcela significativa do setor financeiro, incluindo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), compartilha sua avaliação quanto à necessidade de redução das taxas.
A atuação do Banco Central foi ainda mais além. Novas diretrizes foram estabelecidas para a regulamentação do mercado de criptoativos no Brasil, com implementação prevista para fevereiro de 2026. As empresas que desejam operar nesse segmento passarão a necessitar de autorização formal, além de serem obrigadas a manter os recursos dos clientes segregados dos seus próprios ativos. Tais instituições também deverão cumprir requisitos de capital mínimo que variam entre R$ 10,8 milhões e R$ 37 milhões. As normas recém-definidas abrangem também as operações com stablecoins e as transferências internacionais, enquadrando-as nas regulamentações do mercado de câmbio. O objetivo é aumentar a rastreabilidade e a segurança de todas as transações realizadas neste crescente setor financeiro. Para aprofundar-se nos detalhes das políticas e decisões do Banco Central, você pode consultar o site oficial da instituição.

Imagem: infomoney.com.br
Outras Notícias Relevantes no Brasil
Em outras frentes, as estimativas do governo apontam para um reajuste de 4,66% nas aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para aqueles que recebem acima do salário mínimo em 2026. Este índice é baseado no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) projetado para o ano de 2025. Os benefícios que equivalem ao piso previdenciário, por sua vez, seguirão o novo salário mínimo, que está previsto para alcançar R$ 1.631. Em consequência, o teto do INSS deve ser elevado de R$ 8.157,41 para R$ 8.537,55, conforme detalhado no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA).
No cenário internacional de meio ambiente, na abertura da Conferência das Partes (COP30), realizada em Belém, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um pronunciamento enfático, afirmando que o evento representa uma oportunidade crucial para confrontar e derrotar o negacionismo climático. O presidente criticou a ausência de alguns líderes mundiais e defendeu a necessidade premente de maiores investimentos em medidas de adaptação climática e na transição energética global. Lula justificou a escolha de Belém como sede da COP30 pela sua localização estratégica, visando ressaltar a relevância da Amazônia e solicitar aos delegados presentes que desfrutassem da rica culinária paraense, enriquecendo a experiência cultural da conferência.
No âmbito legislativo, o deputado Guilherme Derrite (PP-SP) previa a apresentação de uma nova versão do parecer do projeto de lei antifacção até o fim da segunda-feira, 10 de novembro. A nova proposta visa expandir as situações em que o patrimônio de empresas utilizadas pelo crime organizado pode ser alvo de bloqueio. O texto proposto mantém a equiparação de práticas armadas de facções criminosas ao terrorismo, com penas que variam de 20 a 40 anos de prisão. Contudo, o relatório de Derrite enfrentou críticas de parlamentares governistas, que alegaram riscos de insegurança jurídica e um possível enfraquecimento da Polícia Federal em sua capacidade de investigação. O deputado, por sua vez, refutou as acusações de modificações que enfraqueceriam a atuação federal e reafirmou que seu texto preserva as competências tanto federais quanto estaduais.
A controvérsia em torno do relatório de Derrite se aprofundou com uma intensa ofensiva do governo federal, buscando retomar a redação original do projeto de lei antifacção, que havia sido elaborado pelo Ministério da Justiça. A ministra Gleisi Hoffmann expressou a intenção de solicitar uma reunião com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para comunicar a preocupação do governo com o avanço da proposta de Derrite. As principais objeções residem na equiparação de crimes cometidos por facções ao terrorismo, com penas que poderiam alcançar até 40 anos de reclusão, e na suposta exclusão da Polícia Federal das investigações de organizações criminosas, a menos que haja autorização prévia dos governadores. Para Gleisi Hoffmann, essa medida poderia ser interpretada como uma forma de “blindar o crime organizado” e de enfraquecer significativamente a atuação da PF. O jornal O Globo noticiou que o Partido dos Trabalhadores (PT) estaria preparando uma estratégia nas redes sociais, com vídeos do ex-ministro Edinho Silva criticando o texto e alcunhando-o de “PL da blindagem”. No Palácio do Planalto, a determinação seria não negociar qualquer um dos itens propostos no relatório de Derrite, demonstrando a rigidez da posição governamental.
No espectro das nomeações estratégicas, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), comunicou que o presidente Lula se encontraria com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), nos próximos dias, antes de anunciar formalmente o nome indicado para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). O favorito para a indicação é o atual advogado-geral da União, Jorge Messias. Wagner indicou que o encontro entre Lula e Pacheco teria um caráter mais político, potencialmente relacionado a uma possível candidatura de Pacheco ao governo de Minas Gerais, do que propriamente centrado na discussão sobre a escolha para a mais alta corte do país.
Por fim, no universo corporativo, a Justiça do Rio de Janeiro proferiu a decisão de falência da Oi (OIBR3) na segunda-feira, 10 de novembro. No entanto, a determinação judicial incluiu uma autorização para a continuidade provisória das operações da companhia. Essa medida tem como propósito fundamental garantir a manutenção da conectividade para a população e para os órgãos públicos que dependem de seus serviços, em um esforço para minimizar os impactos sociais e operacionais da decisão. A falência foi decretada após a empresa admitir sua condição de insolvência e o descumprimento de seu plano de recuperação judicial. Em decorrência dessa situação, a B3 (B3SA3) anunciou a suspensão das negociações com os valores mobiliários da Oi a partir das 14h58 do dia 10 de novembro. A bolsa não forneceu detalhes específicos sobre os motivos que levaram à suspensão imediata, mas afirmou que a paralisação se alinha às normativas que visam preservar a transparência e assegurar o bom funcionamento do mercado. As ações da Oi (OIBR3) sofreram uma queda acentuada de 35,7%, sendo negociadas a R$ 0,18.
Adicionalmente, a MBRF (MBRF3), holding formada pela fusão da Marfrig com a BRF no setor de alimentos, divulgou um lucro líquido de R$ 94 milhões no terceiro trimestre, o que representa uma diminuição de 62% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Essa performance foi atribuída, principalmente, a um declínio nos resultados dos ativos herdados da BRF. A operação, que engloba o processamento de frangos e suínos, entre outros alimentos, continuou a sentir alguns efeitos do surto de gripe aviária, que teve seu registro inicial em maio no Brasil. Este evento resultou em embargos de diversos países, e a China, um dos maiores mercados para os produtos da BRF, só veio a reabrir suas importações em novembro.
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O dia se encerra com um panorama complexo e multifacetado, com a Ata do Copom reiterando a cautela monetária frente à inflação, o mercado financeiro brasileiro mostrando resiliência com recordes no Ibovespa e o cenário internacional de olho na resolução do shutdown americano. Para se manter atualizado sobre estes e outros desdobramentos da economia e da política, acesse a editoria de Economia do nosso blog e continue explorando as análises aprofundadas sobre o que movimenta o Brasil e o mundo.
Crédito da imagem: Agência Brasil, Reuters e Estadão Conteúdo