Investigações antidumping contra a China estão se proliferando globalmente, marcando um período de intensificação nas disputas comerciais e elevando a possibilidade de novos atritos, especialmente com mercados emergentes. A medida reflete o esforço de diversas nações para salvaguardar suas indústrias domésticas diante da concorrência dos produtos chineses a preços supostamente subcotados.
Segundo dados da Organização Mundial do Comércio (OMC), no primeiro semestre de 2025, foram abertas 79 investigações referentes a potenciais direitos antidumping e compensatórios visando mercadorias provenientes da China. Esse número representa um salto significativo em relação aos semestres anteriores; entre 2021 e a primeira metade de 2023, o volume de casos variou de 20 a 30 por período, disparando para 125 no segundo semestre de 2024. Essa escalada sublinha a crescente preocupação internacional com as práticas comerciais chinesas.
Investigações Antidumping China Elevam Atritos Comerciais
A prática de dumping comercial ocorre quando um país exportador vende produtos a preços artificialmente baixos em mercados estrangeiros, comparativamente aos praticados em seu próprio território. Para combater tal desequilíbrio, a nação importadora pode aplicar direitos antidumping, que visam nivelar os preços. Da mesma forma, os direitos compensatórios são empregados quando um governo subsidia produtos exportados, conferindo-lhes uma vantagem competitiva injusta. Ambas as medidas são amparadas pelas regras da OMC.
Expansão Global das Medidas Antidumping
Os Estados Unidos lideraram o movimento de novas apurações, iniciando 21 investigações focadas em exportações chinesas somente no primeiro semestre de 2025. A Índia figurou em seguida com 10 procedimentos. Contudo, a tendência se espalha, com economias emergentes de peso como México e Brasil registrando um número considerável de investigações semelhantes. Toru Nishihama, economista-chefe do Instituto de Pesquisa Dai-ichi Life, adverte: “Novas fricções podem surgir entre a China e os países do Sul Global”, indicando um cenário de tensões crescentes em escala global.
O Brasil, por exemplo, deu início a um processo de investigação contra produtos siderúrgicos de origem chinesa em junho. Paralelamente, em setembro, a Índia começou a apurar componentes de energia solar e capas para telefones celulares fabricados na China. No Japão, a partir de julho, o foco recaiu sobre chapas de aço inoxidável laminadas a frio e chapas de aço galvanizado, todos importados da nação asiática. Estes exemplos ilustram a diversidade de setores afetados e a amplitude geográfica das investigações.
Raízes do Excedente e a Reação Chinesa
Os parceiros comerciais da China temem que a nação esteja efetivamente “exportando deflação”. A teoria sustenta que, apesar da diminuição da demanda doméstica, agravada pela crise imobiliária interna, a China mantém uma capacidade produtiva robusta, destinando o excedente de suas mercadorias aos mercados externos a preços competitivos. Esta dinâmica resulta na queda dos preços unitários; estatísticas comerciais preliminares da Administração Geral de Alfândegas da China revelam que, entre janeiro e outubro, os preços de aproximadamente 68% dos 17 principais itens de exportação registraram declínio em comparação ao ano anterior. Essa proporção, que em 2023 se aproximou dos 70%, mantém-se em patamares elevados.
A administração do presidente chinês, Xi Jinping, tem tentado mitigar as pressões deflacionárias internas, procurando controlar a superprodução. Setores-chave como a indústria de veículos elétricos e a siderúrgica foram orientados a restringir reduções excessivas de preços, bem como o volume de produção e investimentos. No entanto, a demanda global e interna permanece fragilizada, indicando que a diminuição do excesso de exportações provavelmente levará tempo para se concretizar. Para mais informações sobre o contexto econômico e político chinês e suas implicações globais, um recurso valioso pode ser consultado no site da Organização Mundial do Comércio (OMC), que aborda os fundamentos do comércio internacional e as regras antidumping.

Imagem: Bloomberg via valor.globo.com
Crescentes Contramedidas e o Cenário Geopolítico
Historicamente, após a elevação das tarifas comerciais pela administração Trump nos EUA, a China se posicionou como uma defensora do livre comércio em nível global. Contudo, essa narrativa é desafiada pela crescente reação das economias emergentes, que, diante das exportações chinesas a preços baixos, têm implementado contramedidas. Muitos países recorreram à imposição de tarifas retaliatórias e outras barreiras comerciais, evidenciando uma mudança no panorama do comércio internacional.
Em julho, por exemplo, a Tailândia anunciou a aplicação de tarifas sobre ácido cítrico e outros bens importados da China. Da mesma forma, o Vietnã instituiu direitos antidumping sobre chapas de aço e diversos outros produtos chineses no mesmo período. Tais ações sugerem que Pequim pode estar inclinada a responder com tarifas semelhantes, acirrando o clima de disputa.
Uma ilustração recente dessa escalada ocorreu em setembro, quando a China classificou a carne suína e derivados da União Europeia como produtos submetidos a “dumping desleal”, exigindo dos importadores chineses um depósito que excede 60% do valor da importação. Essa medida é amplamente interpretada como uma retaliação direta às tarifas adicionais que a União Europeia havia imposto aos veículos elétricos fabricados na China, evidenciando um complexo jogo de xadrez no comércio mundial.
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Em suma, as investigações antidumping contra a China se intensificam, desenhando um cenário de complexidade crescente para o comércio global. A resposta de países emergentes e de economias consolidadas sinaliza a necessidade de equilibrar a proteção industrial doméstica com a manutenção de relações comerciais saudáveis, num contexto onde a superprodução chinesa encontra demanda externa em desaceleração. Para aprofundar seu entendimento sobre economia global e tendências de mercado, continue explorando nossas análises e notícias na editoria de Economia.
Crédito da Imagem: Valor Econômico
